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PANDEMIA

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A cada 2 horas, uma pessoa morreu por causa da Covid-19 em Mato Grosso do Sul

Mato Grosso do Sul teve 138 mortes por Covid-19 nos primeiros dias do ano. Já são 2.511 vítimas desde o inicio da pandemia

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Uma pessoa morreu a cada duas horas em Mato Grosso do Sul por Covid-19 neste ano, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES). Nos oito primeiros dias de janeiro foram contabilizados 138 óbitos pela doença em todas as cidades do Estado. 

Aliado a isso, 2020 terminou como o ano com o maior registro de óbitos dos últimos 15 anos, com 17.579 vítimas, das quais 6.076 eram de Campo Grande.

Desde o início da pandemia no Estado já foram 2.511 mortes pelo novo coronavírus, uma letalidade de 1,8 nesta unidade da federação, segundo dados da SES.

Com esse alto número de mortes, as funerárias de Campo Grande aumentaram em 30% as compras de materiais para os enterros. A Capital é responsável por quase metade dos óbitos do Estado por Covid-19, até ontem eram 1.144 vítimas na cidade (45,6% do total).

Segundo o presidente do Sindicato das Empresas do Segmento Funerário no Estado de Mato Grosso do Sul, Gilvan Paes da Silva, o setor sentiu a alta de dezembro. 

“Todo País, cada um em seu segmento, teve dificuldades no final de 2020. Mas, Campo Grande já havia se programado para que não houvesse nenhum problema. Tínhamos estoque e já estamos regularizados”, afirmou o presidente.  

Em oito dias, a Capital sul-mato-grossense já registrou 60 mortes por Covid-19, o que significa que a cada 4 horas, uma pessoa morreu pela doença no município.  

A Capital vivencia dias de leitos lotados no sistema de saúde, tanto público quanto privado, com 90% das vagas em unidades de terapia intensiva (UTI) para a doença preenchidas, mas o sistema funerário se mantém organizado, conseguindo realizar todo o atendimento. 

“Nós nos preocupamos muito, porque [os enterros] são responsabilidade nossa”, coloca o presidente.

A pandemia demandou mais das empresas funerárias, e com a alta demanda o preço dos produtos sobem, mas de acordo com Gilvan, em Campo Grande,  os valores acabaram não sendo repassados para os clientes em razão do grande número de conveniados. 

“Cerca de 80% das pessoas na Capital pagam plano, uma das cidades que mais pagam por esse tipo de serviço, sendo assim, não dá para repassar o aumento dos materiais para os clientes. O lucro, para as funerárias, é muito pouco”.

MORTES

No ano passado, a quantidade de mortes totais registradas em Campo Grande teve um aumento de 8,7% em relação a 2019. Segundo dados do portal da transparência da SES, foram 6076 óbitos em 2020, contra 5.547 que aconteceram em 2019. 

Esse número foi o maior registrado nos últimos 15 anos, tanto no Estado como na Capital. A séria história vai até 2006.

Em Mato Grosso do Sul foram 17.579 mortes, contra 16.872 que ocorreram em 2019, um aumento de 4%. No ano anterior haviam sido 16.591 mortes.

As causas dos óbitos são diversas, desde causas naturais, como a de acidentes de trânsito, porém, não há como não dizer que a Covid-19 não influenciou no aumento registrado no Estado e na Capital.

Só ontem, a Secretaria de Estado de Saúde registrou mais 25 mortes no Estado, das quais oito eram em Campo Grande. Com esses novos registros, Mato Grosso do Sul ultrapassou a triste marca de mais de 2,5 mil óbitos pela doença (entre 2020 e 2021).

Os primeiros dias de janeiro mostram que a doença ainda está muito ativa na cidade, já que são 138 mortes em apenas oito dias, número que já é superior aos óbitos registrados em junho pela doença, quando foram 70. 

Em menos de 10 dias do mês, o valor já pode ultrapassar o mês de novembro todo também, quando 181 faleceram por complicações causadas pelo novo coronavírus.

BOLETIM

De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela SES, o Estado já tem 141.649 casos confirmados de Covid-19. Apenas ontem foram registrados 1.186 novos episódios da doença. 

