Cidades

CAARAPÓ

Advogado sugeriu que invasão
serviria como "reduto eleitoral"

Ex-candidato a vereador por Caarapó, Cassio Amaral seria um dos líderes do movimento em Mato Grosso do Sul

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Mensagens de voz que tratam sobre megainvasão planejada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Mato Grosso do Sul revelam que a ação também tinha objetivos políticos. Em um dos áudios que circulam pelas redes sociais, suposto líder do movimento disse que a articulação deveria ser usada como “reduto eleitoral”.

A mensagem teria sido enviada pelo advogado Cássio Amaral, ex-candidato a vereador por Caarapó, a uma das lideranças do grupo, responsável por conseguir mais famílias interessadas na invasão.

Em um trecho da conversa, um homem identificado como Marcelo diz ao ex-candidato que gostaria de ir à rádio da cidade para divulgar o movimento e conseguir um número maior de famílias que participassem da invasão.“Eu tava pensando aqui, Cássio, numa situação que seria bastante interessante [...] se a gente fosse lá na rádio? Lá na *** e falar com a dona *** ceder um espaço, falar sobre os projetos do MST, daí a gente conseguir através da rádio chamar essas outras 250 famílias que falta, né? Aí a gente poderia colocar lá sobre os fatores que realmente são interessantes dentro desse processo, que é o apoio do governador, apoio do prefeito, apoio dos fazendeiros aí da região. O que você acha, não seria uma boa ideia? [sic]”, questiona.

Cássio responde que o número de mil famílias será alcançado com apoio de outros municípios e que não negocia com fazendeiros. “Marcelo, nós vamos entrar com mil famílias para dentro; vamos pegar 500 famílias aqui, o restante vem de Eldorado, Dourados, Rio Brilhante, Antonio João, Tacuru e Sete Quedas. Nós vamos fazer um acampamento de mil famílias. Não tem como fazer essa divulgação pela rádio, porque a rádio não é simpatizante do MST, então a nossa arma é o Facebook, mas não tem como. Fazendeiro também, o MST não negocia com fazendeiro. Eu vou conversar com os fazendeiros, mas nomeado como advogado do MST. Inclusive, vou para Brasília daqui uns meses para ter um curso lá, mas depois a gente conversa sobre isso, beleza? [sic]”, diz.

Em outro áudio, o advogado sugere que líder deve fazer uma reunião com o grupo de famílias, como forma de construir um “reduto eleitoral”. “Eu acho que pra dar uma visibilidade boa para você, cê tinha que pegar, marcar uma reunião com esse grupo seu e a gente chama o coordenador do MST estadual e nacional, como veio na outra reunião, e você conversa e coloca. Porque você precisar usar isso ai como reduto eleitoral seu, entendeu?[sic]”, emenda.

OUTRO LADO

Ao Correio do Estado, Cássio Amaral confirmou que está à frente do grupo, mas negou que o objetivo seja promover uma invasão. “Nós encabeçamos essa luta pela terra. Como eu sou advogado, sei que a Constituição prevê direito à reforma agrária. Nós não vamos fazer em Caarapó e região por meio de invasões de terra. Vamos, sim, pleitear reforma agrária por aquisição, onde o fazendeiro seja indenizado e o governo arque com isso, pelo modo de aquisição ou financiamento rural. Tomei todo o cuidado para não usar a questão da invasão, não quero invadir. Quero que o Incra negocie para adquirir”, diz.

O advogado confirma, ainda, que foi o responsável por criar dois grupos de WhatsApp, cada um com 250 famílias, para organizar a ação. “Na região, tem várias pessoas com interesse em ter seu pedaço de terra; 98% dos participantes são pessoas de Caarapó, com moradia própria delas. Mas outros municípios estão montando grupos para pleitar a reforma agrária. Vamos fazer luta para negociar com o governo. As pessoas que querem terra são humildes, de forma geral, e sonham em ter um pedaço de terra. Por isso, não tem nenhum tipo de cobrança de taxa para participar”, disse.

