Artigos e Opinião

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Imagine acordar amanhã e ver um vídeo do presidente da República declarando guerra a outro país. A imprensa corre para confirmar. As redes entram em colapso. O mercado despenca. O mundo segura a respiração. Horas depois, descobre-se: era tudo falso. O vídeo nunca aconteceu. A fala foi forjada. A guerra, imaginária – mas o dano, irreversível.

Não é ficção científica. É o nosso presente.

Nos últimos dias, circulou no Brasil um vídeo em que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, supostamente chama Lula de “um desastre total”. As imagens são reais, a voz é convincente, o vídeo é tecnicamente perfeito – mas é uma mentira construída por inteligência artificial. Uma fraude. Uma peça de desinformação que passou por verdadeira aos olhos de milhares de brasileiros. E esse é o verdadeiro desastre.

O que está acontecendo diante de nós é mais do que uma nova onda de fake news. É o início de uma era onde a própria realidade se torna maleável. Onde não há mais garantias de que o que vemos ou ouvimos corresponde, de fato, ao que aconteceu. Entramos na era da pós-verdade sintética, e, se não reagirmos agora, ela vai nos engolir vivos.

O perigo é real – e não se limita a um vídeo ou a um personagem político. Hoje foi Lula. Amanhã será outro. Nenhuma liderança, nenhuma instituição, nenhum cidadão está imune. O que está em risco não é a imagem de um político, mas a base da nossa convivência civilizatória: a confiança nos fatos, nos sentidos, naquilo que consideramos real.

E, por mais brutal que seja dizer isso, o maior aliado desse colapso é o fanatismo. Enquanto estivermos presos às nossas trincheiras ideológicas, brigando para ver quem “lucra” mais com a mentira, estaremos alimentando exatamente o que nos ameaça. A inteligência artificial usada para manipular a opinião pública não tem viés – mas quem a espalha sabe muito bem como explorar o nosso.

Precisamos de um pacto. E não, não é um pacto de esquerda ou de direita. É um pacto de sobrevivência democrática. Um acordo mínimo para proteger o Brasil – e os brasileiros – desse veneno que se espalha rápido demais. Um veneno que não respeita partido, religião ou classe social. Um veneno que pode, sim, implodir o tecido da nossa democracia, se não formos capazes de reagir.

O Congresso precisa agir com urgência. O Judiciário precisa se posicionar com firmeza. O Executivo precisa liderar com responsabilidade. A imprensa deve redobrar sua vigilância. As plataformas digitais precisam ser responsabilizadas. E a sociedade civil – todos nós – temos de acordar. Não há mais tempo para ingenuidade. Nem espaço para omissão.

Regulamentar o uso da inteligência artificial não é censura. É proteção. É preservação da verdade como bem público. É garantir que o debate político, a escolha do eleitor, as decisões de Estado e o próprio senso de realidade não sejam sequestrados por simulações.

Ainda há tempo. Mas só se abrirmos mão, imediatamente, da polarização que nos cega. A verdade não pode ter cor partidária. A integridade dos fatos não pode ser disputada como se fosse um placar eleitoral. Precisamos levantar a cabeça e lembrar: ou enfrentamos isso juntos, ou cairemos todos, um a um, dentro de uma mentira impossível de desfazer.

O futuro da democracia brasileira depende da nossa coragem de agir agora. Sem ego, sem cálculo político, sem ilusão. Só com a verdade – e com a urgência que ela exige.

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Editorial

A transparência que regula o mercado

A oferta e a demanda continuam sendo os motores da precificação, mas precisam atuar dentro de parâmetros minimamente justos e transparentes

17/06/2025 07h15

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Em uma democracia, a imprensa, os órgãos de fiscalização e o mercado livre formam um ecossistema de autorregulação que pode – e deve – funcionar de maneira saudável e equilibrada. Cada um tem o seu papel. A imprensa denuncia e traz à tona informações de interesse público e os órgãos de controle fiscalizam e aplicam a lei, enquanto o mercado, impulsionado pela concorrência e pela pressão social, ajusta-se para melhor atender o consumidor.

Um exemplo prático desse ciclo virtuoso ocorreu na semana passada, quando o Correio do Estado publicou uma reportagem detalhada, baseada em dados de faturamento e impacto econômico, mostrando que, apesar da redução no preço dos combustíveis anunciada pela Petrobras, os postos e as distribuidoras não a haviam repassado integralmente ao consumidor final.