A média móvel de casos dos últimos sete dias de 985,6 por dia e voltou a crescer nesta semana.

Em isolamento domiciliar encontram-se 12.095 pessoas e 126.466 já se recuparação do vírus. Entretanto, ontem havia 577 pessoas internadas no Estado por causa do novo coronavírus, dos quais 292 em leitos clínicos (181 público; 111 privado) e 285 em UTIs (196 público; 89 privado).

Campo Grande, epicentro da doença em Mato Grosso do Sul registrou de ontem mais 429 novos casos. 

Os outros municípios que também aumentaram o número de infectados foram: Dourados com 190; Corumbá 48; Três Lagoas 41; Ponta Porã 28; Maracaju 27; Ivinhema 25; Chapadão do Sul 22; Naviraí 22; Nova Andradina 20, Sete Quedas também 20, entre outras.

As cidades que apresentara mortes além da Capital são: Dourados 5, Corumbá 2, Naviraí 2, Itaporã 1, Miranda 1, Eldorado 1, Fátima do Sul 1, Mundo Novo 1, Amambaí 1, Aquidauana 1 e Anastácio 1.

SEM DEMARCAÇÃO

Compra de terra para indígenas não é consenso entre lideranças de Dourados

Presidente Lula propôs ao governador Eduardo Riedel a compra de propriedade para famílias que estão "á beira de rodovia"

23/04/2024 09h30

Indígenas protestaram na semana passada por falta de água potável em uma das áreas de retomada Foto: Arquivo pessoal

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Em sua visita a Mato Grosso do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou uma “tarefa” para o governo do Estado, procurar uma propriedade rural para os indígenas que hoje moram em áreas de retomada “à beira da rodovia” em Dourados fossem assentados.

Porém, a solução do governo ainda não é consenso entre as lideranças das aldeias na região.

“Queria fazer uma proposta ao governador: vamos comprar em sociedade uma terra para a gente salvar aqueles guaranis que vivem perto de Dourados, na beira da estrada. Se você encontrar as terras para que a gente recupere a dignidade daquele povo, o governo federal será parceiro na compra”, propôs o presidente na ocasião.

Se por um lado há que ache a idéia boa e ainda comemore, como no caso da liderança Edite Martins, 69 anos, outros já são radicalmente contra, como Magno Souza, que chegou a concorrer ao governo do Estado, em 2022.

“Concordamos, mas só se for uma terra com água e que a gente possa produzir, porque saímos da reserva porque lá não cabe mais ninguém, não tem como plantar. Aqui temos nossa plantação de batata doce, de feijão e temos uma água boa. Então se for para ter isso tudo bem, mas se não vamos ficar aqui mesmo”, pondera Edite.

Para a liderança, que mora há 19 anos em área de retomada próximo da aldeia Jaguapiru, o preferível seria que a compra se dessa da região onde já estão as retomadas, mas ainda assim, a ideia de uma possível mudança não é descartada pela indígena.

“Esperávamos ganhar esse pedaço de terra, que foi onde eu criei os meus filhos. Já vou fazer 70 anos e a minha filha mais velha, que tem 50 anos, morou aqui quase metade da vida dela. Mas nossa esperança é conseguir uma área boa, que possamos ter nossa plantação,  porque onde nasci [aldeia Jaguapiru] não tem como viver lá”, relata.

Já Magno, que mora em outra área de retomada em volta da Reserva Indígena de Dourados, afirmou ser completamente contra a proposta do presidente.

“Não é dessa forma que nós esperamos o trabalho do governo, não é dessa forma que nós esperamos que eles resolvam nosso problema. Essa proposta não nos convence a deixar o nosso lugar, porque nós não estamos pedindo para ele comprar uma propriedade para colocar a gente.

Se aquela propriedade não é do nosso antepassado, como que vamos ficar ali, se não tem a história dos nossos antepassados naquele local? Não vamos aceitar, nós lideranças não concordamos com a proposta do governo. Ele tinha que analisar a fala das lideranças da retomada, das pessoas da retomada”, alegou Magno.

