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Após seca histórica, Pantanal deve voltar a ter cheia em 2025

Apesar das chuvas irregulares em MS, as precipitações em MT estão mantendo o nível dos rios bem acima da média histórica em Cuiabá e Cáceres

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O nível do Rio Paraguai deve continuar subindo por cerca de quatro meses, mas neste sábado (8) já amanheceu com praticamente o nível máximo que alcançou no ano passado, quando teve uma das menores cheias da história e a pior seca desde que começaram as medições, em 1900. E, por conta das chuvas constantes em Mato Grosso, em 2025 o rio tende a superar os quatro metros em Ladário e voltar a transbordar. 

Neste sábado, conforme dados coletados e divulgados diariamente pela Marinha, o nível na régua de Ladário estava em 1,44 metro, faltando apenas três centímetros para chegar ao nível máximo a que chegou em todo o ano passado.  Em 2023, ano em que o pico foi de 4,24 metros e o rio transbordou, estava nove centímetros acima disso no dia 8 de fevereiro. 

Mesmo assim, ainda está cerca de 50 centímetros abaixo do nível médio histórico para esta época do  ano, que é de 1,94 metro, conforme boletim do Serviço Geológico do Brasil divulgado na última quinta-feira.

Mas, os indicativos de que o Pantanal deve voltar a viver uma cheia, mesmo que pequena, podem ser vistos em Cuiabá e em Cáceres, em Mato Grosso.

Em Cáceres, o nível do rio está acima dos três metros desde o começo do ano, chegando aos pico de 4,54. Neste sábado amanheceu em 4,38, o que é 20 centímetros acima da média histórica para esta época do ano. 

Desde 2018, ano da última grande cheia no Pantanal, quando o pico em Ladário foi de 5,35 metros e a água inundo boa parte da planície, que o rio não tinha tanta água em Cáceres nesta época do ano. No ano passado, em nenhum dia chegou aos três metros nos dois primeiros meses do ano. 

Em Cuiabá a situação é ainda melhor. Neste sábado o nível estava em 5,12 metros. Isso é 1,32 metro acima da média história para este período do ano e 3,37 metros acima do nível em que estava no mesmo período do ano passado. 

Mas, o mais importante é que esta é a segunda vez que o nível ultrapassa a barreira dos cinco metros neste ano e desde o final de dezembro se mantém acima dos 3,5 metros. 

Em 2018, ano em que o Pantanal em MS encheu pela última vez, o nível do rio ficou acima dos quatro metros somente durante um dia em Cuiabá nos primeiros 39 dias do ano. Agora em 2025, ele esteve acima disso ao longo de 32 dias, evidenciando que tem muita água para chegar à planície pantaneira ao longo dos próximos meses. 

E o volume só não foi maior porque a hidrelétrica do Manso represou parte da água que estava a caminho do Pantanal. No começo de janeiro o nível do reservatório estava em 52%. Neste sábado, estava em 87%. Em meados de janeiro chegaram a entrar 1,8 mil metros cúbicos de água por segundo e somente 81 metros cúbicos eram liberados por segundo. 

Depois que  o lago chegou perto do seu limite, a vazão aumentou para até 279 metros cúbicos, mas a quantidade de água que entra no lago ainda é maior do que aquela que sai. No dia 1º de fevereiro, por exemplo, entraram 1.004 metros cúbicos por segundo. Porém, a vazão foi de apenas 113 metros cúbicos.

Embora atrapalhe uma possível cheia no Pantanal, o que é fundamental para o bioma, esta retenção de água ajuda a controlar o nível do rio no período de estiagem. No ano passado, quando o rio atingiu 69 centímetros abaixo de zero na régua de Ladário, o menor em 124 anos de medição, a situação só não foi pior porque em junho e julho ocorreu vazão extra na represa do Manso. 

PANTANAL DO MIRANDA

Mas, se o nível dos rios indicam que a região pantaneira que sofre influência do Rio Paraguai tende a ter cheia, o contrário ocorre na região sob influência do Rio Miranda.

Dados do Serviço Geológico do Brasil revelam que no último dia seis o nível na cidade de Miranda estava em apenas 1,43 metro. O normal para esta época seria de 4,7 metros.

Para transbordar na planície pantaneira, o nível teria de passar dos seis metros na região de Miranda. Até agora, porém, em nenhuma data chegou a atingir três metros. Para alagar o Pantanal, precisaria chover com intensidade nas regiões de Jardim, Bonito, Nioaque e Bodoquena. 

Assim como ocorreu com o Rio Paraguai, no ano passado o Miranda também enfrentou um de seus piores níveis da história, chegando a apenas 88 centímetros na cidade com o mesmo nome do rio. O nível mais baixo já registrado no local foi de 76 centímetros, em 2007. 

O Rio Aquidauana, outro importante tributário para provocar possíveis alagamentos na região pantaneira do Passo do Lontra, pólo do turismo de pesca do turismo de contemplação, está um pouco melhor, mas também abaixo daquilo que normalmente está nesta época. 

