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Confira o editorial desta segunda-feira: "Impasse longe do fim"

Confira o editorial desta segunda-feira: "Impasse longe do fim"

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A demora e dificuldade de entendimento só aumentam os prejuízos e corroboram para a impunidade.

Impasse relacionado à compra das lâmpadas de LED parece estar longe do fim. Sem licitação, a empresa Solar Energia e Distribuição faturou na gestão de Alcides Bernal contrato de R$ 33,8 milhões. Desse montante, recebeu R$ 20 milhões, e as ruas de Campo Grande começaram a receber a nova iluminação, o que, num primeiro momento, parecia alento aos olhos dos moradores que não vivenciavam investimento algum nos últimos anos na cidade. O problema é que essa “melhoria” veio acompanha de série de irregularidades, já comprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado, que suspendeu a instalação no ano passado quando as suspeitas apareceram. As benesses transformaram-se em prejuízo. Assim, 16 mil lâmpadas seguem encaixotadas em contêineres na Secretaria Municipal de Obras, aguardando o desfecho desse caso nebuloso, enquanto a população amarga a dificuldade de conviver com ruas às escuras em vários bairros da cidade.

Atualmente, reações ao contrato seguem em diversas frentes. O Ministério Público Estadual ingressou na Justiça com ação, pedindo que o contrato seja anulado. Isso implicaria na devolução do dinheiro já recebido pela empresa, a qual teria de pegar as lâmpadas de volta.  Para evitar perdas ainda mais significativas, tendo de arrancar as que já estão nos postes, seria feito acordo para descontar os valores daquelas que já foram instaladas, mantendo a atual iluminação de vias como Avenida Afonso Pena e Avenida Eduardo Elias Zahran. O problema é que os donos da Solar simplesmente sumiram. A empresa teria origem espanhola com representação em Minas Gerais, mas todos os telefones informados na Junta Comercial não existem mais. Ainda, a Solar abandonou o espaço que havia alugado em Campo Grande, deixando para trás dívida que é cobrada em ação judicial.

O imbróglio só aumenta porque a empresa simplesmente não tem na conta nada mais dos R$ 20 milhões recebidos. O advogado Carlos Roberto Souza Amaro havia sido contratado pela Solar e tenta na Justiça receber R$ 91,4 mil por honorários. Foi feita a tentativa de bloqueio judicial, mas o Banco Central informou que a conta estava zerada. Assim, a empresa faturou os R$ 20 milhões, entregou as lâmpadas e desapareceu, impossibilitando até que o restante do contrato fosse cumprido. Os próximos passos apontam, hoje, para a possível liberação  das lâmpadas paradas, a fim de ao menos minimizar os danos causados aos cofres públicos. Afinal, não se sabe quanto tempo pode levar até a empresa ser localizada – e muito menos o dinheiro. 

O caso é considerado grave em virtude das várias irregularidades cometidas pelo ex-prefeito Alcides Bernal e sua equipe. Tanto que decisão do Tribunal de Contas – que manteve a suspensão do contrato – indica evidências de fraudes, crimes de prevaricação e improbidade administrativa. A estranheza começa pela adesão à ata em um contrato que não seria urgente e necessitaria de planejamento próprio. Caberá ao Ministério Público pedir essa responsabilização. As perdas são evidentes e agravadas pela necessidade de prorrogar e aditivar contratos milionários para manter a manutenção da iluminação, enquanto várias lâmpadas estão estocadas.

Isso demonstra o quanto os moradores perdem com a irresponsabilidade no serviço público. A demora e dificuldade de entendimento só aumentam os prejuízos e corroboram para a impunidade.

ARTIGOS

Poderá existir anistia aos atentados de 8 de janeiro?

29/11/2024 07h45

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O almirante ateniense Trasíbulo (440 a.C.) derrotou os 30 tiranos trazendo um exército inicial de 60 homens de Tebas e, depois da vitória, fez os atenienses que estavam divididos se reconciliarem.

A ele é atribuído o nascimento ou significado da palavra anistia (amnesia), dada aos atenienses ao editar lei concedendo o perdão àqueles que cometeram delitos, em nome do fortalecimento da paz.

A concessão de perdão ao longo da história sempre nos revela a existência de tensões sociais sobre as quais o perdão incidirá, resolvendo-as ou evitando-as.

No Brasil, são causas extintivas da punibilidade segundo a ordem penal: a) a morte do agente; b) a anistia, a graça e o indulto; c) a abolição do crime; d) a prescrição, a decadência ou a preempção; e) a renúncia ou o perdão, entre outros.

Fala-se que haveria uma disposição do Congresso Nacional de anistiar diversos fatos punidos recentemente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), alguns deles, supõe-se, teriam, na visão do mesmo STF, atentado contra a ordem constitucional ou o Estado Democrático.

Caso de fato o Congresso decida praticar a anistia nesse último caso, certamente haverá reação de alguns partidos políticos que baterão às portas do STF indicando a proibição de anistia para aqueles que atentaram contra o regime democrático.

