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OPINIÃO

Adriano Magno de Oliveira: "Pensão alimentícia para filhos"

Advogado

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Diz a lei que são deveres de ambos os cônjuges o sustento, guarda e educação dos filhos, além da exigência de respeito e obediência. Esses deveres, que fazem parte da administração da sociedade conjugal, são repartidos entre o marido e a mulher, em sistema de colaboração, qualquer que seja o regime do casamento. Do mesmo modo, nada importa que o casal venha a se separar, mediante divórcio ou não.

O direito de família, vasto como o universo, é de interesse de todos os povos, mas nos limitamos, aqui, ao dever de prestar alimentos aos filhos. Oportunamente, haverá orientações sobre o dever/direito a alimentos entre marido e mulher. É o chamado dever de assistência recíproca.

É complexo o tema diante das situações fáticas como: a) anulação ou nulidade do casamento; b) adultério; c) injúria grave; d) separação de fato; e) separação judicial; f) tentativa de morte; g) abandono do lar; h) divórcio; i) conduta desonrosa; j) condenação por crime infamante. Isto ficará para outro dia.

É filho o nascido de união pelo casamento, civil ou religioso, ou vindo de sociedade conjugal de fato ou de relação ocasional. Não importa. O adotivo também é filho. Todos são exatamente iguais perante a lei. A condição de filho se adquire também por meio de ação de investigação de paternidade. Do mesmo modo, a qualquer tempo, o pai tem o direito de ingressar com ação negando a paternidade e, se procedente, livrar-se da obrigação de pagar alimentos.

Se o filho mora com os pais, obviamente todos estão formando um mesmo grupo, não havendo, normalmente, necessidade de a justiça fixar alimentos. A obrigação de prestar alimentos é recíproca entre pais e filho. Os papéis podem se inverter e o filho ter de sustentar os pais.

O valor dos alimentos depende da capacidade financeira de quem os deve e das necessidades do filho. Os dois podem fazer um acordo. Não havendo acordo, o juiz fixará um porcentual sobre os ganhos do alimentante, valendo registrar que o crédito alimentar é impenhorável. Não responde por dívidas do alimentando. O pagamento da pensão tem de ser mensal e cada prestação em atraso prescreve ou caduca em dois anos, acarretando a perda do direito ao recebimento. O filho ou credor pode penhorar bens do devedor e até pedir ao juiz sua prisão. É importante esclarecer que o alimentando só pode cobrar as parcelas devidas a partir da data do ajuizamento da ação. Ao ser julgada a ação, se improcedente, quem recebeu dinheiro de alimentos não estará obrigado a devolvê-lo.

Os avós, na falta dos pais ou na incapacidade financeira destes, são obrigados a pagar alimento aos netos. O filho pode entrar com ação contra os pais e contra os avós, ao mesmo tempo, mas fica obrigado a provar que os genitores não podem arcar, sozinhos, com o pagamento. Pode ajuizar somente contra os avós, se os pais forem ausentes ou comprovadamente sem condições financeiras. Neste caso, os avós podem chamar ao processo os pais do credor dos alimentos. Os avós têm obrigação sucessiva em relação aos pais do alimentando.

O tio e o sobrinho não têm direito entre si, dizendo-se o mesmo quanto aos primos, a não ser em situações especiais e com base no dever de solidariedade ou se sob a guarda de quem é solicitado o pagamento de alimentos. Aliás, quem tem a guarda de qualquer menor, parente ou não, tem o dever de sustentá-lo, guardá-lo e educá-lo.

E com relação ao filho que ainda se encontra no ventre da mãe? Tem direito também, embora o atributo personalidade civil só comece no instante do nascimento com vida. A lei chama esse ser de nascituro e protege seus direitos desde a concepção e a própria gestante também. A gestante, provando sua necessidade, pode ingressar com ação de alimentos em favor do nascituro e contra aquele que a engravidou. Tem de fazer prova cabal da gravidez e ter indícios relativos à paternidade. Se a gestante usar de má-fé, ajuizando ação contra quem sabidamente não é o pai, será processada criminalmente e responderá também por danos materiais e morais.

