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Bets pagarão mais imposto e LCI e LCA deixarão de ser isentos

Medidas, anunciadas após reunião de quase seis horas entre o ministro Fernando Haddad e lideranças políticas, são para compensar redução do IOF

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Depois de quase seis horas de reunião com lideranças do Congresso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou, no final da noite deste domingo, 8, um acordo para reduzir o impacto da tributação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), e compensar essa perda de arrecadação com aumento de taxação das bets e outras medidas sobre o sistema financeiro.

O ministro afirmou que o governo vai apresentar, em paralelo, medidas para reduzir em 10% os gastos tributários infraconstitucionais, além de propostas para cortar despesas primárias, que serão fruto de uma nova reunião.

"Dividiria o que conversamos em quatro temas conjugados. Uma Medida Provisória que vai disciplinar matérias de arrecadação, que visa basicamente o mercado financeiro. Além disso, uma recalibragem do decreto do IOF, medidas de gastos tributários e também de gastos primários", afirmou o ministro.

Segundo Haddad, o novo decreto vai recalibrar a cobrança do IOF, que irá arrecadar cerca de um terço do projeto original, enquanto uma Medida Provisória será editada para repor as perdas

"A Medida Provisória vai nos permitir recalibrar o decreto do IOF, fazendo com que a sua dimensão regulatória seja o foco da nova versão, e nós possamos reduzir as alíquotas do decreto original, que vai ser reformado conjuntamente. Os dois temas vão ser tratados juntos, porque por lei eu preciso dessa compensação", disse Haddad.

A MP prevê a tributação de títulos hoje isentos, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), com alíquotas de 5%; e aumento da taxação sobre as bets, que passará de 12% para 18% do rendimento bruto das apostas. Além disso, a CSLL deixará de ter a alíquota padrão de 9% e passará a operar apenas com as alíquotas mais altas, de 15% e 20%.

"Os títulos deixarão de ser isentos mas continuarão bastante incentivados. A isenção criava distorções, inclusive na rolagem da dívida pública. A diferença de zero, como é hoje, para 17,5%, de outros títulos, vai ser reduzida. Vai ser 5%. Todos os isentos passarão a ter essa cobrança", afirmou o ministro.

Haddad explicou que a alíquota de 18% sobre o Gross Gaming Revenue (GGR) das bets era a proposta original da Fazenda, quando a regulamentação do setor foi encaminhada ao Congresso.

"O GGR é a diferença entre o que se paga de prêmio e o que se arrecada de aposta. Os 18% eram nossa alíquota original", afirmou.

Sobre a CSLL, Haddad afirmou que a alíquota menor, de 9%, será eliminada.

"Vai haver uma aproximação das alíquotas dos bancos de todas as instituições financeiras. Hoje, elas pagam três alíquotas, pensando em Contribuição Social Sobre Lucro Líquido. A de 9% não vai existir mais. Vai ficar ou 15% ou 20%."

O ministro pontuou, contudo, que o acordo ainda será validado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que volte de viagem da França na noite desta segunda-feira.

"Terça de manhã submeto ao presidente o que foi acordado aqui, disse Haddad".

IOF sobre risco sacado cairá 80%

De acordo com o ministro, a redução do IOF terá efeito grande sobre a operação de "risco sacado". Essa é uma operação que acontece quando fornecedores pequenos e médios tomam empréstimos nos bancos tendo como garantia vendas feitas a grandes empresas. A cobrança de IOF vinha sendo motivo de fortes reclamações do setor produtivo.

"O risco sacado vai ser o IOF mais afetado pela MP. A parte fixa do risco sacado desaparece e foi recalibrada a cobrança do diário para manter coerência com todo o sistema de crédito da forma como ele é tributado hoje", disse Haddad.

Apresentação da equipe econômica feita aos parlamentares apontou que haverá uma redução de 80% na cobrança de IOF, em relação ao decreto original do governo.

Nova reunião para gastos primários

Haddad afirmou que haverá medidas para reduzir 10% dos gastos tributários infraconstitucionais, mas não deu detalhes sobre que programas poderão ser atingidos, e que uma nova reunião será marcada, para discutir projetos que possam reduzir os gastos primários.

"A questão do gasto primário, tem muitas medidas que já mandamos para o Congresso. Tem outras que estão em tramitação. Outras que foram consideradas por alguns parlamentares, mas que não falavam em nome do todo. Então combinamos de fazer nova reunião sobre gasto primário, mas já tendo retorno das bancadas".

O ministro destacou que a decisão foi resultado de uma reunião "histórica" com os líderes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos) e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil).

