Artigos e Opinião

OPINIÃO

Carlos Lopes dos Santos: "O bicho papão e as agências reguladoras no Brasil"

Advogado

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Até parece ironia. Quem de nós na infância não tinha medo do escuro, quando nossa mãe ou pai apagava a luz e nos mandava dormir, senão o bicho papão iria nos pegar? Hoje em dia, o bicho papão nos pega se ficarmos com a luz acesa, pois a conta vem no fim do mês aterrorizando a mamãe e o papai. Brincadeiras à parte, é muito séria a constatação de que a cada dia a população entende menos ou quase nada o papel das Agências Reguladoras nesse País. Não deveria ser assim, pois, afinal, elas teoricamente foram criadas para exercerem um papel fundamental no desenvolvimento do País.

Contudo, o que ocorre atualmente é que cada vez mais nós, do povo, à vista dos fatos, nutrimos os maiores desgostos com o que recebemos dessas agências, pois não compreendemos, de fato e de direito, qual o papel da Aneel, da Anac, Anatel, ANTT e das outras seis agências existentes, principalmente das quatro primeiras citadas. Deixando de lado o melodrama, o fato é que é difícil compreender são os preços que nos são cobrados na energia elétrica, por exemplo. A gente paga até pelos que roubam a luz com os famosos gatos. Pagamos pela energia que é levada ao campo, só que vivemos na cidade. Pagamos mais quando chove pouco, e quando chove muito não temos descontos.

Agora, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que regula tudo isso e muito mais, pretende taxar em mais impostos a energia solar que gerarmos em nossas casas. Nada demais, se o próprio governo federal não estimulasse o cidadão a economizar energia elétrica e incentivasse a aquisição dos caríssimos equipamentos para auferir a energia solar em seu imóvel. Se fosse o sol a nos cobrar, até a gente poderia entender, mas a Aneel, com seus burocratas, da noite para o dia, resolve tomar uma decisão desta natureza, sem se importar com as consequências econômicas que isso produzirá na população? Quem quiser conhecer mais sobre o assunto pode ler na edição do Correio do Estado de 26/27 de outubro, o brilhante editorial e as esclarecedoras reportagens sobre o tema.

O jornal aborda também a inexplicável atitude da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que, pasmem, contraria ela própria sobre a redução das tarifas do pedágio na BR-163. De um lado, a agência (sua área técnica) manda reduzir em 53,94% os preços, no outro, castiga o usuário, protelando em 52 dias a redução, sob pretexto vazio e questionável. O triste disso tudo é que a empresa cobradora do pedágio não cumpre o contrato integralmente desde 2017.  Recentemente, vimos a polêmica das cobranças das bagagens aéreas. Diziam que a cobrança era necessária para atrair novas empresas e baixar o custo das passagens. Depois de muitas controvérsias e defesa intransigente da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) para manter a cobrança, o que ocorreu graças ao veto do presidente da República, estamos vendo os preços das passagens decolarem com as aeronaves, só que estas pousam, já os preços continuam lá no alto. Não é preciso nem citar aqui todos os problemas dos consumidores da telefonia no País. Basta registrar que as empresas operadoras desse serviço são as que mais recebem reclamações.

Às agências reguladoras não compete o papel de defesa do consumidor. É preciso esclarecer isso à população. Elas foram criadas para ajudar o País a atrair investimentos, garantir a execução dos contratos e tornar o País confiável no direito dos investidores. Contudo, devem também garantir a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos e, por analogia, nunca se esquecerem de que são agências brasileiras a serviço primeiramente do País e intrinsecamente do povo brasileiro, a quem realmente interessa o progresso e o desenvolvimento. Devem deixar de ser o bicho papão e regular com justiça e imparcialidade, para podermos dormir tranquilos.

ARTIGOS

Multiverso feminino: o dom de ser todas em uma

08/03/2025 07h47

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A mulher carrega dentro de si muitos mundos, coexistentes em sua mente. Neles, estão contidos múltiplos papéis, desempenhados simultaneamente, de acordo com a fase que ela está vivendo. Além dos papéis inerentes ao universo feminino – filha, esposa, mãe, profissional, amiga, líder, guerreira e, muitas vezes, todos ao mesmo tempo –, existem universos paralelos que a transportam para diferentes dimensões.