Esse tipo de alimento tem por finalidade proporcionar uma gestação segura e qualificada para o nascituro e para a mãe. Ao nascer com vida a criança, esse benefício se converte em pensão alimentícia, automaticamente, e não se extingue a não ser por iniciativa da mãe ou do pretenso pai ou por qualquer das causas legais de extinção.

A menoridade termina aos 18 anos completos, mas o dever de prestar alimentos não se extingue automaticamente com essa idade. O alimentante tem de ingressar com uma ação de exoneração de alimentos e aguardar a decisão do juiz. Por sua vez, o credor dos alimentos, se pretender a continuidade, terá de fazer prova de sua necessidade extrema. Neste caso, se forem mantidos, passarão a ser devidos não em razão da relação pai/filho, mas por conta do parentesco. Em qualquer caso, o filho estudante universitário tem direito até os 24 anos, média de idade para se formar em um curso superior. Se inválido o filho, os alimentos continuarão normalmente.

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Vovós: novos tempos, novas regras

15/03/2025 07h45

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A imagem da avó dedicada integralmente aos netos, um arquétipo arraigado no imaginário popular, está sendo drasticamente reformulada. Um estudo da SeniorLab Mercado e Consumo 60+, com base em dados de 18.604 homens e mulheres 60+ de todo o Brasil cadastrados na Maturi, revela que “cuidar dos netos” ocupa apenas a 18ª posição na lista de hobbies preferidos das mulheres dessa faixa etária. Essa descoberta não apenas desafia estereótipos, mas também sinaliza uma mudança crucial no comportamento do consumidor sênior, com implicações significativas para o mercado. O mito da avó totalmente dedicada à família obscureceu por muito tempo a individualidade e os desejos das mulheres 60+. A pesquisa evidencia uma mudança de paradigma: essa persona está se transformando em um consumidor com novas demandas, aspirações, foco no seu cuidado e limites.

A longevidade crescente e a melhoria da qualidade de vida criaram um novo segmento de consumo: mulheres 60+ que buscam autonomia e realização pessoal. A aposentadoria, antes vista como um declínio, agora é percebida como uma oportunidade para investir em experiências e atividades que proporcionem bem-estar e prazer. A atividade física lidera o ranking de hobbies, seguida por viagens, culinária e atividades sociais. Esse perfil de consumo busca produtos e serviços que promovam saúde, bem-estar e experiências enriquecedoras, em que a tecnologia desempenha um papel fundamental na vida das mulheres 60+, conectando-as ao mundo e abrindo novas oportunidades de consumo. A internet e as redes sociais são canais essenciais para alcançar esse público, oferecendo informações, produtos e serviços personalizados.

A mudança de prioridades das avós exige uma revisão das estratégias de marketing quando o ponto de interesse é a família. O foco não deve ser apenas nos produtos e serviços para netos, mas também nas necessidades e desejos das avós como consumidoras independentes. O mercado de produtos e serviços para o envelhecimento ativo e saudável está em franca expansão. As mulheres 60+ são um público-alvo promissor para empresas que oferecem soluções para saúde, bem-estar, lazer e educação. Os novos luxos da consumidora 60+ são o autocuidado e o bem-estar. As empresas que oferecem produtos e serviços que promovam a autoestima, a saúde mental e a beleza têm um grande potencial de crescimento nesse mercado.

As marcas que desejam se conectar com o público 60+ precisam quebrar estereótipos e adotar uma nova narrativa, que valorize a autonomia, a individualidade e a diversidade das mulheres nessa faixa etária. A maturidade feminina é diversa e multifacetada. As empresas precisam adotar estratégias de marketing personalizadas, que primeiramente entendam e depois atendam às necessidades e desejos específicos de cada segmento. A mídia e o marketing têm um papel fundamental na reafirmação e na consolidação de novas narrativas sobre a maturidade feminina. É preciso dar voz às mulheres 60+, mostrando suas histórias, seus desafios e suas conquistas.

As empresas que desejam se destacar no mercado 60+ precisam adotar uma postura de responsabilidade social e inclusão, oferecendo produtos e serviços acessíveis e adaptados às necessidades desse público. O futuro do mercado 60+ é gigante e trilionário, com um grande potencial de inovação e oportunidades. As empresas que forem bem orientadas e aprenderem a compreender as necessidades e desejos desse público estarão à frente da concorrência. Ao adotar práticas inclusivas e valorizar a diversidade, as empresas contribuem para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa.    

