Artigos e Opinião

OPINIÃO

Arlene Denise Bacarji: "Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil"

Doutora em Teologia

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Maria, a mãe de Jesus Cristo, é considerada pela Igreja Católica como a maior santa de todos os santos, chamada de Nossa Senhora. Ela foi denominada assim em razão de que foi digna de carregar Jesus em seu ventre, uma vez que Jesus Cristo, para os católicos, é Deus encarnado – Homem – Deus.

Em determinados momentos da história, há relatos de que Maria aparece para algumas pessoas em diversos lugares. Algumas dessas aparições foram reconhecidas pelo Vaticano, e assim surgiram as diversas denominações de Maria, como Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora das Graças, Nossa Senhora de Guadalupe, entre outras. 

Outras aparições são consideradas pelos devotos como milagrosas, como a Nossa Senhora Aparecida, por exemplo, que surgiu no Vale do Paraíba (o vale passa pelos estados de São Paulo e Rio de Janeiro) e passou a ser venerada. Mas todas elas são de uma única pessoa, que é a mãe de Jesus, Maria. A Igreja Católica reconhece as diversas aparições como uma forma de Nossa Senhora se manifestar nas diversas culturas, para os mais diversos povos, identificando-se com eles – como com o povo brasileiro, por exemplo, em que se destaca a Nossa Senhora Aparecida, padroeira do País. Padroeira, por sua vez, significa “aquela que defende e protege”.

A história de Nossa Senhora Aparecida tem início no ano de 1719, na região hoje denominada Vale do Paraíba, em Guaratinguetá, no Rio Paraíba do Sul, quando três pescadores, sem êxito em sua pescaria naquele dia, encontraram a imagem – primeiro o corpo e depois a cabeça – da santa e, após isso, suas redes se encheram de peixes. 

A imagem foi conservada na casa de um dos pescadores por muitos anos, onde foi construído um oratório com um altar. De acordo com Cordeiro e João Rangel, no local, “todos os sábados se ajuntava a vizinhança a cantar o terço e mais devoções”. E nessas ocasiões começaram a ocorrer fatos considerados como milagres e relatados por algumas pessoas. Como não podia haver celebrações como missas na casa do pescador, foi então construída uma primeira capela em 1845, que deu “lugar a uma construção maior” a partir de 1846, com longas interrupções, inaugurada em 1888 – esta que hoje se chama Basílica Velha. 

Por conta do aumento das peregrinações e romarias, em 1917 inicia-se a ideia de se construir uma basílica maior em Aparecida. Porém, somente em 1952 tiveram início as primeiras obras de terraplanagem. Sua construção durou décadas por conta da falta de recursos e da necessidade de construir aos poucos todas as naves do local. O projeto inicial da basílica foi feito para que ela fosse a segunda maior do mundo, sendo a de São Pedro, no Vaticano, a maior. 

Em 1970, a imagem de Aparecida foi quebrada em 165 pequenos pedaços. Em uma atitude violenta, uma pessoa tentou retirar a imagem do seu nicho e a quebrou. Maria Helena Chartuni, que era restauradora do Museu de Artes de São Paulo (Masp) naquela época, teve a honra de restaurar a imagem.

Hoje, a cidade de Aparecida recebe de 11 a 13 milhões de romeiros por ano; pessoas de todas as idades, de todas as regiões e dos lugares mais distantes do Brasil e do mundo. Na Basílica, há a Sala dos Milagres, onde pode-se encontrar uma infinidade de fotos, objetos de todos os tipos de pessoas que relataram ter recebido milagres em suas vidas ou por ocasião de uma doença ou de um acidente ou de qualquer outra situação em que os recursos humanos desenganaram. Existe também a Capela das Velas, onde as pessoas vão fazer suas promessas. 

A Igreja Católica Apostólica Romana e os padres administradores, reitores da basílica e também presidentes das celebrações do santuário, buscam sempre colocar Jesus Cristo no centro das celebrações e, assim, ensinar sempre que Nossa Senhora é, como Mãe de Jesus, intercessora e protetora do povo brasileiro, mas a Trindade é o único Deus. Conforme a crença católica, Maria é medianeira de graças por ser mãe de Jesus, mas só Jesus é o Salvador, o que não impede os católicos de terem Maria como intercessora. 

A Igreja ensina ainda que não é adoração, e sim veneração pela santidade e maternidade dela em gerar Jesus em seu seio, sendo Ele filho de Deus e o próprio Deus para os católicos. Por isso o santuário é tão importante para os devotos e a imagem de Nossa Senhora Aparecida é tão venerada. Também não se pode esquecer daquilo que escreve Rodrigo Portella em “Mirar Maria”: que Aparecida aparece “a pescadores pobres, toma a cor negra dos escravos e seu primeiro milagre foi feito a um escravo”.