“O Lula tinha que saber primeiro o que nós queremos, ele fez isso por querer ser o dono do Brasil, ele não é o dono. Nós queremos demarcação, nós não queremos propriedade, nós não queremos que ele gaste dinheiro comprando essas propriedades que não são nossas”, completou o indígena.

Nem governo do Estado ou governo federal divulgaram se há áreas em vista para a compra e se elas não seriam as que  estão as comunidades atualmente.

Segundo Laurentino Garcia, que lidera duas retomadas na região da Reserva Indígena, uma reunião será marcada entre as lideranaças e o governo do Estado para a discussão e apresentação de proposta sobre a área em vista.

Tanto faz a compra, a indenização ao proprietário, ou a demarcação. Para nós é a mesma coisa e tudo vai depender da proposta do governo. Nós temos a nossa, vamos ouvir a deles e vai ser discutido.

Claro que preferimos que seja comprado o lugar que já estamos, não só por nós, mas pelas crianças que estão nascendo, então estamos pensando em tudo isso. Vamos levar o projeto para o governo e ouvir o plano de trabalho deles, estamos querendo ouvir”, ponderou Garcia.

CONFLITO

Há quase 20 anos o governo federal promete resolver a situação na região de Dourados, mas a ampliação da Reserva Indígena de Dourados segue travada, assim como novas demarcações.

A reserva de Dourados tem, atualmente, uma área de 2,4 mil hectares, tamanho que, segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), seria insuficiente para abrigar a população local, que ultrapassa 13 mil pessoas.

Com isso, grupos indígenas montaram acampamentos próximos da reserva, como forma de reivindicar a retomada de terras tradicionais ocupadas por fazendeiros.

Em 2007, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Ministério Público Federal (MPF) assinaram um termo de ajustamento de conduta (TAC) para agilizar a demarcação das áreas reivindicadas no entorno da Terra Indígena Dourados-Amambaipeguá, porém, até agora o processo não andou.

Em agosto do ano passado, indígenas guarani-kaiowá foram alvos de ataque de grupo armado em Dourados. 
Além dos ataques, a população indígena na região reclama da falta de água em algumas retomadas.

Na semana passada, um grupo protestou por falta de água potével na comunidade Aratikuti, próximo da aldeia Bororó. Conforme Laurentino, até ontem o problema não havia sido resolvido.

GOVERNO DO ESTADO

Após a proposta do presidente, o governador Eduardo Riedel (PSDB) afirmou que a proposta que o presidente é um caminho que o governo de Mato Grosso do Sul vem apontando há muito tempo. 

“É um caminho que a gente vem apontando há muito tempo. Que a gente comece por essas propriedades, e que a gente dê solução a isso”, afirmou Riedel por meio de suas redes sociais, no dia da visita do presidente. Depois do vídeo, porém, não houve novas manifestações.

Riedel, de fato, apontava para este caminho há quase uma década. Quando presidia a Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul) participou das negociações que levaram à criação do Fundo Estadual para Aquisição de Terras Indígenas (Fepati), que permite a captação de recursos para comprar fazendas reivindicadas pelos índígenas.

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MUNICIPALISMO ATIVO

Riedel conta com prefeitos para asfaltar todas as ruas de MS e extinguir pobreza

Programa lançado ontem com 75 prefeitos do Estado tem metas agressivas e cobrança por resultados das prefeituras

23/04/2024 08h30

Governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB) Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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O governador Eduardo Riedel (PSDB) reuniu nesta segunda-feira, em um mesmo local, 75 prefeitos de Mato Grosso do Sul para firmar R$ 500 milhões em convênios, anunciar R$ 900 milhões em novas obras e lançar duas metas agressivas de sua gestão que pretende fazer em parceria com as prefeituras: asfaltar todas as ruas do Estado até o fim de seu mandato e extinguir a pobreza extrema de Mato Grosso do Sul. 

O programa, chamado de Municipalismo Ativo, a versão 2.0 do municipalismo que foi um dos princípios da gestão de seu antecessor Reinaldo Azambuja (PSDB), segundo Eduardo Riedel, vai atuar em quatro eixos: o da infraestrutura, que é o que vem da gestão passada, que era chamado de Governo Presente, mas também nos eixos da assistência social, saúde e educação. 

