Depois de muitas reclamações vindo das ruas, ou melhor, dos postos, a Polícia Civil e o Procon decidiram tirar a Lei de Crimes contra Economia Popular (Lei 1.521/51) da gaveta e ir para cima dos proprietários de postos de combustíveis que estariam aproveitando a transição de novas alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) para aumentar, injustificada e abusivamente, os preços, especialmente do etanol.
O governo do Mato Grosso do Sul decidiu aumentar a alíquota de imposto da gasolina e reduzir a do etanol para que este produto pudesse ganhar mais competitividade e consumo. Contudo, muitos estabelecimentos de Campo Grande e do interior do Estado aumentaram os preços do etanol para que a margem de vantagem não existisse, o que gerou uma chuva de reclamações.
Nesta quinta-feira, a Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo (Decon) abriu inquérito contra o primeiro dono de posto, com base na Lei de Crimes contra Economia Popular, pelo aumento abusivo. Outros estabelecimentos deverão ter o mesmo destino.
Junto a isso, a Polícia Civil investiga uma possível formação de cartel, onde os empresários teriam combinado a manobra, mas diferenciando os valores para tentar escapar da alegação de cartelização. Além da Lei de 1951, o Procon anunciou estar realizando averiguações e ao lado da polícia aplicará o Código de Defesa do Consumidor, uma vez que a majoração de preços sem motivo justificado é um crime nas relações de consumo.
Toda essa confusão trouxe à tona, mais uma vez, a discussão sobre a possibilidade de liberação da venda direta de etanol, dos produtores aos postos de combustíveis. Para os defensores da proposta, a medida pode diminuir preço para o consumidor. O governo estuda uma mudança tributária capaz de abrir caminho para essa alternativa. Um coisa é certa: se for para acabar com os ganhos altos da intermediação e melhorar a concorrência e os valores cobrados na bomba, é bem-vinda.