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Benefício à saúde do País

Avanço do Programa de Benefícios em Medicamentos (PBM) pode melhorar a produtividade das empresas aderentes

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Além de facilitar o acesso da população brasileira a medicamentos, o avanço do Programa de Benefícios em Medicamentos (PBM) pode causar bons efeitos colaterais ao País, como, por exemplo, melhorar a produtividade das empresas aderentes, que registrarão queda nos casos de funcionários afastados por motivos de doença, como também ajudará a desafogar o sistema público de saúde, já que as pessoas terão condições de seguir de forma mais correta os tratamentos médicos prescritos e, assim, evitar recaídas ou agravamento de suas enfermidades, além de impulsionar de forma geral a economia do País.

A prática das empresas subsidiarem o custo dos medicamentos a seus funcionários em até 100% do seu valor surgiu na década de 1970, nos Estados Unidos, sob pressão, em especial, dos sindicatos profissionais.

Atualmente, dois terços da população norte-americana é atendida por diferentes modelos de PBM, que em inglês é denominada Pharmacy Benefit Manager. Aqui no Brasil, esse tipo de benefício começou a se propagar há aproximadamente 25 anos. No entanto, ainda não tem o mesmo alcance que se observa por lá.

Entre outros fatores, pela falta de reconhecimento das vantagens que o programa traz.

A Lei nº 9.656/1998, que regulamenta as coberturas das operadoras de saúde, não prevê em nosso país a inclusão dos medicamentos em suas coberturas obrigatórias, porém, o benefício vem tendo adesão voluntária de algumas operadoras ou tem sido implantado diretamente pelas empresas como benefício adicional.

Ou seja, visando minimizar esse gap de nosso modelo assistencial à saúde, formas alternativas de facilitar o acesso dos brasileiros aos medicamentos prescritos vêm sendo buscadas cada vez mais.

Tramita no Senado um projeto de lei (PL nº 3.079/2024), de autoria do senador Weverton (PDT-RS), que propõe a criação do Programa de Medicamentos do Trabalhador (PMT), que funcionaria de forma similar ao Programa de Alimentos do Trabalhador (PAT).

Já na Câmara tramita outra proposta (PL nº 3.094/2015) semelhante, de autoria do deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS). Caso avance qualquer uma das duas, teremos no País um incentivo significativo para que as nossas empresas invistam na oferta do PBM.

No Brasil, vale destacar que o paciente é o principal pagador na compra de medicamentos e produtos de saúde e bem-estar. Diante deste cenário, empresas e planos de saúde cumprem um papel social importante para proporcionar facilidade ao acesso e à continuidade do tratamento das pessoas.

E, como já observamos, ainda há muito espaço no mercado a ser explorado, e a expectativa da Associação Brasileira das Empresas Operadoras de Medicamentos (PBMA) é de que o número de beneficiados registre um crescimento de aproximadamente 20% ao ano até 2030.

Com o PBM é possível que a população brasileira tenha a oportunidade de cuidar melhor da sua saúde sem que isso comprometa boa parte da renda das suas famílias.

Que a indústria farmacêutica se beneficie com o aumento da adesão das pessoas aos tratamentos medicamentosos, sem que haja interrupções durante todo o processo por falta de recursos financeiros.

Que as empresas que oferecem PBM sejam recompensadas com colaboradores mais presentes, produtivos e engajados em suas atribuições. Que o PBM avance parta o benefício do País!

EDITORIAL

O peso do gás na economia de MS

O gás natural já não é um coadjuvante: tornou-se peça estruturante da economia sul-mato-grossense e qualquer mudança no seu preço tem efeitos profundos e duradouros

10/11/2025 07h15

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Nesta edição, mostramos que a distribuidora estadual de gás natural anunciou um novo reajuste nas tarifas do produto em Mato Grosso do Sul e em outros estados.

O aumento ocorre justamente quando o mercado internacional entra na fase de elevação sazonal de preços, impulsionada pela chegada do inverno no Hemisfério Norte, período em que a demanda global por gás natural cresce de forma acelerada.

Esse contexto externo ajuda a explicar parte do movimento, mas não esgota o debate, especialmente porque o comportamento dos combustíveis no Brasil segue trajetória diferente.

Nos últimos meses, após a Petrobras promover ajustes que alinharam o valor do gás ao mercado internacional, os preços internos haviam se estabilizado.

Agora, o novo aumento surge em um momento no qual o petróleo e seus derivados vêm registrando queda, o que reforça a contradição percebida pelo consumidor e exige uma análise mais cuidadosa sobre os fundamentos dessa decisão.