Amaral reforça que o grupo não entrará nas fazendas, mas não nega a organização do acampamento. “Estamos organizando pra ver o local onde vamos montar o acampamento. Não decidimos ainda, queremos procurar um lugar que tenha respaldo jurídico. Não vamos entrar na propriedade, vamos ficar da porteira para fora. O projeto de luta pela terra está sendo organizado, com filiação de pessoas que têm interesse de fazer a luta com a gente”, concluiu.

MPL

Protesto por reforma agrária ocupa Incra em Campo Grande e rodovias de MS

Multidão foi vista descendo em 'peregrinação' pela avenida Rui Barbosa até chegarem à sede do Instituto, presentes até em trechos rodoviários pelo interior do Estado

24/03/2025 11h39

Manifestentes chegaram à sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) após longa caminhada em Campo Grande

Manifestentes chegaram à sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) após longa caminhada em Campo Grande Marcelo Victor/Correio do Estado

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Manifestantes em busca de reforma agrária protestaram na manhã de hoje (24) em Mato Grosso do Sul, com a ocupação de trechos rodoviários no interior do Estado e a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) após longa caminhada em Campo Grande. 

Quem passou pela Rui Barbosa nas primeiras horas desta segunda-feira (24) se deparou com o grupo, formado em maioria por integrantes do chamado Movimento Popular de Luta (MPL), que marcharam com bandeiras e faixas rumo ao prédio do Incra na Capital. 

Reivindicando que o Governo Federal faça o assentamento, as famílias do movimento se dizem "cansadas de tantas promessas".

"Os trabalhadores sem terra de Naviraí, mundo novo, Anaurilândia, nova Alvorada do Sul, Campo grande, cobram agenda com o presidente Lula e assentamento das famílias no MS", expõe o MPL em nota.

Reflexos dos protestos

Além do leve transtorno causado na Rui Barbosa em Campo Grande, graças ao engarrafamento causado ainda que os manifestantes seguissem em uma única faixa próximos ao meio fio, os protestos se espalharam por alguns pontos do interior do Estado. 

Como por exemplo a altura do quilômetro 112 da rodovia MS-395, segundo informações da Polícia Militar Rodoviária (PMR), que liga Anaurilândia ao município de Bataguassu, bloqueada nas primeiras horas da manhã. 

Com a maioria desses manifestantes pertencendo ao assentamento Florestan Fernandes, localizado em Anaurilândia, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) indicou que até antes do horário do almoço esse trecho citado já havia sido liberado dos pneus e bloqueios colocados. 

Além desse ponto, as duas principais rodovias de Mato Grosso do Sul também receberam pontos de interdição, sendo a BR-267 em Nova Alvorada do Sul e ponto da BR-163 em Naviraí, ocupado por volta de 04h, que ainda se manteve após sete horas de duração. 

Há cerca de um ano, em 16 de abril de 2024, esse mesmo movimento realizou a ocupação do Incra em Campo Grande com a mesma finalidade: chamar atenção dos representantes do Instituto e tirar a reforma agrária do papel. 

MPL

O Movimento Popular de Luta foi inaugurado em 2017, sendo que em junho de 2023 cerca de 400 famílias já se acomodavam à beira da BR-262, no anel viário de Campo Grande, classificado pelos internos como uma "insatisfação dos vários movimentos existentes", surgindo com o papel de denunciar e reivindicar terras improdutivas. 

Aproximadamente seis anos após sua fundação, o MPL já contava com cerca de oito acampamentos e em torno de duas mil famílias acampadas à época, com o acampamento de Campo Grande dividido em seis grupos com coordenadores e sistema de organização próprio, como acompanhado pelo Correio do Estado. 

"Sabemos que o capitalista diz não ser preciso ter reforma agrária, seu projeto traz misericórdia milhões de sem terra jogados na estrada, com medo de ir para cidade enfrentar favela, fome e desemprego sair dessa situação e segurar na de outro companheiro", cita hoje o Movimento em publicação nas redes sociais.