Na cidade de Aquidauana, na última quinta-feira, o nível do rio estava em 2,86 metros, sendo que o normal para esta época é de 3,71 metros. Somente quando o rio ultrapassa os sete metros é que ele entra na chamada cota de cheia, o que não ocorreu nenhuma vez na atual temporada de chuvas. 

INVESTIGAÇÃO

Ação do MPE tenta impedir nova mortandade de bovinos em fazenda de MS

Fiscalização da Polícia Militar Ambiental (PMA) observou várias carcaças de bovinos no local e outros sem forças para levantar devido a avançada condição de magreza e desnutrição

15/03/2025 09h45

Bovinos maltratados achados pela PMA durante apuração no local

Bovinos maltratados achados pela PMA durante apuração no local Fotos: Divulgação/MPMS

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A Fazenda Rubi e Safira, localizada em Rio Negro, município a 153 quilômetros de Campo Grande, está sendo investigada pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) após a Polícia Militar Ambiental (PMA) observar gados sob condições de maus-tratos e abandono.

Segundo consta nos documentos do inquérito civil, a propriedade rural tem cerca de 3,4 mil hectares, cujo dono é Quan Tsu Duh. 

Em outubro, na primeira fiscalização da PMA, os agentes ambientais encontraram 24 bezerros guachos sendo alimentos pela filha e esposa do capataz, que disseram que estavam fazendo isso pelas mães destes bezerros terem morrido de desnutrição ou elas não terem condição de amamentar os filhotes por não produzirem leite suficiente.

O capataz, identificado como Senhor Ivanildo, afirmou estar alimentando os animais da fazenda com feno, mas que ainda não havia recebido uma nova remessa e estava sem ter o que oferecer para eles. 

Ainda nesta primeira vistoria, uma das duas mangas não tinha água e estava com o bebedouro danificado, além de não haver alimento nas vasilhas. Na outra manga, tinha água e sal boiadeiro, mas também sem alimento nos cochos.

No inquérito, os agentes descreveram uma cena “curiosa” e triste. Ao chegarem perto da manga, os gados foram até eles na esperança que tivessem algum tipo de alimento, comportamento anormal da raça nelore, que geralmente se afasta ou corre quando pessoas ou veículos se aproximam.

No segundo dia de fiscalização, os agentes foram recebidos pelo filho do proprietário, do qual se identificou como Fernando. Ele contou aos policiais as dificuldades em comprar feno para alimentar os animais devido à alta demanda nos fornecedores.

Ao percorrer a fazenda, foram encontradas várias carcaças de bovinos no local e outros sem forças para levantar devido a avançada condição de magreza e desnutrição. Além disso, áreas onde deveriam ter grama e pasto para servir de alimentos aos gados estavam apenas com terra.

Diante dos fatos observados, a PMA aplicou um Auto de Infração Ambiental no valor de R$ 1.013.500,00, além de determinar a apreensão dos 2.027 gados presentes na fazenda. Também foi notificado solicitando a contratação de um veterinário para cuidar dos animais.

Após essas primeiras visitas, os agentes da Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Iagro) constataram que a Fazenda já está passando por algumas mudanças positivas, impulsionadas pela volta da chuva, o que fez a pastagem voltar ao “normal”. 

Ainda, o proprietário se comprometeu a reduzir a quantidade de cabeças de gado em sua propriedade. Em novembro, foram observados 156 bovinos já embarcando rumo a outro lugar.

Mesmo com algumas melhorias nos últimos meses, o MPMS retifica a necessidade de mudança de postura do proprietário quanto ao seu imóvel de maneira urgente, cujo, caso contrário, será punido.

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Mato Grosso do Sul

Contrato da Lotesul pode durar até 35 anos; licitação é mantida pelo governo

Após pedidos de impugnação, a Secretaria de Estado de Fazenda refutou cancelar o certame, o mantendo para o dia 17

15/03/2025 08h00

Sefaz negou impugnação do edital de licitação para escolha de gestora da nova loteria estadual

Sefaz negou impugnação do edital de licitação para escolha de gestora da nova loteria estadual Gerson Oliveira / Correio do Estado

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A vencedora da licitação para gerir a Loteria Estadual de Mato Grosso do Sul (Lotesul) pode ficar à frente do negócio milionário por até 35 anos, caso o contrato seja prorrogado. 

O certame que escolherá a empresa que cuidará da loteria em MS ocorre nesta segunda-feira, após o governo do Estado decidir manter a concorrência, mesmo com dois pedidos de impugnação.

O contrato com a vencedora terá inicialmente o prazo de 10 anos, porém, se todos os aditivos legais de tempo forem aplicados, a empresa poderá chegar a 35 anos no comando da Lotesul, que tem a estimativa de gerar uma receita média anual de R$ 51,4 milhões, segundo o edital de licitação.

