Artigos e Opinião

OPINIÃO

Benedito Rodrigues da Costa: "Corumbá: a Detroit brasileira"

Economista

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Para quem não conhece a história de Detroit, esclareço que se trata de uma cidade dos Estados Unidos onde se concentrava grande número de indústrias automobilísticas, lideradas pelas poderosas marcas como a Ford e a General Motors, mas que, por vários motivos de ordem administrativa e política da cidade, onde a corrupção teve um peso considerável, e, por mais incrível que pareça, as dificuldades financeiras tornaram impraticável sua recuperação, e o pedido de falência do município foi requerido, e, na década de 1960, foi decretado.

A cidade de Detroit chegou a ter dois milhões e trezentos mil habitantes, e, após a derrocada, o esvaziamento foi inevitável; um verdadeiro êxodo, que transformou a bela e vibrante cidade em um conglomerado de imóveis em casas-fantasma, baixando sua população para cerca de setecentos mil habitantes, com uma drástica desvalorização imobiliária, até então inacreditável. Os galpões das fábricas automotivas totalmente abandonados – e não era difícil constatar que a quebradeira foi geral e de maneira irreversível.

Um acontecimento inimaginável para uma cidade onde se encontrava estabelecida a fina flor da indústria norte-americana, país que naquela época já ostentava o título de potência econômica mundial. Com a indústria automobilística em ascensão, jamais alguém, por mais experiente que fosse, admitiria um desastre dessa envergadura, que levou junto ao fracasso a própria cidade-sede do empreendimento consolidado; porém, o fracasso se concretizou, para a tristeza dos operários e engenheiros desempregados.

O leitor naturalmente deve estar curioso com a comparação feita pelo autor entre Corumbá e Detroit, mas, sendo natural da Cidade Branca e tendo nascido no início da década de 1940, posso afirmar que até a metade da década de 1960 a nossa cidade ostentava o título de a mais importante cidade do Centro-Oeste. Para se ter uma ideia de minha afirmação, o prédio e as instalações do Moinho Mato-grossense estão lá para testemunhar a presença da atividade de moagem e embalagem do trigo procedente da Argentina e que era comercializado até com o estado de São Paulo.

A navegação era intensa, com navios de cargas e de passageiros, em que os escritórios estabelecidos no casario do porto-geral evidenciavam a pujança do comércio local, no qual também se encontravam instalados mais de uma dezena de Bancos estrangeiros. O comércio de couro de gado, de capivara e de jacaré era muito forte. A ferrovia se constituía no mais importante meio de transporte, ligando o estado de Mato Grosso a São Paulo, além das empresas aéreas com voos diários para diversos destinos no País e no exterior.

Uma cidade dotada de bons cinemas, restaurantes e bares, com excelentes instalações. Espetáculos teatrais e circenses eram rotinas, assim como as atividades esportivas, como o futebol, o basquetebol, o vôlei e o boxe. Uma cidade que exalava cultura. Os primeiros edifícios de apartamentos residenciais do Estado foram ali construídos. Estaleiros para construção de pequenas embarcações, bem como para reparos de embarcações maiores ali se encontravam instalados.

Pasmem: hoje, Corumbá não se transformou em uma cidade-fantasma, porém, vive quase que exclusivamente do turismo. O que aconteceu? Foram vários fatores, sendo o mais importante o desvio do eixo comercial que determinou o abandono da ferrovia e da hidrovia, além de um acontecimento pouco citado: a Segunda Guerra Mundial. Os bancos estrangeiros encerraram suas atividades e o comércio de exportação do minério de ferro e do couro sofreu um declínio vertiginoso. Uma volta ao passado seria possível? Lamentavelmente, jamais.

ARTIGOS

Multiverso feminino: o dom de ser todas em uma

08/03/2025 07h47

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A mulher carrega dentro de si muitos mundos, coexistentes em sua mente. Neles, estão contidos múltiplos papéis, desempenhados simultaneamente, de acordo com a fase que ela está vivendo. Além dos papéis inerentes ao universo feminino – filha, esposa, mãe, profissional, amiga, líder, guerreira e, muitas vezes, todos ao mesmo tempo –, existem universos paralelos que a transportam para diferentes dimensões.