Novo contencioso se criará, porquanto há os que veem nos atentados de 8 de janeiro um movimento ordenado, um tipo de vandalismo, visando sobretudo a destruição do patrimônio público nacional, mas não propriamente um golpe de estado ou contra as instituições. Já há outros que enxergam no ocorrido um verdadeiro golpe em sentido mais amplo da palavra.

Quem está com a razão? E mais: qual a solução que melhor atende ao interesse social? A anistia ou a punição dos infratores à ordem jurídica?

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ARTIGOS

Reforma do Imposto de Renda e o pacote fiscal: impactos para o contribuinte e as contas públicas

29/11/2024 07h30

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A proposta de reforma do Imposto de Renda (IR), peça central do pacote fiscal do governo, chega em um cenário de incertezas econômicas. No dia do anúncio, o dólar atingiu R$ 5,91, o maior valor nominal da história, evidenciando as preocupações do mercado com o equilíbrio fiscal. A reforma busca isentar quem ganha até R$ 5.000 por mês e introduzir alíquotas progressivas para rendas acima de R$ 50.000, marcando uma tentativa de ajustar a tributação à realidade socioeconômica e reforçar a credibilidade do governo junto ao mercado.

Impactos e benefícios: a ampliação da faixa de isenção beneficia diretamente cerca de 26 milhões de brasileiros, reduzindo a carga tributária para outros milhões. Atualmente, quem ganha até R$ 2.824 está isento, e a proposta dobra essa faixa. Para rendas entre R$ 5.000 e R$ 7.500, um abatimento parcial foi proposto para minimizar o impacto.

Apesar do alívio, a renúncia fiscal projetada é significativa, variando entre R$ 35 bilhões e R$ 45 bilhões anuais, conforme estimativas da Receita Federal e de entidades como a Unafisco. O desafio está em garantir que os mecanismos compensatórios sejam suficientes para evitar desequilíbrios no orçamento público.

Compensação tributária: o governo propõe uma taxação progressiva para quem ganha acima de R$ 50.000 mensais, com alíquotas que variam entre 5% e 10%. As rendas isentas, como dividendos, serão incluídas no cálculo, aumentando a base de contribuição. Embora apenas 100 mil pessoas sejam impactadas por essas alíquotas mais altas, essa estratégia visa compensar a perda de arrecadação gerada pela isenção. Contudo, há riscos: a concentração da compensação em um grupo pequeno pode limitar os ganhos fiscais, enquanto a complexidade do sistema aumenta a necessidade de fiscalização eficiente.

Conexão com o pacote fiscal: a reforma do IR é uma das ações do pacote fiscal que pretende reduzir R$ 70 bilhões em despesas até 2026. Medidas como contenção de salários no funcionalismo e ajustes previdenciários complementam a estratégia para sinalizar compromisso com a sustentabilidade fiscal. Entretanto, o contraste entre uma isenção tributária de grande impacto e o discurso de austeridade pode gerar tensões. A eficácia dessas mudanças depende do crescimento econômico e da eficiência na execução administrativa.

Desafios operacionais: a transição para o novo sistema requer atenção para evitar distorções. Rendas ligeiramente acima de R$ 5.000 podem enfrentar aumentos abruptos de carga tributária caso o abatimento não seja suficiente, desestimulando avanços econômicos em faixas limítrofes. Além disso, incluir rendas atualmente isentas, como dividendos, demanda estratégias claras para evitar evasão fiscal e resistências de setores econômicos.

Considerações finais: a reforma do IR, inserida em um pacote fiscal estratégico, combina esforços para corrigir distorções tributárias e assegurar a sustentabilidade das contas públicas. No entanto, sua implementação carrega incertezas e desafios significativos. A renúncia de R$ 35 bilhões a R$ 45 bilhões anuais e a dependência de um pequeno grupo de contribuintes para compensar essa perda tornam a proposta especialmente sensível à eficácia da administração tributária e à capacidade de fiscalização.

Além disso, ajustes precisos serão necessários para evitar impactos desproporcionais em faixas de renda próximas à nova isenção, o que exige o aperfeiçoamento dos mecanismos de abatimento. A inclusão de rendas anteriormente isentas no cálculo das alíquotas progressivas para os mais ricos, embora bem fundamentada, pode ampliar a complexidade do sistema e gerar resistências, destacando a necessidade de clareza nas regulamentações e de um acompanhamento contínuo.

A conexão com o pacote fiscal mais amplo também ressalta a importância de articular essas mudanças com outras medidas de contenção de gastos e estímulo econômico. O sucesso da reforma dependerá da harmonia entre a arrecadação prevista, os cortes propostos e o desempenho da economia. Falhas de execução ou desvios no planejamento podem comprometer tanto o impacto fiscal quanto os objetivos de justiça tributária.

Portanto, a reforma deve ser tratada como parte de um processo contínuo, que exigirá monitoramento constante e ajustes com base nos resultados. O próximo cenário econômico será crucial para determinar se as medidas anunciadas conseguirão alinhar sustentabilidade fiscal, redistribuição de renda e competitividade econômica de forma eficiente.

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