O prazo dilatado seria, para o governo do Estado, uma forma de aumentar “o potencial de as empresas oferecerem propostas mais vantajosas, com o oferecimento de maior retorno ao Estado pela obtenção do contrato”.

“O prazo de vigência se justifica pelo fato de demandar grandes investimentos e atualizações constantes, cuja amortização demanda tempo, especialmente diante da preferência de o Estado de se manter detentor dos códigos-fonte da plataforma ao término do contrato”, justifica.

A licitação busca uma empresa para gerir a loteria estadual, que pode retornar à ativa após quase 20 anos de sua extinção. O vencedor do certame deverá repassar, pelo menos, 16,17% da receita bruta para o governo de Mato Grosso do Sul.

Esse porcentual, no entanto, pode ser maior, uma vez que as propostas serão justamente em cima do repasse ao governo, ou seja, vence a licitação quem propuser o maior repasse à administração estadual.

IMPUGNAÇÃO

Nesta semana, duas empresas ingressaram com um pedido de impugnação contra o edital de licitação para a Lotesul. Porém, aos 45 do segundo tempo, a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), responsável pelo certame, refutou a ideia de adiar ou cancelar a concorrência.

Um dos impugnantes, conforme antecipou o Correio do Estado, era Jamil Name Filho, o Jamilzinho, que atualmente está preso na Penitenciária Federal de Mossoró (RN).

Na resposta da Pasta ao pedido do ex-bicheiro, entre as justificativas para negar o pedido, a Sefaz afirma que ele não seria parte afetada do certame porque, segundo ela, Jamilzinho não teria vínculo com a licitação.

“No presente caso, o impugnante não demonstrou vínculo com a licitação em questão, seja como participante direto, seja como parte afetada, não sendo proprietário, representante legal nem empregado de empresa que potencialmente participaria do certame, o que configura ausência de legitimidade para apresentar a impugnação. O impugnante não demonstra como o edital ou o como o processo licitatório causariam prejuízo direto a seus direitos ou interesses, mas sim interferir no processo licitatório sem justificativa, prejudicando o andamento do certame”, diz a Sefaz.

À reportagem, o advogado de Jamilzinho, André Borges, afirmou que a decisão “não examinou a impugnação à luz das previsões legais”. “A licitação tem um claro direcionamento, restringindo gravemente o universo de participantes. 

Logo teremos a decisão do TCE-MS [Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul]. Se necessário, levaremos o assunto ao Judiciário, que saberá corrigir o que está errado”, declarou.

No caso do segundo pedido de impugnação, feito pela empresa Criativa Technology, que afirmou que o edital estaria favorecendo apenas uma empresa, a Sefaz negou e informou que o documento “está alinhado às diretrizes normativas federais”.

“A alegação de que essa exigência limitaria a concorrência a empresas que já operam nos estados do Rio de Janeiro e do Paraná também não se sustenta, pois a União já autorizou a operação de 79 empresas, as quais estão aptas a atuar no mercado de apostas. O número de empresas autorizadas ainda pode crescer, demonstrando que a exigência de homologação no Bacen [Banco Central do Brasil] não restringe a concorrência, mas sim estabelece um critério essencial para a segurança do setor”, alega o Estado.

“O edital adota práticas comuns do mercado e está alinhado às diretrizes normativas federais. Além disso, os argumentos apresentados na impugnação refletem uma interpretação equivocada sobre as exigências de interoperabilidade dos sistemas, compliance financeiro e regras de jogo responsável”, segue em outro trecho.

“FAVORITA”

Reportagem publicada nesta sexta-feira pelo Correio do Estado mostrou que, segundo fontes da reportagem, a empresa que hoje estaria contada entre as “favoritas” a vencer a licitação da loteria esportiva seria a PayBrokers, sediada no Paraná e que já é responsável pela loteria daquele estado.

A empresa, no entanto, é investigada pela Polícia Civil de Pernambuco em esquema de casas de apostas ilegais. Conforme a investigação, empresas habilitadas estariam lavando dinheiro para jogos de azar para bets não regularizadas.

No caso da PayBrokers, entre 2022 e 2023, ela teria recebido quase R$ 10 milhões da Sports Entretenimento e Promoção de Eventos Esportivos Ltda. Além disso, teria feito pagamentos à influenciadora digital e advogada Deolane Bezerra, que foi presa na operação deflagrada no ano passado.

Por causa desses indícios, o dono da PayBrokers, Edson Antônio Lenzi Filho, e Thiago Heitor Presser, ex-sócio da empresa, tiveram mandados de prisão emitidos contra eles. Presser foi preso em Cascavel (PR), e com ele foram apreendidos R$ 70 mil em diferentes moedas. Já Lenzi Filho não foi encontrado na época.

Saiba

A licitação para a escolha de empresa que vai gerir a Loteria Estadual de Mato Grosso do Sul (Lotesul) pelos próximos 35 anos será realizada a partir das 8h30min desta segunda-feira, virtualmente, por meio do site compras.ms.gov.br.

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