A nualmente em dias de Carnaval, percebem-se exageros crescentes por parte de uma parcela de foliões que não sai de casa para brincar, para ter momentos de descontração pública, mas, sim, para o cometimento de abusos em nome de uma falsa alegria. Além de danos ao patrimônio público, o que sempre ocorre, agora são os comerciantes que estão contabilizando prejuízos com roubos e vandalismo em lojas do centro de Campo Grande, região em que ocorreu o Carnaval de rua no fim de semana. Lojas de móveis, livrarias, confecções e outros tipos de estabelecimentos foram alvos de delinquentes.
Por óbvio, alguém vai ter de pagar essa conta. E na incerteza de quem são os responsáveis diretos pelos danos sofridos, a intenção dos lojistas é propor ações judiciais contra o município. Afinal, tais resultados já estavam previstos desde o ano passado e, mesmo assim, o poder público insistiu em manter a festa sem as devidas precauções, como policiamento suficiente e outras cautelas. Comerciantes insistem que todo ano é a mesma coisa. Por isso, está na hora de responsabilizar a prefeitura, como organizadora dessas festas, pelos danos.
Em 2019, pelo menos 20 lojistas tiveram prejuízos em decorrência da ação de vândalos, que chutaram e amassaram portas, picharam fachadas e quebraram vitrines.
Não bastassem os exageros contra o comércio, a Festa de Momo também deixou à mostra os exageros pessoais. Plantão montado na Esplanada Ferroviária durante o desfile de blocos carnavalescos, por exemplo, atendeu cerca de 35 crianças e adolescentes por abuso de álcool e drogas apenas nos dois primeiros dias de folia no centro da Capital.
O pior é que é bem provável que esse número seja ainda maior, já que ele não abrange atendimentos realizados em plantão montado na Avenida Fernando Corrêa da Costa. E a maioria esmagadora dos casos envolveu meninas. Um menino de apenas 12 anos necessitou de atendimento médico pela ingestão de álcool (e talvez de drogas). Ou seja, bebidas foram vendidas ou compartilhadas livremente com menores. Quem fiscalizou? Quem reprimiu? Pelo jeito, ninguém. E isso não é de hoje. No ano passado, somente o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) atendeu mais de 120 adolescentes. Em todas as ocorrências, eles estavam embriagados e alguns ainda apresentaram sinais de coma alcoólico.
Tudo isso deixa evidente que muita coisa ainda precisa ser corrigida para que o Carnaval seja realmente uma festa, e não uma oportunidade para exageros e abusos de toda espécie.