Algumas letras quando bem empregadas junto a outras palavras, podem causar mudanças profundas. Por exemplo, se colocarmos o prefixo “pós” na “modernismo”, teremos um termo totalmente novo, o “pósmodernismo”, que remete a uma ruptura de ideias antigas. Também com a palavra “racional”, se acrescentarmos apenas as duas letras “ir”, mudaremos completamente seu significado. De algo comportado e lógico para o mundo dos “irracionais”, que perdem o raciocínio e se tornam brutos. No mundo dos automóveis, as letras podem trazer ainda mais mudanças. Se você se deparar com um veículo da marca alemã Mercedes-Benz, que ostente a sigla “AMG”, saiba que está diante de um torpedo sobre rodas, um tanto pós-moderno e com desempenho que beira a irracionalidade. Testamos em Campo Grande um dos representantes da dinastia AMG, o modelo C63, com motor de oito cilindros em V e 457 cavalos de potência, suficientes para levá-lo aos 100 km/h em 4,5 segundos. A velocidade máxima é segurada pela eletrônica e fica em 250 km/h – poderia facilmente ultrapassar os 300 km/h. O câmbio de sete marchas, pode ser trabalhado de três formas distintas e que fazem muita diferença. Para uma condução mais civilizada, basta colocar a alavanca no “drive” e acionar a tecla “Confort”, que fica no console central. As marchas são trocadas em um giro mais baixo. Para uma tocada mais forte, a tecla “Sport” faz com que o giro suba mais antes do câmbio solicitar a próxima marcha. A forma mais “brava” de pilotar o C63 AMG é no modo manual, com as trocas feitas por borboletas atrás do volante, como nos carros de corrida. Nesse modo, o giro do motor sobe fácil as 7 mil RPM. Nessa hora, luzes vermelhas acendem todo o painel, indicando que é hora de subir uma marcha ou aliviar o pé direito. Sinfonia O motor produz um som grave quando é ligado e sobe seus decibéis na medida em que é acordado pelo acelerador. Para quem gosta de motores fortes, mais parece uma sinfonia. É quase impossível resistir à tentação de provocá- lo, só para ouvir a resposta que vem debaixo do capô. Como um carro preparado para a velocidade, o conforto é limitado. Não que faltem bancos anatômicos, couro nas forrações, detalhes de alumínio, ar-condicionado eficiente de dupla zona e uma direção de resposta imediata ao virar do volante. O problema é que essa máquina foi feita para rodar em terrenos mais amistosos que o nosso esburacado asfalto. Sua suspensão, baixa e firme, nos faz sentir todos os buracos do caminho. Lombadas mais altas também são um problema e raspam no fundo do carro. Esse desconforto a bordo é compensado pela sensação de que passaram cola nos pneus. O C63 AMG fica grudado o tempo todo no chão e só faz menção em desgarrar em curvas quando levado ao seu limite. E isso não é fácil de conseguir. Tudo isso, é claro, custa caro. Em Campo Grande o modelo pode ser encomendado por US$ 199 mil, algo em torno dos R$ 358 mil. Seus concorrentes diretos são o Audi RS4 e o BMW M3, que em breve esquentarão a briga nas ruas de nossa cidade.