Nesses universos, ela precisa manejar desafios, ser intuitiva em suas escolhas e, às vezes, visitar o mundo da fauna, tornando-se uma ursa ou elefanta para divertir seus filhos. Outras vezes, precisa ser super-heroína: estica-se como a Mulher Elástico para alcançar metas, usa braceletes do poder como a Mulher Maravilha para se desviar das adversidades e veste diariamente a capa da Supergirl para proteger aqueles que ama.

Dentro desse sistema em constante expansão, ela assume múltiplas funções: administradora do lar, babá, educadora, diarista, nutricionista, cabeleireira e organizadora de eventos. E, apesar dos desafios, ela os enfrenta com graça e beleza, compreendendo que cada papel desempenhado é uma oportunidade de crescimento, evolução e descoberta de novas facetas de si mesma.

No entanto, viver nesse multiverso não é “recarregável”. Não há uma pilha interna que possa ser trocada nem um plugue para ser conectado à tomada e restaurar suas forças em minutos. Ela precisa aceitar suas limitações, reconhecer que o cansaço faz parte da jornada e entender que não há vergonha em não dar conta de tudo.

O segredo está em fazer pausas para se reconectar. É essencial aprender a dizer não, impor limites e priorizar o autocuidado e o descanso. Acima de tudo, deve-se enxergar essa multiplicidade não como uma sobrecarga, mas como a expressão única do seu dom de ser todas em uma.

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ARTIGOS

Caminhos da Vida

08/03/2025 07h30

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A história da humanidade vai se construindo através de fatos e acontecimentos, frutos da convivência dos seres humanos. Tudo tem seu valor e sua influencia, principalmente por meio de obras materiais e culturais. Felizes serão sempre aqueles e aquelas que souberem dispor de seus talentos e de seus dons em favor dessa humanidade.

O estágio que nos acolhe no presente momento lembra um período muito especial nessa história, o período da Quaresma. O carnaval já passou. Suas glórias e agitações já passaram. Talvez permaneçam emoções e sentimentos alegres e sonhos para o arquivo pessoal, mostrando que sempre haverá o que comemorar.

Agora é Quaresma. Um período disponível para a meditação, para o silêncio interior, para as obras de caridade. Tempo em que o coração se faz mais sensível ao sofrimento e as mãos mais abertas para apaziguar a consciência e acionar a generosidade.

Quaresma é tempo sagrado como os demais tempos. Esse, porém, marcado especialmente como tempo de reflexão e oração. Para hoje, sugerimos um texto do Evangelho escrito por Lucas (Lc.1-4). Passagem essa que nos mostra o Mestre dos mestres ser molestado por satanás, que lhe oferece as mais tentadoras recompensa e os mais deliciosos prazeres.

O mundo sempre gira nesse cosmos como um caminho da felicidade. Tudo o que tenha para oferecer, o faz sempre com segundas intenções. Mesmo que o ser humano não veja maldade, será necessário estar em alerta, pois o lobo mau tem suas artimanhas enganadoras.

Por mais que trabalhemos o equilíbrio emocional, por mais que controlemos nossa mente e nossa organização espiritual, sempre haverá brecha pela qual, pela fragilidade humana, nos deixaremos seduzir por algo tentador. 

Somos portadores, por onde andarmos, de boas intenções, de espírito convicto e de sensibilidade perfeitamente respeitável. Sabemos que somos assim. Por mais que nos esforçarmos, sempre haveremos de olhar no caminho percorrido, e no caminho a percorrer, obstáculos do tamanho que se apresentarem.

Mesmo sabendo que existam tantos inimigos, quem esteja decidido a assumir uma responsabilidade, não temerá tentações de qualquer sorte que se apresente, o importante será sempre apostar a vida em algum valor. Ninguém será tão forte que possa impedir ser feliz. Diante do tentador, o Mestre foi forte e decidido.

Quando lhe ofereceu uma vida de prazer, respondeu: “Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”. Quando lhe ofereceu poder, respondeu: “Somente a Deus adoraras e a ele prestaras culto”. Quando lheu oferece riquezas, também soube sabiamente responder, embora o inimigo continuasse com suas tentações.

Enquanto estivermos nesse mundo, estaremos caminhando em caminhos nem sempre tão agradáveis e tão seguros. São muitos os desvios. São muitas as placas indicando curvas perigosas e pedindo que ande mais devagar. E os caminhos que levam a Deus? Também são caminhos. Caminhos que devem ser percorridos com muito amor e grande responsabilidade e prudência.

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