O gás natural, diferentemente de outros combustíveis, ainda depende fortemente da estrutura centralizada de produção e importação da Petrobras. Isso faz com que oscilações cambiais e pressões contratuais impactem o mercado interno de forma direta, mesmo quando o cenário doméstico não justificaria um repasse tão imediato.

Em Mato Grosso do Sul, onde a distribuidora é estatal, essa dinâmica se torna ainda mais sensível, pois qualquer mudança se reflete diretamente nas tarifas pagas por residências, comércios, motoristas e indústrias.

O impacto tende a ser maior porque o gás natural conquistou espaço significativo no Estado. Seu uso residencial cresce à medida que novas redes de distribuição avançam pelos bairros, o gás natural veicular volta a atrair motoristas em busca de economia e o setor industrial utiliza o insumo como alternativa mais limpa e eficiente.

Quando o preço sobe, a inflação se espalha, afetando desde o custo logístico até a competitividade de setores inteiros.

É importante lembrar que o gás natural foi um dos pilares do desenvolvimento de Mato Grosso do Sul nos últimos 20 anos. A chegada do gasoduto Bolívia-Brasil ampliou a oferta energética, atraiu indústrias e garantiu uma fonte relevante de arrecadação, por meio do ICMS.

Hoje essa receita é menor, o que torna o Estado ainda mais sensível às oscilações do setor.

Por isso, mais do que avaliar apenas o reajuste, é essencial discutir o papel estratégico do gás na economia local. O Estado precisa observar de perto os movimentos do mercado e definir políticas que protejam o consumidor sem comprometer a sustentabilidade do setor.

Afinal, o gás natural já não é um coadjuvante: tornou-se peça estruturante da economia sul-mato-grossense e qualquer mudança no seu preço tem efeitos profundos e duradouros.

ARTIGOS

Licença-paternidade: um passo importanteE ainda insuficiente

Por décadas, a licença foi tratada quase como uma formalidade, que pouco reconhece a importância da presença ativa do pai no início da vida do bebê

08/11/2025 07h45

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No dia 4, a Câmara dos Deputados aprovou a ampliação da licença-paternidade no Brasil (que agora segue para sanção presidencial). A mudança prevê uma implementação gradual para reduzir o impacto econômico da medida: a licença passará para 10 dias em 2027, 15 dias em 2028 e 20 dias a partir de 2029.

Além disso, empresas que aderem ao programa Empresa Cidadã deverão oferecer mais 15 dias aos seus funcionários, elevando o total para até 35 dias.

É uma conquista? Sim. É suficiente? Ainda não.

Por décadas, a licença-paternidade foi tratada quase como uma formalidade, um intervalo simbólico, que pouco reconhece a importância da presença ativa do pai no início da vida do bebê.

A ampliação representa um avanço histórico, mas ainda muito pequeno diante do tamanho do desafio de equilibrar responsabilidades familiares e oportunidades profissionais entre homens e mulheres.

Hoje, enquanto o pai poderá se ausentar por até 20 dias (ou 35, em casos específicos), a mulher pode ficar fora do trabalho por até cerca de sete meses, quando a empresa opta pela licença-maternidade estendida.

A mensagem implícita permanece a mesma: cuidado infantil segue como missão prioritária da mãe. E isso impacta diretamente a trajetória profissional feminina.

Quanto mais tempo longe do trabalho, maior o risco de perder espaço, desacelerar na carreira e enfrentar julgamento social e corporativo no retorno.

Ao mesmo tempo, quando o pai não tem tempo suficiente para criar vínculo e assumir responsabilidades reais desde o início, reforçamos o ciclo da sobrecarga feminina e perpetuamos a ideia de que ela é a “cuidadora natural”.

Equidade não nasce de intenções, mas de políticas públicas (e privadas) estruturadas. Ampliar a licença-paternidade é um avanço.

Mas o verdadeiro equilíbrio só virá quando entendermos que criar um filho é um projeto compartilhado e quando oferecermos condições para que ambos os pais, independentemente do gênero, possam participar plenamente desde o primeiro dia de vida.

E aqui entra também a responsabilidade das empresas: não basta cumprir a lei. A equidade exige que políticas de recursos humanos sejam revistas para diminuir o gap, apoiar o retorno da mãe ao trabalho e acelerar sua trajetória após a licença.

Cuidar de quem cuida é mais do que benefício: é estratégia de futuro, produtividade e justiça.

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