Com a paralisação das aulas presenciais em toda a rede de educação, as escolas agrícolas deveriam ser as mais prejudicadas. As atividades que envolviam cuidar de plantio, colheita e manutenção da horta escolar mantida por 160 alunos ficaram prejudicados.
Para manter o trabalho em dia, os professores tiveram que assumir as responsabilidades. “A gente sente falta do movimento deles. Os alunos sempre estavam na horta, no dia a dia eles cuidavam, regavam e colhiam, mas agora ficou tudo conosco”, explicou o professor William Vargas, 27, que há quatro anos trabalha na escola Barão do Rio Branco em Rochedinho.
Localizada a 40 quilômetros de Campo Grande, as crianças que estão afastadas da horta por causa da pandemia agora são estimuladas a produzir em casa. Em vez de comunitárias, os alunos agora recebem ajuda de familiares para produzir e continuar o aprendizado.
“A maioria dos nossos alunos vive em chácaras ou casas com bastante espaço. Então propusemos o desafio de fazerem uma horta para cuidarem e continuarem aprendendo. Os professores enviam vídeos com orientações e auxiliam, caso surjam dúvidas”, explicou o diretor da escola, Francisley Galdino da Silva.
Esse é o caso de Ester Pereira, 12, que está produzindo hortaliças depois de uma tentativa falha. “O primeiro plantio que fiz não deu certo. Eu plantei 17 mudas de couve e só três cresceram. Aí o professor me explicou o que houve e a gente teve de corrigir a acidez do solo”, relembra.
Ela ainda conta que, além de corrigir a qualidade da terra, ela ainda precisou se livrar de animais “indesejados”. “Eu tive de cercar toda a horta, para que os gatos não entrassem. Mas, com adubação correta, consegui plantar outras coisas e está tudo crescendo”, comemora.
O plantio que antes era consumido pelos alunos na merenda escolar agora é aproveitado pela família que, no caso de Ester, se juntou à empreitada. “Eu fico feliz de vê-la envolvida e empenhada. Mesmo sem as aulas, na escola, ela continua aprendendo. E eu também comecei a ajudar e a cuidar mais do quintal”, disse a avó, Vera Lúcia, 57.
“A nossa intenção é que os alunos acompanhem todo o processo de desenvolvimento da horta e do crescimento dos animais, para que eles saibam o que e como fazer. Já durante a suspensão das aulas presenciais, recebemos pintinhos que eram para eles cuidarem. Tivemos de fazer tudo a distância. Mostrando dia a dia para eles”, explicou a professora de iniciação a práticas agrícolas, Rozana Raimunda.