O aposentado Cícero Leite da Silva, 66, também agricultor, encaminhou um ofício à prefeita de Campo Grande Adriane Lopes, do Patriota, dizendo-se ter sido vítima de um calote que beira à casa dos R$ 600 mil num negócio imobiliário.
Ele afirma ter comprado duas áreas, que somam 16 hectares, mas na hora de buscar as escrituras, descobriu que os bens não pertenciam aos vendedores. Um dos imóveis, sustenta Silva, é da prefeitura e, o outro, do Estado de Mato Grosso do Sul.
De acordo com o ofício, no qual o aposentado chama os vendedores de integrantes de uma "quadrilha" e pede a ajuda da prefeita, Cícero afirma que o grupo que ele denuncia "usa nomes de pessoas importantes, como do ex-prefeito Marquinhos Trad [candidato ao governo pelo PSD], e os vereadores Delei Pinheiro [do PSD], Pitu [Sílvio, também PSD] para pegar dinheiro do povo".
A prefeitura ainda não informou se pediu, ou não, investigações acerca do episódio.
Ainda conforme o documento o qual o Correio do Estado teve acesso, ao perceber o suposto golpe, e, ao pedir o dinheiro de volta "eles [vendedores] vêm com ameaças".
Em dezembro do ano passado, Cícero Leite registrou um boletim de ocorrência contra um dos vendedores, segundo ele identificado como George Hamilton Vareiro Alles, 48.
Alles, garante Cícero, vendeu a ele, por R$ 200 mil, área de 10 hectares, na saída do distrito de Rochedinho.
Pela área, o aposentado permutou um lote, situado em Campo Grande, no valor de R$ 120 mil, mais R$ 5 mil em dinheiro e dois veículos, um Chrysler Grande, avaliado em R$ 25 mil e um Peugeot 307, cotadio em R$ 25 mil. Alles teria dado um desconto de R$ 5 mil ao aposentado, que descobriu depois que a área pertence ao Estado.
Outro imóvel comprado por Cícero, segundo ele, situa-se na saída para Sidrolândia, de 6 hectares. A área, que lhe custou R$ 250 mil, afirmou ele, é propriedade do município de Campo Grande.
"Aqui [área] posso investir numa pousada, plantações", afirmou ele.
O aposentado afirmou ainda ter negociado área que depois soube ser pública, também, na avenida Tamandaré, em Campo Grande. "Perdi R$ 600 mil, isso não pode ficar assim", protestou o aposentado.
Perdeu Tudo
Cícero Leite narrou à reportagem que o dinheiro e os bens gastados nas duas áreas arrecadou na venda de 20 hectares, que era propriedade sua localizada perto do rio Aquidauana, no município de Rochedo.
Ou seja, segundo ele, perdeu todo o patrimônio que havia acumulado nas últimas três décadas.
"Eles [vendedores], antes de negociar comigo, diziam que eram donos de fazenda, gado, soja. Agora, além de não me devolverem dinheiro me chamam de sem vergonha, preto safado", afirmou Cícero, que acrescentou: "só quero meu dinheiro de volta, só isso".
Ele revelou que havia adquirido as áreas para mexer com agricultura.
O histórico relatado pelo aposentado foi confirmado por seu advogado, Luiz Fernandes, que cuida do caso e será o responsável, segundo o aposentado, pelo encaminhamento de duas ações, uma cível, outra criminal, contra os vendedores que, supostamente, teriam trapaceado ele na venda dos dois imóveis.
No ofício encaminhado à prefeita, Cícero relaciona, também, além do nome de George, os nomes de José Augusto Gomes Montene e outros dois nomes, que se chamariam Luiz, Fábio e Antônio Carlos.
Por telefone, José Augusto limitou-se a dizer que o "negócio com Cícero" estaria num estágio que o chamou de "tratativa", ou seja, buscando um acordo com o aposentado. Ele negou que tenha trapaceado na venda.
Também por telefone, Alles, não quis conversar sobre o assunto. Antes, negou que tenha praticado golpe contra Cícero.
O aposentado Cícero Leite registrou contra ele dois boletins de ocorrência, por ameaças.
A reportagem tentou ouvir o advogado de José Augusto e de Georges Alles, que seria "doutor Francisco", mas não conseguiu. As ligações cairam sem que alguém atendesse. O espaço aqui está reservado caso o defensor queira manifestar.