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OPINIÃO

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Daniel Medeiros: "Os jovens e a democracia"

Doutor em Educação Histórica e professor

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Votei pela primeira vez aos dezoito anos, em 1982, mas já militava politicamente desde os quinze. Como a maior parte dos jovens da minha geração, o tema principal da militância era a volta da democracia. O Brasil amargava o fim de um regime militar que tirou a liberdade das pessoas, matou centenas delas por defenderem essa liberdade roubada e ainda entregou o País em frangalhos, com uma crise econômica que levou mais de uma década sugando nosso futuro e as chances de prosperidade da nação. E os jovens como eu queriam um país melhor, livre e próspero. Mesmo sem entender direito como fazer isso, nossa percepção é que melhorias ocorreriam na esteira de mudanças – e mudanças implicavam liberdade, transparência e responsabilidade com os sonhos das pessoas.

Hoje, os jovens, de maneira geral, querem distância da política. Muitos declaram o desejo do fim da política, como se então os problemas do País passassem a ser resolvidos por mágica ou geração espontânea. Mas são jovens – como eu fui – que não entendem direito como fazer as coisas. As perspectivas nesse fim de segunda década do século 21 são bem diferentes de 40 anos atrás. Eu queria emprego e hoje deseja-se empreender; eu queria salário e hoje a ambição é se tornar um unicórnio; eu queria um futuro e hoje o importante é um presente estendido; eu queria reconhecimento e hoje o negócio é ter fama, ser conhecido; eu queria estabilidade e hoje se quer aventura; eu queria casar e ter filhos e os jovens de hoje, nem pensar.

O filósofo francês Michel Maffesoli descreve os dias de hoje como “uma época de hedonismo latente, que dá ênfase ao aspecto qualitativo da existência, à relação com o meio ambiente e a ecologia. Época que faz com que a criação seja mais importante que o trabalho ou que, ainda, destaque a importância do corpo (na moda, no esporte, na cosmética) como elemento do ‘corpo social’. Época, enfim, que considera que o desenvolvimento do festivo e do lúdico não é mais apenas um lado frívolo da existência, mas seu elemento social”.

Atrair os jovens para a política é o desafio da minha geração. Entendo política como o exercício que fazemos em um espaço público em que todos podem falar e no qual a vontade da maioria define provisoriamente as ações a serem concretizadas, mas a fala não se encerra nunca, em um movimento incompleto e dinâmico de argumentos e formações de consenso e decisões coletivas. O problema é que para atrair os jovens, não parece fazer mais sentido usar os argumentos da minha época nem o argumento dos anos 1960 ou ainda os argumentos do século 19. Antes, precisamos compreender o sonho dessa geração, a percepção imaginária que eles possuem do futuro e afinarmos nosso discurso (e nossas práticas) para criarmos harmonias intergeracionais.

O silêncio ou a repulsa dos jovens não é um traço definitivo do caráter deles, muito menos as posturas nostálgicas e conservadoras que, aliás, reflete muito mais a nossa incapacidade de motivá-los para uma nova utopia do que uma atitude refletida da parte deles. Como lembra Maffesoli: “Não é a primeira vez que se abre um fosso entre as elites e o povo, mas são inúmeros os que podem e querem dedicar-se a preenchê-lo. É preciso saber mobilizá-los. Para isso, é preciso criar um laboratório de ideias não mais focado sobre a economia e a dimensão política, mas naquilo que constitui o lençol freático de toda vida social: o imaginário, cimento autêntico do estar junto”.

Lembro-me de ter escrito, na vitória de Tancredo, referindo-me às manifestações populares, que as pessoas não estavam comemorando a vitória em uma eleição indireta de um político septuagenário. Estavam comemorando a possibilidade de ter um país mais moderno, mais honesto, mais livre, mais afetivo, mais promissor. Sempre comemoramos a chance de vivermos melhor. A política precisa recuperar essa capacidade de se vincular a esses sonhos. Ou então as ditaduras o farão. 

