Em tempos em que há muitas opiniões circulando, impulsionadas pela liberdade de publicá-las nas redes sociais de forma instantânea e de maneira efêmera, pois se perdem em meio a novos posicionamentos, o papel de muitas instituições, que servem como pilar da convivência em sociedade, é relativizado.
Em meio às incontáveis revoltas, primaveras e outros movimentos coletivos pedindo mais participação e representatividade no comando da sociedade, o estado (instituição fundamental para regular o bem-estar coletivo) e seu papel são ignorados por muitos e desprezados por outros.
Mas não há outra forma de fazer as pessoas se organizarem socialmente se não for por meio do estado. Ainda não surgiu melhor proposta para isso do que o contrato social de Jean-Jacques Rousseau, que se baseia na seguinte pergunta e na consequente resposta: como preservar a liberdade natural do homem e, ao mesmo tempo, garantir a segurança e o bem-estar da vida em sociedade?
Só é possível em um contrato social, por meio do qual prevalece a soberania da sociedade, a soberania política da vontade coletiva.
E é por isso que, para atingir o bem-estar, uma boa convivência entre os cidadãos e o interesse comum (ainda que não exista unanimidade, que ela seja a mais abrangente possível) é necessário o poder público. Revitalizar uma região da zona urbana é um dos exemplos desta busca pelo bem comum, e melhorar a convivência e a qualidade da vida cotidiana das pessoas.
É neste conceito, de transformar a realidade não só do Centro, mas – ainda que indiretamente – de toda a zona urbana, que está enquadrado o programa Reviva Campo Grande. A obra mais emblemática, que há um ano pode ser testemunhada por quem passa pela região central, é a transformação visual da Rua 14 de Julho, a principal via comercial de Campo Grande.
A primeira etapa deste programa que tem vida e renovação no nome está prestes a ser concluída. Nesta edição, preparamos uma reportagem que tem o objetivo de atentar o leitor para o propósito da iniciativa: reviver.
Convidamos todos a pensar: o que vem depois da reforma das calçadas, da redução das faixas, do rebaixamento da fiação e do novo paisagismo? Ainda não sabemos. Ao que tudo indica, a maior parte dos estabelecimentos do centro da cidade continuará abrindo às 8h e fechando às 19h, em uma área cada vez menos ocupada de residências.
Entre as sugestões que são dadas ao município estão incentivos para diversificar as atividades da região. Elas passam por oferecer incentivos para setores que vão além do comércio, como o de lazer e educação, reforçar a segurança na região e incentivar a reocupação e a reforma dos edifícios já existentes.
A renovação, para que exista na prática, deve ir muito além da estética. É preciso trazer vida nova, mudando os hábitos e costumes da região.