A Organização das Nações Unidas como sói acontecer todos os anos abriu novamente o seu plenário para o oferecimento das grandes peças teatrais sustentadas pelos discursos enfadonhos, tristes e entremeados de farpas. A tradição desse colóquio foi cumprida. Jair Bolsonaro foi o primeiro a assomar a tribuna daquele colegiado. Os discursos não trouxeram nada de produtivo para melhorar a vida dos povos, raças e nações. No bojo de cada discurso, o que surge de interessante são as trocas de acusações diretas, as traições, os sofismas e as ameaças veladas ditas abertamente por mandatários que se dizem democratas e ainda por outros tantos ditadores sanguinários travestidos de democratas.
São esses os tons dos discursos que se repetem todos os anos. De todos os partidos políticos e de todas as ideologias. Essas são malditas porque têm o condão de maltratar os seus cidadãos com mentiras diárias revestidas de incredulidades. Uns aplaudem, outros tantos repudiam, muitos são indiferentes ao conteúdo das encenações. É assim que a humanidade marcha. Sem nenhuma perspectiva concreta para o encontro rápido com uma vida digna e decente. Essa vida não acontecerá. Resulta no protótipo da mais pura utopia. Triste anátema.
Os interesses econômicos, o poderio militar, a ocupação obstinada por todos os sítios geográficos estratégicos são os tentáculos das grandes nações e que impedem esse maravilhoso avanço. Tudo isso mostra a inutilidade da ONU. Instituição falida. Suas decisões são inócuas. Não fecundam nenhuma ação produtiva. Os seus exemplos estão à vista de todos. Todos os dias. As suas santas resoluções que são discutidas, votadas e aprovadas não têm nenhum valor jurídico. Não servem para nada.
Os fatos, os temas, as ansiedades, as revoltas, a gritaria, a súplica pela justiça sustentada pela maioria dos seus membros não são atendidos. Gibraltar e as Ilhas Malvinas continuarão sob a bandeira da Inglaterra. Nunca mais serão devolvidas aos espanhóis e argentinos, seus legítimos proprietários. As colinas de Golan, que Israel tomou da Síria, já estão anexadas ao território judeu. A decantada criação do Estado da Palestina não se concretizará. Israel quer avançar ainda mais sobre as terras do seu vizinho. A anexação da Crimeia ao território russo foi um ato covarde. Nenhuma voz se insurgiu na ONU na defesa do povo ucraniano. O Tibete grita todos os dias por sua independência política, mas Pequim sufoca com a força do seu exército essa súplica fundada. São apenas gritos de povos oprimidos. Não ultrapassam esses umbrais.
Outros temas igualmente angustiantes poderiam engrossar esse triste espetáculo. A grande peça teatral do ano indiscutivelmente foi a questão relacionada com as queimadas na Amazônia. Esse foi o grande tema aguardado ansiosamente pelas grandes nações europeias. O Brasil deixou o seu recado. Agradou a uns. Desagradou a muitos. Interesses sórdidos em questões polêmicas marcham em todas as direções. O discurso presidencial não foi uma grande peça literária. Foi igual aos outros proferidos pelos seus iguais. Recheado de verdades e de inverdades. Não despertou seguramente no seio da sociedade internacional a pacificação de um propósito perseguido. Para outros tantos o discurso marcou um tento nobre e elegante.
O zelo pela democracia, o respeito à soberania, o patriotismo, os valores da família, a importância da religião, a preservação das nossas riquezas, o respeito às minorias e a acolhida aos imigrantes miseráveis marcaram a tônica do discurso presidencial. De todos os itens alinhados o mais importante foi a sustentação da soberania. A soberania é inegociável.
Ninguém aceita que outros países ditem as regras de comportamento dentro da nossa casa. A Pátria é a nossa casa ampliada. Nem o próprio Estado pode ultrapassar os seus umbrais sem a coberta da lei. O resto é conversa fiada. Pura idolatria aos princípios da provocação barata e rasteira. A forma como esses temas foram exteriorizados pelo nosso presidente dependem da opinião crítica de cada qual. Da imprensa que informa, sobretudo. Todos devem ser respeitados. Esse é o verdadeiro encanto da democracia. A forma de governo que propicia ao seu cidadão expressar livremente a sua vontade sobre temas palpitantes. Sobretudo, os que o inquietam na sua vida diária. Sem nenhum tipo de advertência. Sem o medo de uma reprimenda covarde.