Nesses universos, ela precisa manejar desafios, ser intuitiva em suas escolhas e, às vezes, visitar o mundo da fauna, tornando-se uma ursa ou elefanta para divertir seus filhos. Outras vezes, precisa ser super-heroína: estica-se como a Mulher Elástico para alcançar metas, usa braceletes do poder como a Mulher Maravilha para se desviar das adversidades e veste diariamente a capa da Supergirl para proteger aqueles que ama.

Dentro desse sistema em constante expansão, ela assume múltiplas funções: administradora do lar, babá, educadora, diarista, nutricionista, cabeleireira e organizadora de eventos. E, apesar dos desafios, ela os enfrenta com graça e beleza, compreendendo que cada papel desempenhado é uma oportunidade de crescimento, evolução e descoberta de novas facetas de si mesma.

No entanto, viver nesse multiverso não é “recarregável”. Não há uma pilha interna que possa ser trocada nem um plugue para ser conectado à tomada e restaurar suas forças em minutos. Ela precisa aceitar suas limitações, reconhecer que o cansaço faz parte da jornada e entender que não há vergonha em não dar conta de tudo.

O segredo está em fazer pausas para se reconectar. É essencial aprender a dizer não, impor limites e priorizar o autocuidado e o descanso. Acima de tudo, deve-se enxergar essa multiplicidade não como uma sobrecarga, mas como a expressão única do seu dom de ser todas em uma.

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ARTIGOS

Caminhos da Vida

08/03/2025 07h30

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A história da humanidade vai se construindo através de fatos e acontecimentos, frutos da convivência dos seres humanos. Tudo tem seu valor e sua influencia, principalmente por meio de obras materiais e culturais. Felizes serão sempre aqueles e aquelas que souberem dispor de seus talentos e de seus dons em favor dessa humanidade.

O estágio que nos acolhe no presente momento lembra um período muito especial nessa história, o período da Quaresma. O carnaval já passou. Suas glórias e agitações já passaram. Talvez permaneçam emoções e sentimentos alegres e sonhos para o arquivo pessoal, mostrando que sempre haverá o que comemorar.

Agora é Quaresma. Um período disponível para a meditação, para o silêncio interior, para as obras de caridade. Tempo em que o coração se faz mais sensível ao sofrimento e as mãos mais abertas para apaziguar a consciência e acionar a generosidade.

Quaresma é tempo sagrado como os demais tempos. Esse, porém, marcado especialmente como tempo de reflexão e oração. Para hoje, sugerimos um texto do Evangelho escrito por Lucas (Lc.1-4). Passagem essa que nos mostra o Mestre dos mestres ser molestado por satanás, que lhe oferece as mais tentadoras recompensa e os mais deliciosos prazeres.

O mundo sempre gira nesse cosmos como um caminho da felicidade. Tudo o que tenha para oferecer, o faz sempre com segundas intenções. Mesmo que o ser humano não veja maldade, será necessário estar em alerta, pois o lobo mau tem suas artimanhas enganadoras.

Por mais que trabalhemos o equilíbrio emocional, por mais que controlemos nossa mente e nossa organização espiritual, sempre haverá brecha pela qual, pela fragilidade humana, nos deixaremos seduzir por algo tentador. 

Somos portadores, por onde andarmos, de boas intenções, de espírito convicto e de sensibilidade perfeitamente respeitável. Sabemos que somos assim. Por mais que nos esforçarmos, sempre haveremos de olhar no caminho percorrido, e no caminho a percorrer, obstáculos do tamanho que se apresentarem.

Mesmo sabendo que existam tantos inimigos, quem esteja decidido a assumir uma responsabilidade, não temerá tentações de qualquer sorte que se apresente, o importante será sempre apostar a vida em algum valor. Ninguém será tão forte que possa impedir ser feliz. Diante do tentador, o Mestre foi forte e decidido.

Quando lhe ofereceu uma vida de prazer, respondeu: “Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”. Quando lhe ofereceu poder, respondeu: “Somente a Deus adoraras e a ele prestaras culto”. Quando lheu oferece riquezas, também soube sabiamente responder, embora o inimigo continuasse com suas tentações.

Enquanto estivermos nesse mundo, estaremos caminhando em caminhos nem sempre tão agradáveis e tão seguros. São muitos os desvios. São muitas as placas indicando curvas perigosas e pedindo que ande mais devagar. E os caminhos que levam a Deus? Também são caminhos. Caminhos que devem ser percorridos com muito amor e grande responsabilidade e prudência.

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