karine cortez
A arquiteta Eliane Nogueira de Andrade, 39 anos, foi encontrada carbonizada, dentro do próprio carro, na madrugada de ontem, na Rua Manoel de Nóbrega, divisa entre os bairros Vilas Boas e Parque Dalas, em Campo Grande. O marido dela, o empresário Luís Afonso Santos de Andrade, 42 anos, é o principal suspeito do crime, segundo o titular da 4ª Delegacia de Polícia das Moreninhas, Wellington de Oliveira, devido as evidências de crime passional. Ele foi a última pessoa a ter contato com a vítima, na noite de quinta-feira, e disse à polícia que vinha tendo constantes brigas com a esposa, com quem se casou em 2008. O corpo estava no banco traseiro do veículo da arquiteta, um Polo de cor prata, que também estava totalmente queimado.
O empresário contou ao delegado que na quinta-feira esteve em uma festa, em companhia da esposa, da qual, segundo ele, estava se separando. No local consumiram bebida alcoólica e depois ele teria ido deixá-la, por volta de 1h, no apartamento onde moravam. “Ele disse que estava dormindo no escritório dele depois de terem se separado. Mas, se contradiz a todo instante e não soube dizer como foi para o escritório, sendo que os dois teriam saído juntos da festa e ele conduzindo o carro dela”, disse o delegado Wellington.
O empresário revelou, ainda, que no caminho os dois teriam iniciado uma briga e mostrou um arranhão no rosto que seria resultado da discussão. Mas, o porteiro do residencial Ilha Bela, localizado na Avenida Mato Grosso, onde os dois moravam, disse que assumiu o serviço as 22h de quinta-feira e até às 6h de ontem não viu o casal entrando ou saindo do local. Também esteve na delegacia o amigo da vítima, arquiteto Luís Pedro Scalise, que esteve na companhia do casal na noite de quinta-feira. Luís Pedro apresentou ao delegado fotos do jantar em que estiveram juntos e ficou constatado que o empresário mentiu sobre a roupa que estaria usando na noite de quinta-feira. “A roupa que ele disse estar usando, não é a mesma da foto”, afirmou.
Ainda de acordo com o delegado, “em momento algum ele demonstrou tristeza pela morte da mulher e não derramou uma lágrima durante toda a conversa”. Outro fato que favorece a suspeita de crime passional é que, segundo Wellington, Eliane não tinha antecedentes criminais, não usava drogas e também não tinha dívidas. A família da vítima confirmou ao delegado que as brigas entre o casal eram constantes.
Corpo
A polícia chegou ao local do crime depois que o Corpo de Bombeiros, por volta das 4h, foi acionado por moradores da região para apagar incêndio em um veículo. Depois que o fogo foi controlado é que houve a constatação de que havia um corpo dentro. De acordo com o delegado Wellington o cadáver, bem como o carro, estavam totalmente carbonizados e, por conta disso, não foi possível identificar se a jovem já estava morta ou foi espancada antes de o carro ser incendiado. “Pelas condições do corpo só mesmo a perícia para apontar a causa da morte”, disse o delegado.
O corpo da vítima foi reconhecido pelo irmão dela – que não teve a identificação divulgada –, por meio de um anel que Eliane usava e encaminhado para o Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol). O veículo foi encaminhado para o Instituto de Criminalística, onde será submetido a perícia. O delegado já tem a informação de que o carro foi incendiado com gasolina. Em diligência no escritório do empresário, na manhã de ontem, a polícia localizou o cupom de débito de um posto de gasolina, localizado na Rua 13 de Maio, referente a compra de R$ 50 em gasolina feita na quinta-feira, às 14h. “Ele havia dito que não tinha abastecido o veículo dele na quinta-feira. Agora, vamos querer saber o por quê dessa compra”, enfatizou o delegado.
Arquiteta
A arquiteta foi destaque na Casa Cor em 2009, que aconteceu em Campo Grande. Com o projeto Oásis, inspirado na Polinésia, assinado por ela e pelo sócio, o arquiteto Luís Pedro Scalise, Eliane ganhou o prêmio de projeto mais original da mostra. O ambiente projeto pelos dois era o maior de toda a casa com 380 m².