Brasil

corrupção sistêmica

Nova ação da PF faz buscas em MT e afasta juiz

Segundo a PF, a meta é aprofundar as investigações sobre possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a negociação de decisões judiciais

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Em mais uma etapa da Operação Sisamnes, que apura a suspeita de venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ), endereços no Estado foram vasculhados e um juiz foi afastado, nesta quinta-feira, 29.

Segundo a Polícia Federal, esta 8.ª fase da ofensiva busca aprofundar as investigações sobre possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a negociação de decisões judiciais.

A operação foi autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que conduz o caso na Corte. Ele determinou o afastamento do juiz Ivan Lúcio Amarante, da comarca de Vila Rica, município com cerca de 20 mil habitantes a 1.320 quilômetros de Cuiabá.

Zanin autorizou ainda o sequestro de bens e contas dos investigados até o limite de R$ 30 milhões e mandou recolher passaportes.

Amarante já estava fora das funções desde outubro do ano passado por ordem do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Na última terça-feira, 27, o órgão abriu um processo contra o juiz no âmbito administrativo.

O Estadão procurou o juiz via assessoria do TJ-MT, mas não houve resposta até a noite de ontem. Em defesa prévia ao CNJ, Amarante negou interferências em suas decisões e disse não haver provas de que tenha recebido propina.

A nova etapa da Sisamnes ocorreu um dia após a prisão de cinco suspeitos de envolvimento no assassinato do advogado Roberto Zampieri, o "lobista dos tribunais", peça-chave na investigação. Os detidos, segundo a PF, integrariam o "Comando 4", grupo que planejaria a execução de autoridades sob encomenda.

Morto a tiros em dezembro de 2023, em Cuiabá, Zampieri teria repassado propinas a Amarante e, em troca, segundo as investigações, o magistrado manteria uma relação de "subserviência" com o advogado. Conforme o CNJ, "Zampieri pautava a conduta do juiz, indicando os pedidos que deveriam ser ou não acolhidos e as teses jurídicas que deveriam ser por ele adotadas".

Além disso, conseguia "atendimento célere e por meios não convencionais, com acesso ao telefone pessoal do magistrado" O processo disciplinar contra Amarante no CNJ afirma ainda que, por meio do juiz, os interesses de Zampieri eram "invariavelmente consagrados".

Próximos

Diálogos entre Zampieri e Amarante foram determinantes para o afastamento do magistrado. Para Zanin e o corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell, as mensagens indicam uma relação muito próxima.

As conversas foram encontradas depois da execução de Zampieri, na porta de seu escritório de advocacia, na capital de Mato Grosso. O celular do advogado foi deixado na cena do crime. Em busca de pistas sobre o assassinato, a Polícia Civil identificou diálogos que levantaram suspeitas.

Na avaliação do CNJ, havia "proximidade incomum, atendimento pelas vias não convencionais e indevida ingerência de advogado na atividade do magistrado". "O contexto dos diálogos, a frequência das interações e os termos utilizados deram corpo a um panorama abrangente de efetiva influência do causídico na atividade jurisdicional do magistrado, muito possivelmente em razão do pagamento de vantagens indevidas para a prolação de decisões judiciais", afirmou o corregedor.

A "submissão" do juiz ao advogado ficou expressa em várias comunicações, de acordo com os investigadores da Operação Sisamnes. "Vou ver se resolvo isso aí ainda hoje", afirma Amarante em um dos diálogos com Zampieri.

Em outra conversa, em outubro de 2023, o juiz orienta o advogado a burlar as normas de distribuição de petições para que ele próprio analise e atenda aos pedidos de Zampieri que já tinham sido negados por um juiz plantonista. "O resto deixa comigo, kkkk", diz Amarante.

SOBERANIA

Bolsonaro liga recuo de Trump no tarifaço a anistia que o beneficiaria

"Em havendo harmonia e independência entre os Poderes nasce o perdão entre irmãos e, com a anistia, também a paz para a economia", escreveu Bolsonaro

14/07/2025 07h20

"O tempo urge, as sanções entram em vigor no dia 1° de agosto. A solução está nas mãos das autoridades brasileiras", disse Bolsonaro

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Pela primeira vez, o ex-presidente Jair Bolsonaro vinculou neste domingo, 13, um recuo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no tarifaço de 50% que anunciou contra o Brasil à concessão de uma anistia política que o beneficiaria diretamente

Antes, somente os filhos parlamentares do ex-presidente - o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) - haviam vocalizado o argumento e insistido em um perdão ao pai como forma de reverter a medida de Trump.

O ex-presidente publicou nota por meio da qual reconheceu o impacto à economia brasileira. Bolsonaro chamou o tarifaço de "sanções". A taxação extra de 50% sobre todas as exportações brasileiras aos EUA entra em vigor em 20 dias.

Bolsonaro disse que a solução para a crise entre os países passa por "autoridades" do Brasil, sem citar o Supremo Tribunal Federal (STF), que o julga por golpe de Estado, ou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que prometeu retaliar se não houver campo para negociação comercial e diplomática.

"O tempo urge, as sanções entram em vigor no dia 1° de agosto. A solução está nas mãos das autoridades brasileiras. Em havendo harmonia e independência entre os Poderes nasce o perdão entre irmãos e, com a anistia, também a paz para a economia", apelou o ex-presidente.

Na carta endereçada a Lula, Trump enumerou razões de cunho político-institucional - a primeira delas o julgamento de Bolsonaro. "É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!", exclamou Trump.