Claudio Humberto

"Não dá mais para esconder o elefante atrás do arbusto"

Senador Carlos Portinho (PL-RJ) sobre denúncias de censura no Brasil feitas nos EUA

20/04/2024 07h00

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'É o pior dos governos Lula', alerta Osmar Terra

Ex-ministro e deputado federal há quase 30 anos, Osmar Terra (MDB-RS) avaliou o terceiro mandato do presidente Lula (PT) como "o pior dos governos Lula". Em entrevista ao podcast Diário do Poder, no ar a partir deste sábado (20) no YouTube, o gaúcho afirmou que o petista promove "descaminho" na economia e "está muito mal assessorado". Disse ainda que Lula poderia ter promovido a pacificação política, como chegou a afirmar na campanha, mas ao invés disso "acirra" a polarização.

Acirramento

"Toda vez que abre a boca, fala mal do [ex-presidente Jair] Bolsonaro", criticou o deputado que foi ministro nos governos Temer e Bolsonaro.

Intento

"Parece proposital, para manter a polarização", analisou Osmar Terra sobre as críticas perenes de Lula ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Sem resultados

"Não estou vendo resultados concretos para a saúde pública brasileira na gestão (Nísia Trindade, no Ministério da Saúde)", afirmou Terra.

Perigo

Em relação às tensões entre o Legislativo e Supremo Tribunal Federal, Terra disse que "se passa dos limites, pode se tornar incontrolável".

PEC antidrogas 'some', mas vai passar na Câmara

Deputados desconfiam que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que criminaliza a posse de qualquer quantidade de drogas vai tramitar a passos de tartaruga na Câmara. Maurício Marcon (Pode-RS) estranha o sumiço da PEC desde a aprovação no Senado, "essa semana nem sequer comentamos". A avaliação geral, mesmo na base de Lula na Casa, é de que o texto vai ser aprovado. "Vai passar tranquilo, pode apostar", crava o vice-líder do governo, deputado José Nelto (PP-GO).

De lavada

No Senado, mesmo aliados de Lula, que é contra o projeto, votaram pela aprovação. O placar ficou em 52 a 9, com larga maioria para criminalizar.

Cenário adverso

Líder da Frente Evangélica, Eli Borges (PL-TO) crê na aprovação, mas com "cenário mais adverso", "aqui vamos ter trabalho", avalia.

Chá de sumiço

Kim Kataguiri (União-SP) diz que nem mesmo ouve-se falar sobre o tema na Câmara, "não sei nem se o [Arthur] Lira pauta. Vamos ver."

Justiça vai decidir

Virou representação na Justiça contra Vinicius Marques de Carvalho (CGU) o contrato entre a Novonor, ex-Odebrecht, e escritório de advogados do ministro. O Partido Novo vê conflito de interesse no caso.

Morte, impostos e...

Relator e principal defensor do Projeto da Censura (PL 2630) no Lula 3, o deputado Orlando Silva (SP), do Partido Comunista do Brasil, chamou de "inevitável" a regulação das redes sociais.

Recados

Até mesmo os indígenas resolveram dar um chega pra lá em Lula, que tem visto a popularidade do governo derreter. O petista não foi convidado para o principal ato indígena em Brasília, o Acampamento Terra Livre.

Bomba Pacheco

Problema para Estados e União: será do ministro Fernando Haddad (Fazenda) a missão de convencer senadores a vetarem o quinquênio, penduricalho bilionário para juízes inventado por Rodrigo Pacheco.

VAR Musk

Deltan Dallagnol, um dos principais procuradores da Lava Jato, fez longo apelo, em inglês, ao dono do X, Elon Musk. O ex-deputado denunciou o processo que cassou seu mandato e mais de 344 mil votos, em 2023.

