A partir da prisão do leiturista Daniel Ramires, de 34 anos, terceirizado da Energisa, concessionária responsável pela distribuição de energia elétrica em 74 municípios de Mato Grosso do Sul, a Polícia Civil estima que o prejuízo, decorrente da “falsa” leitura que o funcionário realizava a pelo menos cinco anos, possa chegar a R$ 1 milhão.
Na manhã de hoje (13), a perícia técnica da polícia juntamente com o apoio da equipe da Energisa visitaram os locais indicados nas 41 contas de energia encontradas na residência do leiturista e constataram que as diferenças entre consumo real e o falso variava entre 20 mil e 60 mil kilowats.
“Nosso objetivo era constatar o desvio de energia e aferir o que o medidor estava marcando para fazer confronto com os dados na Energisa”, esclareceu o delegado da 5ª Delegacia de Polícia Civil, João Reis Belo.
De acordo com a polícia, os 41 “clientes” de Daniel eram mensalistas e chegavam a pagar entre R$ 50 e R$ 1 mil para que a quantidade de energia consumida fosse alterada. “Apesar da variação nos valores que Daniel recebia, a maioria das pessoas pagava entre R$ 100 e R$ 300 por mês. Mas identificamos um estabelecimento comercial que pagava R$ 1 mil para o leitor”, apontou o delegado.
O leiturista admitiu que as contas guardadas na residência era para controle próprio. “Todas estas pessoas estão sendo notificadas e devem ser ouvidas a partir da próxima semana. Hoje coletamos provas materiais para constatar a fraude”, pontuou João.
Ainda conforme o delegado, dentro de alguns dias a Energisa deve fornecer informações dos valores de diferença para se ter noção exata do montante financeiro que deixou de ser contabilizado. “Com certeza passa de meio milhão, podendo chegar a R$ 1 milhão”, pontuou.
À polícia Daniel afirmou que agia sozinho, porém, a concessionária deve verificar se mais leituristas agiam de forma semelhante. Os clientes do funcionário estão distribuídos por bairros como Vila Carvalho, Vila Jacy, Planalto, Aero Rancho, Tijuca, Piratinga, dentre outros comércio e residências espalhados pela região.
João Reis contou que Daniel estudava o consumidor e abordava os que apresentavam potencial a cliente. “Ele sentia a pessoa, quando via que dava para fazer a oferta, ele fazia”, frisou. O valor cobrado também dependia da quantia de energia consumida. Quanto maior o consumo, mais caro ele cobrava.
Pelo crime de corrupção ativa o condenado pode pegar de dois a 12 anos de prisão. A Energisa informou que já acionou a empresa terceirizada para que o leiturista imediatamente deixasse de atuar junto à concessionária.