O republicano também acusa supostos "ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos", em referência a ações do Judiciário brasileiro contra desinformação e crimes de ódio online, o que trumpistas e bolsonaristas classificam como "censura".

Jair Bolsonaro disse no mesmo comunicado que a carta do aliado Trump "tem muito mais, ou quase tudo, a ver com valores e liberdade, do que com economia". Ele disse que "todos conhecem a forma como o chefe da maior potência do mundo negocia", argumentando que Trump exige a defesa dos mesmos valores americanos.

Cobrança 

Bolsonaro também reagiu à acusação governista de que ele e seus filhos influenciaram Trump, por terem pedido que a Casa Branca agisse contra o governo brasileiro e o ministro Alexandre de Moraes. O Palácio do Planalto reagiu lançando uma campanha em defesa da soberania.

"Não me alegra ver sanções pessoais, ou familiares, a quem quer que seja. Não me alegra ver nossos produtores do campo ou da cidade, bem como o povo, sofrer com essa tarifa de 50%", disse o ex-presidente.

Também no domingo, Eduardo Bolsonaro voltou a pedir que o governo dos EUA puna Moraes e o políticos governistas, entre eles o vice-presidente Geraldo Alckmin, com a Lei Magnitsky, que permite a imposição de sanções econômicas a acusados de corrupção ou de graves violações de direitos humanos.

 

CRIME ORGANIZADO

Gravações mostram 'racha' no PCC; integrantes acusam Marcola de traição

Declarações de Marcola que comprometiam integrantes da facção foram usados em julgamentos e agora ele é apontado como cagueta

14/07/2025 07h09

Marcos William Camacho, o Marcola, está recolhido em presídio federal, mas segue comandando as ações do PCC

Marcos William Camacho, o Marcola, está recolhido em presídio federal, mas segue comandando as ações do PCC

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Gravações expõem uma divisão interna na organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). De um lado está Marcos William Camacho, o Marcola. De outro, Abel Pacheco, conhecido como Vida Loka, e Roberto Soriano, apelidado de Tiriça

Reportagem do Fantástico, da TV Globo, exibida na noite deste domingo, 13, mostra trechos de depoimentos em que os integrantes do PCC chamam Marcola de traidor.

No último mês de junho, Soriano foi condenado a 44 anos e oito meses de reclusão acusado de ter sido mandante do assassinato do agente penitenciário Alex Belarmino de Souza, em 2016, numa emboscada. O julgamento ocorreu durante oito dias seguidos, e chegou ao fim em 9 de junho de 2025.

O Fantástico exibiu trechos de um áudio atribuído a Marcola em conversa com um chefe de segurança da Penitenciária Federal de Segurança Máxima em Porto Velho, Rondônia, que não foi identificado. Nele, faz referência a Tiriça.

"Eu poderia me tornar um psicopata desses, [fazendo] igual ao [que] Soriano fez. Não é minha política, matar agente penitenciário. Aqui, não. Eu tenho uns, já, assassinados, mas por outras circunstâncias, que eu era espancado... Eu não vou dizer para o senhor que eu sou um cara bonzinho. Sou um cara perigoso, de verdade", diz.

O áudio teria sido usado durante o processo de julgamento de Roberto Soriano. Diante disso, em outro momento, ao falar com sua mulher diante das câmeras do presídio, comenta: "Falei que eu não tenho nada a ver com isso, que eu não sabia de nada. O cara veio na maior conversinha comigo, entendeu? Gravador escondido... E usaram isso no júri contra os caras, foram condenados um montão."

Abel Pacheco, o Vida Loka, deixou claro a tensão com Camacho ao ser ouvido durante o julgamento: "O Marcola não vale nada. Ele é fraco. Ele foi covarde. O Marcola é um 'cagueta'. [...] O Mundo do crime tem a sua ética. Nós excluímos Marcola do mundo do crime. O crime de São Paulo não merecia passar por essa vergonha " Em outro momento, Tiriça acompanhou as críticas: "Ele [Marcola] pode mentir para se beneficiar, passar por bonzinho. Não deixa de ser cagueta."

Outro momento de "racha" mostrado pelo Fantástico se deu durante uma conversa de Marcola com seu advogado. Nela, ele pediria para que um ex-diretor de presídio de São Paulo fosse chamado para ser sua testemunha de defesa num processo.

"Ele sempre gostou de mim como filho, porque eu conseguia acalmar toda a cadeia dele. Eles tinham perdido completamente o controle das penitenciárias de São Paulo. Ele me buscava lá na RDD [Regime disciplinar diferenciado] de Taubaté, e me levava, deixava solto na penitenciária do Estado, para que eu administrasse a penitenciária para ele. Eu falei: 'Vou segurar as pontas aqui para vocês, mas na condição de me transferirem para outro Estado'", afirmou.

O áudio também foi repercutido negativamente por Vida Loka: "Eu nunca ouvi uma situação tão absurda dessa, partindo de um preso, falar que ele administrava prisões junto com o diretor de uma das maiores prisões do Estado de São Paulo. [...] Pô, doutor. Ele ainda tem a cara de pau de falar que se sentia filho do diretor. Pô, ele esqueceu que ele é bandido? Que polícia é polícia e bandido é bandido? Deu um tapa na cara do crime".

O Estadão buscou contato com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo a respeito das declarações exibidas no Fantástico deste domingo, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

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