Suspeitas de possíveis envolvimentos à parte, os novos episódios serviram para azedar ainda mais o clima entre os proprietários de postos e Procon. Muitos donos de estabelecimentos foram acusados de aumentos abusivos no preço do etanol, aproveitando o momento de transição da entrada em vigor das novas alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS). O governo do Estado majorou a alíquota da gasolina e reduziu a do etanol para que a diferença de preços entre os dois gerasse maior competividade. Mas, em muitos locais o álcool acabou também tendo os seus valores aumentados.
Em decorrência disso, após notificar 130 postos na Capital e alguns no interior, Marcelo Salomão acionou o Ministério Público Estadual para auxiliar na fiscalização quanto a eventual desrespeito ao Código de Defesa do Consumidor e na relação de consumo. Ele entregou cópias das notificações expedidas para que as revendedoras de combustíveis apresentem documentações para a verificação quanto aos preços praticados nas vendas.
O documento ao MPE aponta ainda que não houve redução nos preços do etanol na mesma proporção do reajuste da gasolina, mesmo tendo governo reduzido o ICMS de 25% para 20%. Durante ação do Procon e Delegacia do Consumidor foram encontradas dezenas de unidades de produtos vencidos expostos à venda ao consumidor.
Por tudo isso, os episódios agravaram o relacionamento entre as partes envolvidas na demanda. Agora, o superintentente relata ter sido perseguido duas vezes por uma moto preta e recebido ligações misteriosas originadas de Ponta Porã. Com medo de que sua vida possa estar sob risco, ele registrou um boletim de ocorrência policial. Não bastate isso, o Procon teria sido alvo de furto na madrugada desta quinta-feira. Apenas o computador que continha dados da pesquisa de preços feita em todos os postos de combustível de Mato Grosso do Sul foi levado.
Em meio às suspeitas, cabe agora à polícia e ao Ministério Público chegarem aos responsáveis tanto por um caso quanto por outro. Uma coisa está evidente: a situação precisa ser investigada à fundo.