Não é fácil ser jornalista no Brasil, o sexto país mais perigoso do mundo para o exercício da profissão. Mas fatos devem e merecem ser publicados, para o bem da democracia.
Se existe um ofício que foi ganhando importância ao longo da história mundial, a medida que a organização da sociedade evoluía para formas de governo cada vez mais democráticas e participativas, é o jornalismo. Função que teve início com os escribas, no antigo Egito, e teve o primeiro registro com a publicação do Acta Diurna, diário criado pelo desejo do imperador de Roma, Júlio César, de informar a população sobre seus atos, as informações levadas ao grande público por estas publicações, que surgiram como uma espécie de diários oficiais, foi emancipando a sociedade.
Uma população bem informada, sempre evolui. E esta não se trata somente de uma afirmação, mas de uma constatação histórica. Foi a disseminação das informações e do poder de alcance das publicações, que ajudaram a população a ter a devida noção de seus direitos e deveres. É o conhecimento levado por jornalistas, que leva informações que ajudam as pessoas a se prevenirem da melhor forma possível de doenças e desastres naturais, mas também, que leva mais cidadania e, sobretudo, contribui para a formação das opiniões individuais e da consciência coletiva.
Não pensem que o trabalho de reportar fatos é um trabalho fácil. Não são poucos os que temem a verdade, e se existe algo que é obrigatório no ofício do jornalista, é a busca da verdade. E é sabendo da perseguição que sofrem os que a buscam com independência, que a Constituição de todas as democracias do mundo prevêem, por exemplo, o direito do sigilo da fonte dos fatos narrados.
Quem busca a verdade sempre, têm pela frente as dificuldades das resistências, ameaças e outras barreiras que prejudicam o exercídio da profissão, mas, por um outro lado, têm a tranquilidade de ter sempre a cabeça erguida e uma consciência tranquila.
Infelizmente, o Brasil não é país mais seguro para se trabalhar como jornalista. E quem diz isso é a Unesco, órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU). Relatório do ano passado, mostra que o Brasil é o sexto país mais perigoso do mundo para o exercício da atividade jornalística, só fica atrás de Síria, Iraque, Paquistão, México e Somália.
Nesta edição, mostramos mais uma vez, ameaças ao livre exercício da profissão de jornalista. Infelizmente elas continuam a existir. Não é fácil ser jornalista no Brasil. Assim como não é fácil levar fatos devidamente apurados e ajudar a promover a cidadania e participação popular: efetivar o regime democrático. Fatos devem e merecem ser publicados, para o bem de todos. Já diria o juiz da Suprema Corte Norte-Americana, Louis Brandeis, há quase de um século: “o melhor desinfetante é a luz do sol”.