O conceito de “aging in market” emerge como um pilar fundamental neste momento de redefinição estratégica para o mercado 60+. À medida que a sociedade evolui e os estereótipos tradicionais se desfazem, torna-se imperativo ajustar bússolas, narrativas e mensagens para refletir a realidade multifacetada desse público. Não se trata apenas de reconhecer o envelhecimento populacional como um fato, mas de compreender as nuances desse processo e como ele molda o comportamento do consumidor sênior e o quanto a indústria criativa ainda se baseia em preconceitos disfarçados de percepções. Ao adotar uma abordagem centrada no marketing 60+, as empresas podem se aperfeiçoar, criar produtos, serviços e campanhas de marketing que ressoem autenticamente com o público 60+, construindo relacionamentos duradouros e impulsionando o crescimento.

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Caminhos da vida

15/03/2025 07h15

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Se o espaço ocupado neste jornal é colocado à disposição do público com o objetivo de informar a respeito de assuntos, políticos, financeiros e tantos outros, orientando e esclarecendo sobre temas sociais e humanitários, a nós é dado esse espaço para temas de espiritualidade. Agradecemos e pedimos bênçãos e luzes divinas.

São temas e assuntos do interesse de todas as camadas sociais, e quem esteja por detrás dessa verdadeira máquina de informações tem a responsabilidade de sempre bem informar. Tem o compromisso delicado de formar a consciência dos leitores, talvez, convencê-los de uma realidade nada agradável, necessária e urgente. 

Sabemos ser comum o comodismo, tanto intelectual quanto social e religioso. Contentam-se com aquilo que aparece nas redes sociais. Não sentem atração para uma leitura mais profunda e mais crítica. Querem longe os pensadores e os pensamentos.

Essa realidade leva para a Bíblia Sagrada. Cada página é uma lição. Cada livro, um ensinamento. Cada livro, algo para refletir, analisar e acolher o Mestre dos mestres com suas propostas de vida e seus consequentes desafios. Não deseja admiradores. Quer profetas. Esses são muitos. Quer mártires que se disponham a doar a vida até a morte e a morte na cruz.

No Evangelho escrito por Lucas (Lc. 44,1-4), encontramos a narrativa de um fato um tanto curioso. O Mestre, após um atendimento estafante, curas e pregações, chama junto a si Pedro, Tiago e João. Com eles, sobe uma alta montanha para uma oração. Não chamou o povo. Devia estar bastante cansado.

Enquanto o Mestre rezava, eles dormiam. Ao acordarem, ficaram encantados com a cena que se desenrolava em sua frente. Pensaram no mais cômodo. Isto é, arrumar conforto para os personagens, enquanto eles permaneceriam em contemplação.

Mas Deus tinha outra tarefa, outra atitude a se efetuar. Deveriam descer a montanha, pois o povo continuava esperando doente e faminto. Era hora de sair do comodismo. Era hora de desapegar-se dos bens, tanto materiais quanto afetivos, e lançar-se na luta contra os males do mundo que atormentavam as boas intenções.

Essa ação estava muito difícil. O Demônio estava vivo mais do que nunca. Estava lançando contra o Mestre todas as artimanhas enganadoras. Não queria perder a batalha. E tinha que ser derrotado.

Hoje a luta continua. Somos nós os tentados pela maldade desse mundo. Temos em oferta a tentação do enriquecimento ilícito, a tentação do poder com seus tentáculos enganadores e a tentação do prazer fácil.

Aparentemente, dão a sensação de serem fáceis de superar e vencer. No entanto, teremos a necessária prudência e bem elaborada astúcia. Precisamos de uma arma que nos defenda de toda e qualquer cilada. 

A arma será a oração, o jejum e a caridade. A oração para sentir a força de Deus. O jejum para se libertar do comodismo. A caridade como um jeito de socorrer com desprendimento como Jesus fez no alto do calvário.
Assim como ele, também somos chamados a entregar a vida nos braços da cruz, para abraçar a humanidade e ressuscitar gloriosos para a eternidade.

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