Após polêmica que envolve número de 1.140 pessoas mortas em menos de um ano no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian, diretor da unidade, que ficou apenas dez meses à frente da administração, Marcio Eduardo de Souza Pereira deixou a diretoria na última quinta-feira (31). Secretário de Saúde Geraldo Resende declarou que nome do novo dirigente será anunciado amanhã, em publicação que será feita no Diário Oficial do Estado (DOE).
Marcio de Souza justificou sua saída alegando que recebeu proposta melhor de empreendimento multinacional. “Não é nada contra o estado, nada contra o governador (Reinaldo Azambuja), é simplesmente porque recebi proposta do mercado privado e não consegui refutar”, reforçou o ex-diretor.
Secretário de Saúde recebeu lista tríplice com nomes para assumir a nova diretoria, porém Resende e Marcio de Souza não quiseram revelar os nomes. “Prefiro esperar que saia amanhã, na publicação”, disse o secretário.
Resende adiantou também que mais de R$ 50 milhões serão investidos, na unidade de saúde, entre obras e equipamentos. “Na próxima quarta-feira (6) vamos anunciar com exatidão os recursos”, declarou.
De acordo com o secretário, foi feito levantamento para que todas as clínicas e especialidades sejam contempladas com os recursos. “Isso para que nenhum profissional alegue que falta material”, disse Resende.
Marcio de Souza assumiu o Regional no mesmo momento em que Resende assumiu a pasta de Saúde, no dia 01 de janeiro de 2019. O médico que ficou à frente do hospital é gastroenterologista e trabalhava há 17 anos na casa de saúde. O secretário de Saúde lembrou também que Marcio de Souza aderiu ao Programa de Demissão Voluntária (PDV).
INVESTIGAÇÃO
Juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, determinou que o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian seja investigado para apurar se houve improbidade administrativa, omissão de socorro e crime dos gestores públicos pela morte de 1.140 pessoas. De acordo com informações cedidas pelo próprio hospital, aproximadamente, 115 pessoas que estavam doentes e morreram, tinham menos de 40 anos de idade. “Pessoas falecidas eram muito jovens”, diz parte do documento assinado pelo juiz.
Em contrapartida, tanto o secretário de Saúde quanto Marcio de Souza, disseram que em outros anos houveram índices maiores ainda de mortes no Regional. “Isso se deve porque o hospital é de portas abertas, grande quantidade de nascidos e de atendimentos a gestantes de alto risco. Quem chega lá é atendido”, justificou o secretário.
Além da determinação da Justiça, para que o Regional seja investigado, a administração do hospital terá de comprar materiais, restabelecer a integralidade do funcionamento de serviços no prazo de 30 dias sob pena de multa de R$ 50 mil por dia.