ARTIGOS

Multiverso feminino: o dom de ser todas em uma

08/03/2025 07h47

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A mulher carrega dentro de si muitos mundos, coexistentes em sua mente. Neles, estão contidos múltiplos papéis, desempenhados simultaneamente, de acordo com a fase que ela está vivendo. Além dos papéis inerentes ao universo feminino – filha, esposa, mãe, profissional, amiga, líder, guerreira e, muitas vezes, todos ao mesmo tempo –, existem universos paralelos que a transportam para diferentes dimensões.

Nesses universos, ela precisa manejar desafios, ser intuitiva em suas escolhas e, às vezes, visitar o mundo da fauna, tornando-se uma ursa ou elefanta para divertir seus filhos. Outras vezes, precisa ser super-heroína: estica-se como a Mulher Elástico para alcançar metas, usa braceletes do poder como a Mulher Maravilha para se desviar das adversidades e veste diariamente a capa da Supergirl para proteger aqueles que ama.

Dentro desse sistema em constante expansão, ela assume múltiplas funções: administradora do lar, babá, educadora, diarista, nutricionista, cabeleireira e organizadora de eventos. E, apesar dos desafios, ela os enfrenta com graça e beleza, compreendendo que cada papel desempenhado é uma oportunidade de crescimento, evolução e descoberta de novas facetas de si mesma.

No entanto, viver nesse multiverso não é “recarregável”. Não há uma pilha interna que possa ser trocada nem um plugue para ser conectado à tomada e restaurar suas forças em minutos. Ela precisa aceitar suas limitações, reconhecer que o cansaço faz parte da jornada e entender que não há vergonha em não dar conta de tudo.

O segredo está em fazer pausas para se reconectar. É essencial aprender a dizer não, impor limites e priorizar o autocuidado e o descanso. Acima de tudo, deve-se enxergar essa multiplicidade não como uma sobrecarga, mas como a expressão única do seu dom de ser todas em uma.

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ARTIGOS

Caminhos da Vida

08/03/2025 07h30

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A história da humanidade vai se construindo através de fatos e acontecimentos, frutos da convivência dos seres humanos. Tudo tem seu valor e sua influencia, principalmente por meio de obras materiais e culturais. Felizes serão sempre aqueles e aquelas que souberem dispor de seus talentos e de seus dons em favor dessa humanidade.

O estágio que nos acolhe no presente momento lembra um período muito especial nessa história, o período da Quaresma. O carnaval já passou. Suas glórias e agitações já passaram. Talvez permaneçam emoções e sentimentos alegres e sonhos para o arquivo pessoal, mostrando que sempre haverá o que comemorar.

Agora é Quaresma. Um período disponível para a meditação, para o silêncio interior, para as obras de caridade. Tempo em que o coração se faz mais sensível ao sofrimento e as mãos mais abertas para apaziguar a consciência e acionar a generosidade.

Quaresma é tempo sagrado como os demais tempos. Esse, porém, marcado especialmente como tempo de reflexão e oração. Para hoje, sugerimos um texto do Evangelho escrito por Lucas (Lc.1-4). Passagem essa que nos mostra o Mestre dos mestres ser molestado por satanás, que lhe oferece as mais tentadoras recompensa e os mais deliciosos prazeres.

O mundo sempre gira nesse cosmos como um caminho da felicidade. Tudo o que tenha para oferecer, o faz sempre com segundas intenções. Mesmo que o ser humano não veja maldade, será necessário estar em alerta, pois o lobo mau tem suas artimanhas enganadoras.

Por mais que trabalhemos o equilíbrio emocional, por mais que controlemos nossa mente e nossa organização espiritual, sempre haverá brecha pela qual, pela fragilidade humana, nos deixaremos seduzir por algo tentador. 

Somos portadores, por onde andarmos, de boas intenções, de espírito convicto e de sensibilidade perfeitamente respeitável. Sabemos que somos assim. Por mais que nos esforçarmos, sempre haveremos de olhar no caminho percorrido, e no caminho a percorrer, obstáculos do tamanho que se apresentarem.

Mesmo sabendo que existam tantos inimigos, quem esteja decidido a assumir uma responsabilidade, não temerá tentações de qualquer sorte que se apresente, o importante será sempre apostar a vida em algum valor. Ninguém será tão forte que possa impedir ser feliz. Diante do tentador, o Mestre foi forte e decidido.

Quando lhe ofereceu uma vida de prazer, respondeu: “Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”. Quando lhe ofereceu poder, respondeu: “Somente a Deus adoraras e a ele prestaras culto”. Quando lheu oferece riquezas, também soube sabiamente responder, embora o inimigo continuasse com suas tentações.

Enquanto estivermos nesse mundo, estaremos caminhando em caminhos nem sempre tão agradáveis e tão seguros. São muitos os desvios. São muitas as placas indicando curvas perigosas e pedindo que ande mais devagar. E os caminhos que levam a Deus? Também são caminhos. Caminhos que devem ser percorridos com muito amor e grande responsabilidade e prudência.

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