É por meio deste programa que Riedel pretende implantar uma das importantes marcas de seu mandato, que é a transversalidade: a aplicação de medidas contidas no plano de governo, independentemente da secretaria em que ela teve origem. 

O secretário de Estado de Infraestrutura e Logística, Hélio Peluffo, aconselhou os prefeitos a fazerem mais e bons projetos, para que esta meta de asfaltar 3,7 mil quilômetros de ruas torne-se uma realidade até o fim do mandato de Riedel.

“Bons projetos é a garantia de um bom convênio”, disse Peluffo, que citou bilhões em recursos que o Estado terá disponível para infraestrutura.

“Temos a garantia de R$ 2,3 bilhões via BNDES, R$ 1 bilhão do Banco Mundial, e mais de R$ 1 bilhão do Fundersul e da Fonte 500”, afirmou o secretário. 

Extrema pobreza

A outra meta agressiva de Eduardo Riedel custará menos para o Estado em termos financeiros, mas demandará um esforço coletivo maior das autoridades de assistência social do Estado e dos 79 municípios. É neste sentido que a pasta comandada por Patrícia Cozzolino atuará. 

O trabalho para a erradicação da pobreza extrema será em duas frentes. Uma digital, que é a criação de um novo sistema, um novo cadastro, que concentrará as informações dos beneficiários e possíveis beneficiários. “É um cadastro social ativo”, explica a secretária. 

O monitoramento constante facilitará o trabalho na outra frente, que é a ajuda aos municípios na expansão dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras).

Atualmente há 132 destes centros, que são a porta de entrada dos cidadãos de baixa renda aos programas sociais estaduais e federais, mas o Estado deveria ter pelo menos 162. 

A expectativa é que, com a expansão destes centros, os índices melhores nos outros dois eixos, que é aonde, segundo Eduardo Riedel, a busca por estas duas metas agressivas: obras e extrema pobreza, irão aparecer. 

Saúde e educação

O programa prevê convênios na área de saúde, sobretudo na área de atenção primária. É lá onde está a maior parte dos R$ 500 milhões em convênios. A Secretaria de Saúde, por sua vez, cobrará a melhoria nos índices. O mesmo vale para a educação.

“O importante é qualidade da escola pública, e não a cor do uniforme, se é do Estado ou do município”, disse o secretário Hélio Daher.

Há várias iniciativas sendo realizadas em parceria entre a Secretaria de Estado de Educação e as secretarias homólogas do municípios visando a qualidade do ensino.

“O importante é o aluno sair da escola sabendo matemática e entendendo bem a língua portuguesa”, afirma. 

A complementereidade dos eixos, segundo o governador Eduardo Riedel e sua equipe vem das melhorias dos índices de saúde e educação, da geração imediata de empregos e da facilidade de acesso que as obras proporcionam, e da inclusão das pessoas que devem sair da extrema pobreza, no mercado. 

Vamos todos caminhar juntos nestas ações, todos nós. Na inclusão falta um pouquinho, e temos 3.748 quilômetros de ruas não pavimentadas. Temos de atacar estes problemas, da mesma maneira que há quatro anos atacamos o problema do saneamento básico e hoje temos uma PPP (parceria público-privada) que dá um excelente resultado para o Estado”, exemplificou Eduardo Riedel.

SAIBA - POLÍTICA

Faltando seis meses para as eleições, o evento foi politicamente movimentado: os 75 prefeitos presentes, mais as quatro cidades que mandaram representantes, explicam a forte adesão. 

O governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que vinha atuando mais nos bastidores da política, foi um dos que estavam presentes, e foi homenageado por seu sucessor Eduardo Riedel. 

O evento ainda contou com os deputados federais Beto Pereira (pré-candidato a prefeito de Campo Grande), Dagoberto Nogueira e Geraldo Resende, todos do PSDB e com Vander Loubet (PT). A senadora Soraya Thronicke (Podemos) também compareceu. 

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