 

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MATO GROSSO DO SUL

MS destina mais R$ 3 milhões para aeroporto próximo à fábrica da Arauco

Estado anunciou abertura de licitação para "execução do sistema de sinalização noturna" no novo aeródromo de Inocência, cidade que vai receber fábrica de celulose

24/03/2025 11h00

Obras do Aeródromo de Inocência continuam visando entrega no meio do ano

Obras do Aeródromo de Inocência continuam visando entrega no meio do ano Foto: Divulgação/AGESUL

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Após confirmada sua instalação em Inocência, a fábrica de celulose da Arauco já está trazendo influências para o município de apenas 8,4 mil habitantes. Nesta segunda-feira (24), o Governo do Estado anunciou abertura de licitação para “execução do sistema de sinalização noturna” no novo aeródromo da cidade.

Através do Diário Oficial do Estado (DOE), a licitação foi anunciada sob valor estimado de R$ 3.138.037,95, do qual às 10h do dia 14 de abril ocorrerá sua abertura. Lembrando que o aeródromo já custou R$ 15,4 milhões ao Estado.

A expectativa é que o aeroporto seja entregue até o meio do ano e terá a implantação das pistas de pouso e decolagem, de taxiway (que conecta a pista principal ao pátio), do pátio de aeronaves e do alambrado operacional.

A pista faz parte do pacote de investimentos do Plano Aeroviário Estadual, que prevê um valor aplicado de cerca de R$ 250 milhões, para a “construção de novos aeroportos, a estruturação de alguns já existentes, a reforma de outros e a implantação de dispositivos onde não existem”.

Além do aeródromo e sob influência da Arauco, MS também deve investir mais R$ 52,2 milhões nas áreas da saúde, educação e infraestrutura em Inocência, cidade que deve ter sua população dobrado nos próximos anos com a vinda da nova fábrica.

EM BREVE

A nova fábrica de celulose tem expectativa de iniciar sua operação no segundo semestre de 2027, com investimento total de R$ 28 bilhões (US$ 4,6 bilhões). Atualmente, os trabalhos ainda estão na fase de terraplanagem e empregam em torno de 2,4 mil pessoas. No pico das obras, porém, serão até 14 mil empregos diretos no empreendimento.

Em setembro do ano passado, foi anunciado um aumento da ordem de 53% nos investimentos da fábrica de celulose de Inocência, na região leste de Mato Grosso do Sul. Com isso, a capacidade de produção anual será 40% maior, passando da previsão inicial de 2,5 milhões de toneladas para 3,5 milhões de toneladas de fibra de eucalipto por ano.

Além de celulose, a previsão é de que o Projeto Sucuriú, como é conhecido o projeto de instalação da Arauco, que ficará às margens do rio com o mesmo nome, gere 400 megawatts de energia. A metade será consumida pela própria fábrica e o restante será vendido, sendo suficiente para abastecer uma cidade com até 800 mil habitantes.

Já existe uma série de alojamentos para os trabalhadores, mas próximo da área urbana. A previsão é de que na área do alojamento sejam construídos espaços para lazer e  cada ala de alojamentos contará com um pronto atendimento médico. Os casos graves de saúde serão encaminhados para um hospital que está previsto para ser construído no canteiro de obras.

Além disso, a direção da Arauco informou que os trabalhadores terão acesso a planos de saúde suplementar e transporte de emergência, com ambulâncias da própria empresa, para hospitais particulares fora da região, se necessário.

SOBRE A ARAUCO

A Arauco é uma empresa global, de origem chilena, com presença em cinco continentes. Fundada em 1979, possui operações em mais de 75 países e 55 fábricas nos países Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, México, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Espanha, Portugal e África do Sul. Opera globalmente com mais de 18 mil trabalhadores.
 
Atualmente, a capacidade de produção de celulose é de 5,2 milhões de toneladas por ano em suas unidades no Chile, Argentina e Uruguai. Agora, só a unidade de Inocência vai ampliar essa capacidade para 8,7 milhões de toneladas, um aumento de 67%.

*Colaborou Neri Kaspary

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