Maioria das denúncias trata de péssimas condições de higiene e profissionais sem autorização para realizar os procedimentos estéticos
O número de denúncias contra clínicas de estética dobraram em Campo Grande, no período de dois anos. Conforme a Vigilância Sanitária, o aumento das denúncias está vinculado ao crescimento da busca pelos procedimentos.
Segundo dados divulgados pela prefeitura, em 2022 foram sete denúncias feitas na ouvidoria do Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto em 2024, de janeiro a novembro foram 16, mais do que o dobro.
No comparativo com o mesmo período do ano passado, quando foram 10 casos, o aumento representa aumento de 62,5%.
A maioria das denúncias trata das péssimas condições de higiene, falta de transparência na apresentação dos tratamentos e profissionais sem preparo e autorização para realizar os procedimentos.
A auditora fiscal de Vigilância Sanitária, Tatyana Weber Leite, disse que há 117 clínicas de estética registradas em Campo Grande e que o balanço não leva em conta as clínicas clandestinas.
Neste ano, foram realizadas 489 ações, entre inspeções e retorno dos fiscais aos estabelecimentos, que resultaram em 18 autuações, 13 apreensões e descartes de produtos e uma interdição.
“A interdição é para os casos mais graves, quando o local ou a sala usada não tem condições de atuação, como exemplo uma das clínicas que visitamos, que fazia o procedimento de lipoaspiração e não tinha pia para a lavagem das cânulas, sendo a mesma interditada”, explica a auditora.
Procedimentos malfeitos podem causar desde a hipersensibilidade no local da aplicação, reações inflamatórias, infecções, adoecimento, incapacidade e a morte, nos casos mais graves.
Conforme nota técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), esteticistas e cosmetólogos não podem utilizar medicamentos em suas atividades. O uso é restrito aos cosméticos e, com isso, esses profissionais são proibidos de realizar procedimentos invasivos, injetar substâncias, praticar atos cirúrgicos e prescrever medicamentos
Procedimentos comuns
Entre os procedimentos mais comuns estão os invasivos, que utilizam instrumentos ou substâncias aplicadas por meio de incisões, perfurações ou inserções, como a aplicação de botox, o preenchimento facial e os bioestimuladores de colágeno.
Tatyana Weber Leite chama a atenção ainda para outro tratamento, a soroterapia, que é o uso de substâncias aplicadas na veia do paciente.
“A soroterapia requer um cuidado redobrado porque somente profissionais habilitados podem prescrever o tratamento e aplicá-lo, nas nossas fiscalizações notamos que há a falta de equipamentos e materiais de emergência em caso de intercorrências, isso é muito grave”, alerta.
Dicas e cuidados
A vigilância dá algumas dicas de cuidados que o consumidor deve tomar na hora de escolher uma clínica para a realização do procedimento estético, sendo elas:
- Visitar o local antes para conferir as condições de higiene;
- Consultar se o local tem a licença de funcionamento da vigilância municipal;
- Verificar o registro da ANVISA nos cosméticos, medicamentos e substâncias utilizadas;
- Conferir a licença profissional de quem vai fazer o procedimento;
- Exigir que os profissionais que vão realizar o procedimento usem máscaras e luvas;
- Os frascos, ampolas e embalagens devem ser abertos na frente do paciente, que pode pedir para conferir os rótulos;
- Conferir a data de validade dos produtos;
- Verificar se o estabelecimento tem aparelho de refrigeração para guardar os produtos e substâncias.
Qualquer denúncia à vigilância sanitária do município pode ser feita pelo 0800 da ouvidoria do SUS: 0800 314 99 55
O consumidor também pode procurar os conselhos profissionais da cidade se quiser denunciar alguma prática que considera suspeita ou ilegal.