De fato, o repasse da queda nos preços só começou a ocorrer – curiosamente ou coincidentemente – depois da publicação da reportagem. Até então, o consumidor permanecia pagando um valor que não refletia a nova realidade dos custos de aquisição dos combustíveis. Uma situação que, à primeira vista, representava uma distorção de mercado, com claro prejuízo ao cidadão.

Além de informar, o Correio do Estado também cumpriu outro papel fundamental, ao cobrar publicamente uma ação efetiva dos órgãos de fiscalização, como o Procon, para que se verificasse o que, de fato, estava acontecendo. Afinal, em um mercado considerado livre, a liberdade de preços não significa liberdade para abusos.

É justamente esse tipo de pressão, vinda da sociedade e estimulada pela imprensa, que provoca ajustes no mercado. A oferta e a demanda continuam sendo os motores da precificação, mas precisam atuar dentro de parâmetros minimamente justos e transparentes. A omissão de informações, a formação de preços descolada da realidade de custos e a falta de fiscalização são inimigas da concorrência saudável.

Acreditamos que o dever da imprensa em uma democracia, entre tantos outros, é esse: mostrar informações relevantes para a sociedade, para que ela saiba o que está acontecendo diante de seus olhos e que, muitas vezes, ela não se dá conta. O cidadão precisa estar bem informado para exercer seu direito de escolha e de cobrança. Um consumidor bem informado é um consumidor mais consciente, e um mercado que sabe que está sendo observado tende a ser mais equilibrado.

Que fique como lição: em uma democracia, transparência e fiscalização não são favores, são deveres de todos – e a imprensa tem o compromisso de garantir que eles sejam cumpridos. Não se trata de criar confrontos desnecessários, mas de reforçar o senso de responsabilidade de todos os agentes envolvidos. Afinal, quando a informação circula com clareza, a sociedade toda sai ganhando.

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A importância da autoestima no sucesso pessoal e profissional

Mirian Pereira: Psicóloga e escritora, pós-graduada em Neurociência e Comportamento

13/06/2025 07h30

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Em mais de 25 anos acompanhando pessoas em seus processos de transformação, vi uma verdade se repetir inúmeras vezes: ninguém chega longe se não acreditar que merece estar lá. Autoestima não é apenas gostar de si. É um pilar silencioso que sustenta decisões, atitudes e conquistas, tanto na vida pessoal quanto na trajetória profissional. Quem não reconhece o seu próprio valor quase sempre se sabota antes mesmo de começar.

Autoestima é o sentimento de valor que você tem sobre si mesmo. Não se trata de se achar melhor que os outros, mas de ter consciência do seu valor, dos seus limites e das suas potências. É ela que te ajuda a dizer sim para oportunidades e não para relações que ferem. É ela que te faz levantar depois de uma queda. Sem autoestima, a autoconfiança enfraquece e, com isso, a vida desacelera. Em “A dor só passa quando você passa por ela”, escrevo: “Você pode ir além da dor”. Mas isso só acontece quando você acredita que é digno de um futuro melhor.

No trabalho, a autoestima é a sua aliada silenciosa. Você já reparou como pessoas seguras de si se posicionam com mais clareza?Elas se expressam com firmeza, tomam decisões, pedem aumentos, lideram – 
não porque são perfeitas, mas porque confiam em quem são.

Por outro lado, quem tem a autoestima abalada vive se sabotando, evita visibilidade, aceita sobrecargas, duvida de suas conquistas.E isso compromete não só o desempenho, mas o bem-estar emocional no ambiente de trabalho.

Já na vida pessoal, a autoestima define o que você aceita. Relacionamentos afetivos, amizades, criação dos filhos, tudo é atravessado pela forma como você se vê. Uma pessoa com autoestima fortalecida se respeita e impõe limites, não se anula para agradar, se permite recomeçar e, o mais importante, se escolhe todos os dias, mesmo quando é difícil.

Construir autoestima é possível, ninguém nasce pronto. A autoestima é uma construção diária, feita de autocuidado, autorrespeito e autocompaixão.É o que você fala para si mesmo, é como você se acolhe 
nos dias difíceis e é a forma como você se olha no espelho, mesmo quando está cansado ou inseguro.

“A cura começa com uma escolha”, como escrevi no meu livro.E essa escolha pode ser me priorizar, me fortalecer, me permitir. Conclusão: o sucesso pessoal ou profissional não é sobre fazer mais. É sobre ser mais verdadeiro consigo mesmo.E isso começa dentro.Com autoestima, você caminha com mais leveza, clareza e coragem.

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