O trabalhador também precisa buscar diversificação e novos mercados, procurando foco em áreas mais aquecidas.
Todos os dia são divulgados, em números, as mazelas da economia nacional. Não faltam índices que corroborem o que o trabalhador já sentiu no bolso: a crise que assola o País e tira qualquer perspectiva de melhora a médio prazo. Os poucos porcentuais positivos existentes são fundamentados no agronegócio, a exemplo do saldo positivo de 6,8 mil postos de trabalho em junho. Em Mato Grosso do Sul, foram pouco mais de 250 no estoque, entre demissões e contratações. São pequenos avanços indicativos dos caminhos ainda favoráveis ao mercado brasileiro e que precisam ser vistos com atenção por aqueles em busca de novas oportunidades.
No cenário nacional, segundo reportagem publicada na edição de ontem do Correio do Estado, no primeiro semestre, foram 67,3 mil postos de trabalho formais no total, sendo que o cultivo de café, em Minas Gerais foi responsável pela geração de 10,8 mil vagas do total. Já as atividades de apoio à agricultura ofereceram 10.645 novos postos, concentrados especialmente em São Paulo. No lado negativo da tabela estão indústria, comércio e construção civil que cortaram, juntos, 19,4 mil vagas. Juntamente com o de serviço, são os mais afetados desde o crescimento da recessão, a partir de 2014. Vivem o efeito dominó, que envolve a queda abrupta de poder aquisito das famílias, a redução no consumo, da produção e, em consequência, da geração de empregos.
Por causa dessa bola de neve é que os resultados ainda são desanimadores. Em Mato Grosso do Sul, 1,4 mil empresas foram fechadas no primeiro semestre, número recorde desde o início da série histórica da Junta Comercial do Estado (Jucems), iniciada há 17 anos. Em Campo Grande, 4,1 mil vagas de emprego foram encerradas, o que representa 11 desligamentos a cada 24 horas. Na edição de hoje, a divulgação de número preocupante: o crescimento de empresas inadimplentes, colocando o Estado na quarta posição no ranking do Brasil de devedores nesta categoria. Por muito tempo, segundo economista ouvido pela reportagem, o agronegócio conseguiu manter índices favoráveis, mas começou a sentir os efeitos da crise.
Apesar dos resultados negativos no Estado e dos efeitos que começa a sofrer com a recessão, o agronegócio ainda é, sem dúvida, a mola propulsora do País. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam crescimento de 15,2% no primeiro trimestre do ano. A produção da safra 2016/2017 teve alta de 44 milhões de toneladas, sendo atribuído o desempenho, conforme avaliação do Ministério da Agricultura, à motivação dos produtores em incorporar tecnologias e agregar valor. Será, também, responsável pelos números favoráveis do Produto Interno Bruto (PIB).
Porém, é urgente que o Brasil consiga se recuperar em outros setores da economia, um projeto que patina nas incertezas políticas; o trabalhador também precisa buscar diversificação e novos mercados, procurando foco em áreas mais aquecidas. Economistas apontam que a crise ainda irá perdurar durante todo este ano, com possível crescimento a partir do segundo semestre de 2018. Por isso, não adianta dar murro em ponta de faca. É preciso apostar naquilo que o brasileiro é especialista, a arte de se reinventar.