Em algum momento da nossa evolução, rompemos. Deixamos de acreditar que somos dependentes e passamos a pensar e agir como independentes, soberanos e até Homo Deus. Avançamos na maioria das relações de forma destrutiva e egoísta para satisfazer nossas necessidades, em sua grande maioria pessoais, em detrimento do coletivo. Resolvemos definir isso como desenvolvimento, e, na evolução, aperfeiçoamos para nosso conforto político, para desenvolvimento sustentável. Diante de muitas agressões, quando simplesmente passamos a produzir em média 1 quilo de lixo/dia por pessoa e fomos orientados a colocá-lo para fora de casa, para coleta, sem a preocupação de saber para onde vai exatamente, atingimos a plenitude da ruptura com nossa casa, a Terra.
Hoje, mais de 90% da população vive nas cidades, e, diante do colapso dos clubes e parques urbanos de lazer nos fins de semana, passamos a buscar áreas silvestres, paisagens e rios com águas cristalinas. Esta tendência mundial nos traz uma oportunidade fantástica de potencializar nossos recursos naturais, em razão dos quais somos privilegiados, e nos transformarmos um grande destino de natureza. É uma decisão política inclusiva, que gera empregos e movimenta uma economia fantástica a exemplo do que já praticamos de forma modesta, pelos nossos números atuais.
Apenas cerca de 300 mil turistas, entre Pantanal e Serra da Bodoquena, se destinam ao Estado, o que certamente pode ser dobrado sem gerar impactos, com a competência do trade turístico instalada e uma gestão ambiental inteligente e competente. Temos acesso à infraestrutura a recursos naturais conservados e ainda inexplorados, a exemplo do Rio Perdido.
Podemos consolidar nosso estado como o melhor e maior destino turístico do País de natureza e ecoturismo. Devemos continuar produzindo carne, grãos, celulose, mas podemos continuar sendo também grandes “produtores de natureza”. Esse conceito inovador está associado a todas as iniciativas de proteção e uso de recursos naturais, onde existem ecossistemas completos, histórias e culturas. O resultado se traduz em uma economia crescente, oportunidades para todos aqueles que vivem nesses lugares e orgulho. Nosso estado é privilegiado neste sentido. Para isso, basta repactuarmos nossos compromissos, nos quais os interesses devem ser equilibrados, e sermos Pop, Tec e Tudo, em todas as áreas. Não precisamos de novas normas ou processos jurídicos infindáveis, em que apenas um segmento ganha e o coletivo perde. A negação dos fatos, entender ou classificar como “fake” a realidade, nos dividirmos em agro e ambientalistas elimina a oportunidade de usarmos nossa sabedoria e competência para construir um estado forte, de oportunidades e riqueza. Já disse o maior poeta, Manoel de Barros: “Que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças, nem barômetros, etc.
Que a importância de uma coisa tem de ser medida pelo encantamento que a coisa produz em nós”. Afinal, devemos, motivados por este encantamento, aproveitar nossas riquezas naturais para construirmos juntos uma ponte para o futuro.