Nos últimos tempos o debate da vacinação obrigatória contra a Covid-19 no Brasil ganhou destaque na mídia. Algumas pessoas se posicionam contra a obrigação de se vacinar, outras são a favor. A vacina é uma preparação biológica, criada para o corpo desenvolver imunidade contra uma doença específica.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 2 a 3 milhões de pessoas são salvas todos os anos através da vacinação e 1,5 milhões de crianças morrem todos os anos por falta de serem vacinadas.
A constituição brasileira de 1998, não cita a obrigatoriedade de imunizantes, mas protege o direito a saúde pública de todo cidadão residente no país. Neste mês de novembro completam 116 anos que o Brasil vivenciou a revolta da vacina, protestos organizados pela população.
Revolta da Vacina no Brasil
A revolta da vacina foi uma rebelião popular que ocorreu no Rio de Janeiro em novembro de 1904. Na época a população carioca sofria com diversas doenças advindas da falta de saneamento básico, da então capital do Brasil.
O estopim para o acontecimento foi a obrigatoriedade da vacina antivariólica que acabou em protestos pelas ruas da cidade.
Vacinação
O médico Oswaldo Cruz (1872-1917), foi contratado em 1903, para coordenar a Saúde Pública da até então capital do país, a promessa do médico era erradicar as doenças que assolavam o Rio de Janeiro no ano de 1904, tais como; febre-amarela, peste bubônica e a varíola.
A campanha desenvolvida por Oswaldo Cruz e aprovada em 31 de outubro do mesmo ano, obrigava qualquer brasileiro com mais de seis meses de vida ser vacinado contra a varíola.
Caso este não agisse de acordo com a lei, era impossibilitado de se casar, estudar, trabalhar e até mesmo viajar. Todas as suas ações na sociedade eram desabilitadas.
Como aconteceu?
O fato do Rio de Janeiro não ser uma cidade planejada, em decorrência do período colonial contou muito para que a situação chegasse a esse ponto, toneladas de lixo de acumulavam nas ruas da cidade, o que ajudava vírus de doenças se espalhar através de roedores e mosquitos.
Atividades para a reformulação da cidade foram desenvolvidas pelo prefeito Pereira Passos, que autorizou a destruição de cortiços, alargamento das ruas, despejo da população pobre que morava no centro da cidade para outras localidades.
Quando a vacinação se tornou algo obrigatório para a população e os funcionários da saúde começaram a invadir a casa das pessoas com o auxílio da polícia para vacinação sem consentimento do indivíduo.
A população não recebeu nenhuma informação esclarecendo o que estava acontecendo, nenhum comunicado que explicasse a importância da vacina, ou informativos de como se prevenir da doença.
Esse momento foi o estopim para que a população se inflamasse contra a vacinação, o governo e as medidas para a implantação de um saneamento básico de qualidade.
Movimentos organizados pelas camadas populares do Rio de Janeiro, ganharam as ruas entre 10 a 16 de novembro, as manifestações agiam contra os agentes de saúde pública e da polícia e tinha apoio de militares que tentaram sem sucesso realizar um golpe contra o então presidente da república, Rodrigues Alves.
Consequências
Em 16 de novembro de 1904 a lei de obrigatoriedade de vacinação foi reajustada, tornando-se opcional para o indivíduo ser vacinado ou não.
De acordo com o Educa+Brasil, a Revolta da Vacina foi responsável por 30 mortes, 110 pessoas e 1.406 pessoas deportadas ou presas.
Varíola
De origem desconhecida, a varíola é catalogada em dois tipos, a varíola maior e a varíola menor ou alastrim, que é a classificação mais moderada da doença.
Os sintomas iniciais são parecidos com os da gripe; febre, mal-estar, em seguida os sintomas evoluem para vômitos, formação de úlceras na boca e erupções cutâneas na pele causando deformidades, em casos graves a doença acarreta a morte do infectado.
A origem do vírus é desconhecida e não tem cura, a medida mais eficaz para o controle é a vacinação. Em 1980 a OMS, relatou que doença matou mais de 300 milhões de pessoas somente só século XX, e declarou a erradicação da varíola no mundo.