Engana bobo

Reunião de emergência de Lula com ministros para acertar os rumos do governo, nesta sexta (19), foi vista com ceticismo por parlamentares. "Agora vai? Até parece!", duvidou a senadora Tereza Cristina (PP-MS).

Viagem, luxo

A Câmara vai convocar a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) para explicar a gastança com viagens mundo afora. Teve até passagem de R$54 mil, denuncia o deputado Kim Kataguiri (União-SP).

Checagem

Publicação de Sâmia Bomfim (Psol-SP) na rede social X recebeu alerta de que poderia "induzir o leitor" ao erro ao tentar associar a Starlink, que leva internet a locais remotos da Amazônia, ao garimpo ilegal.

Pensando bem...

...meio acerto é meio erro.

PODER SEM PUDOR

Reunião espírita

Leonel Brizola confiou ao economista Marlan Rocha a missão de percorrer o interior do País para organizar o PDT, que acabara de fundar. Ao chegar em Barreiras, na Bahia profunda, Marlan procurou um militante getulista histórico, Aluízio Mármore, e pediu para organizar uma reunião com velhos trabalhistas das redondezas. Mármore apenas sorriu: "Amanhã cedo pego você no hotel e vamos ao cemitério. Estão todos lá."

 

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ARTIGO

Vacinação: um pilar da saúde

18/04/2024 07h30

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Entre os muitos desafios enfrentados pelo sistema de saúde no Brasil, as estratégias de imunização se destacam como um pilar fundamental para a prevenção de diversas doenças. Reconhecer a relevância deste assunto e informar sobre a vacinação são ações essenciais para garantir o bem-estar coletivo e evitar novas epidemias e mais mortes.

Esta mobilização é urgente. Segundo dados do IBGE, mais de 60% dos municípios brasileiros não conseguiram atingir a meta de cobertura vacinal estabelecida pelo Ministério da Saúde em 2023. Este déficit é especialmente alarmante quando falamos das vacinas administradas durante o primeiro ano de vida, para a proteção dos bebês.

Um dos principais obstáculos para alcançarmos a taxas ideais de vacinação é a disseminação de informações incorretas e falsas, as fake news, amplificadas pelas redes sociais. Teorias infundadas e mitos sobre os efeitos colaterais das vacinas e de outros medicamentos têm afastado muitos brasileiros da imunização, comprometendo seriamente as estratégias de saúde pública.

Mais do que nunca, as informações claras e objetivas devem ser o propósito de todas e todos que trabalham pela Educação em Saúde em nosso país.

Diante desse cenário, iniciativas da sociedade civil desempenham um papel vital no apoio à incorporação de novas vacinas no Sistema Único de Saúde (SUS). A recente inclusão do imunizante contra a dengue é um exemplo do impacto positivo que a mobilização social pode ter na ampliação do acesso à prevenção e tratamento de doenças.

A Colabore com o Futuro, primeiro negócio social criado para atuar com advocacy em saúde da América Latina, trabalhou ativamente para a inserção da vacina contra a dengue no sistema público de saúde. O mesmo empenho está sendo colocado para a inclusão da vacina contra a Influenza Quadrivalente no Programa Nacional de Imunização (PNI), visando a proteção de pessoas com 80 anos ou mais. Além disso, defendemos a implantação da vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), uma medida fundamental para prevenir infecções respiratórias em recém-nascidos e crianças.

Devemos fortalecer os esforços de conscientização e educação sobre a importância da vacinação e lutar contra a desinformação. Por meio das consultas públicas, um processo simples de participação popular nas decisões estratégicas em Saúde, é possível opinar e contribuir para definição do que vai ser oferecido pelo SUS e pelos planos particulares.

A saúde é um direito básico de todos os cidadãos, e a imunização é uma ferramenta poderosa para proteger indivíduos e comunidades contra doenças evitáveis. Juntos, podemos construir um futuro mais saudável para o Brasil.

 

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