"Foi uma reunião muito aberta, muito franca, muito produtiva e com um grau de maturidade muito grande para enfrentar os temas que estão colocados", afirmou Haddad.

Motta, por sua vez, falou sobre o incômodo gerado inicialmente pelo decreto do IOF e ressaltou o esforço conjunto entre o Executivo e o Legislativo para construir uma solução.

"O governo todo é ciente que esse decreto do IOF causou um grande incômodo no Congresso Nacional, tanto na Câmara como no Senado, o ambiente se tornou muito adverso a essa medida e nós colocamos que essa medida precisaria ser revista [...] é importante registrar que isso só foi possível graças a esse trabalho que nós fizemos junto ao Ministério da Fazenda e para resolver a situação das contas públicas de 2025", disse.

Para Alcolumbre, "o simbolismo da reunião vai nos nortear" a relação que desejam estabelecer com o Executivo. Segundo ele, o Legislativo "não se importará de debater todos os temas, mesmo aqueles espinhosos do ponto de vista partidário, político ou até mesmo eleitoral".

"Nós queremos um futuro promissor, queremos o equilíbrio das contas públicas, diminuir o gasto do Estado brasileiro, mas queremos rever os benefícios e gerir tudo aquilo que for possível", concluiu Alcolumbre.

A discussão sobre alternativas ao aumento do IOF vem em meio à pressão do governo para manter o compromisso com o novo arcabouço fiscal. A proposta de elevar o imposto havia sido incluída como solução para cobrir uma possível perda de arrecadação provocada pela desoneração da folha de pagamento, mas enfrentou forte resistência do Congresso.

Resumo das quatro medidas 

- MP para compensar a arrecadação com o recuo do IOF.

- Novo decreto para recalibrar a cobrança de IOF em um terço do projeto original.

- Proposta para rever 10% das isenções tributárias infraconstitucionais.

- Nova reunião para discutir redução de gastos primários.

Brasil

Buscas por brasileiro desaparecido em montanha no Peru são paralisadas

Montanhista, fotógrafo e guia brasileiro, Edson Vandeira começou a escalar a montanha com outros dois peruanos, Efraín Pretel Álonzo, da cidade de Huari, e Jesús Huerta Picón, de Caraz

13/06/2025 21h00

Buscas por brasileiro desaparecido em montanha no Peru são paralisadas

Buscas por brasileiro desaparecido em montanha no Peru são paralisadas Divulgação

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A Associação de Guias de Montanhas do Peru (AGMP), que ajuda nas buscas pelo fotógrafo brasileiro Edson Vandeira Costa, de 36 anos, informou nesta quinta-feira, 12, que os trabalhos de salvamento do escalador tiveram que ser interrompidos por causa das condições climáticas da região.

O jovem e outros dois peruanos estão desaparecidos desde 29 de maio, quando começaram uma escalada do Nevado Artesonraju (pico de 6.025 metros) na Cordilheira Blanca, dentro do Parque Nacional Huascarán, no Peru. O trio deveria ter retornado no dia 1° de junho.

Em comunicado, a associação informou que a pausa temporária foi estabelecida por causa de condições "climáticas adversas e instáveis" na área da montanha. A previsão é de que as buscas sejam retomadas em torno de 20 dias, quando "as condições climáticas permitirem a continuidade dos trabalhos", informou a AGMP.

Montanhista, fotógrafo e guia brasileiro, Edson Vandeira começou a escalar a montanha com outros dois peruanos, Efraín Pretel Álonzo, da cidade de Huari, e Jesús Huerta Picón, de Caraz. Os três são alunos do Centro de Estudos de Alta Montanha (CEAM) e foram aspirantes a guia da Federação Internacional de Associações de Guias de Montanha. Eles pretendiam completar uma rota técnica de ascensão.

A interrupção das buscas, no entanto, agrava ainda mais a situação de risco e diminui as chances de encontrar os três montanhistas com vida. A região é de difícil acesso e caracterizada por apresentar condições climáticas severas.

As buscas têm contado com o apoio de voluntários e das autoridades peruanas. Uma vaquinha foi realizada para arrecadar fundos para ajudar nas buscas, mas, segundo parentes e amigos de Edson, a situação exige maior sofisticação logística no resgate, como uso de helicópteros especializados para varreduras aéreas em pontos críticos.

Em carta aberta a Vandeira, o amigo e também fotógrafo Gabriel Tarso, diz em tom de despedida sobre a falta que o brasileiro fará. "Foi bonito demais ver tanta gente se movendo por você. Você foi - e é - muito amado. A montanha não te levou sozinho. Levou um pedaço da gente também", diz trecho da carta de Tarso, publicada nas redes sociais.

Segundo relatos de colegas dos montanhistas, o trio partiu às 13h de quinta-feira, 29 de maio, e deveria chegar ao cume da montanha por volta de 1h da sexta-feira, 30.

Conforme esses montanhistas, durante a noite foram vistas luzes se movimentando na crista da montanha, o que sugere que o trio chegou ao cume, mas pode ter tido algum problema durante a descida. A rota de descida do Artesonraju exige quatro rapeis técnicos.

Diante da falta de notícias, uma equipe especializada de resgate, em coordenação com a Polícia de Alta Montanha, começou a trabalhar para encontrá-los. A barraca onde o grupo deveria ter se abrigado foi localizada, mas estava vazia.

Nesta semana, a família do montanhista publicou uma carta ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o Itamaraty, pedindo apoio para tentar localizar o jovem, e citando a gravidade da situação.

"O governo brasileiro tem o dever de atuar rapidamente para garantir todo o suporte possível. Cada minuto perdido reduz as chances de um desfecho positivo, e não podemos permitir que a burocracia ou a falta de ação comprometam vidas. É urgente que esta situação seja tratada como prioridade absoluta", diz parte do comunicado.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, por meio da Embaixada do Brasil em Lima, disse que acompanha com atenção o caso e está em contato com a família do brasileiro, a quem presta assistência consular, e as autoridades locais, que coordenam os esforços de busca.

preconceito

Magistrado diz que autista 'deixa de ser filho'; OAB reage

Segundo o desembargador, há uma "epidemia" de diagnósticos de autismo que, segundo ele, se transformou em uma "mina de enriquecimento de médicos"

12/06/2025 07h34

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A Ordem dos Advogados do Brasil no Pará prepara minuta de uma petição que deverá ser levada ao Conselho Nacional de Justiça com pedido de medidas sobre a conduta do desembargador Amilcar Roberto Bezerra Guimarães, do Tribunal de Justiça do Estado.

Durante uma sessão de julgamento sobre pensão alimentícia para uma criança autista, na semana passada, o desembargador declarou que há uma "epidemia" de diagnósticos de autismo que, segundo ele, se transformou em uma "mina de enriquecimento de médicos".

O Estadão pediu manifestação de Guimarães, inclusive por e-mail enviado ao seu gabinete, mas não houve retorno. Para o desembargador, criança com síndrome de transtorno do espectro autista (TEA) "deixa de ser filho e passa a se tornar um transtorno, inviabilizando a vida do pai".

Ele criticou a fixação de valores elevados. No julgamento sugeriu, ainda, que a mãe da criança poderia estar sendo induzida ao pedir 25% de pensão sobre os salários do pai. Segundo ele, "não há melhora (com o tratamento), nunca vão dizer que (o paciente) está curado e manter essa vaca leiteira por um bocado de tempo".

Guimarães ainda debochou. "Se a moça tivesse se casado com Antônio Ermírio de Moraes não teria esse tipo de problema", disse, em alusão ao empresário morto em 2014.

Reação

A fala do magistrado provocou imediata reação da OAB paraense. "O Poder Judiciário tem o dever de evitar a reprodução de estereótipos discriminatórios, assegurar tratamento igualitário entre homens e mulheres e combater as violências estruturais e simbólicas", disse a entidade.

Ela considera que Guimarães usa "expressões que atentam contra os direitos das crianças, das mulheres e das pessoas com deficiência".

Por meio de nota pública, a OAB repudia a manifestação do desembargador. "Por uma Justiça protetiva e responsável", pede a Ordem. A entidade defende ainda "decisões comprometidas com os direitos da criança e livres de estigmas e generalizações".

Com o apoio técnico das Comissões de Autismo, Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, da Mulher Advogada, de Direitos Humanos, de Direito Médico e dos Profissionais da Saúde, da Criança e do Adolescente e do Direito das Famílias e Sucessões, foram elaborados um requerimento de providências ao Conselho Seccional da OAB-PA e uma minuta que será apresentada ao Conselho para ser aprovada e, em seguida, encaminhada ao CNJ "em nome de toda a advocacia".

O presidente e a vice da Seção Pará da OAB, Sávio Barreto e Brenda Araújo, foram recebidos pela presidência do Tribunal de Justiça para "discutir a gravidade do ocorrido e cobrar providências para que a fala (do desembargador) não se repita".

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