Quando se trata de agricultura e meio ambiente, é preciso bom senso. Não se pode incorporar discursos radicais, sejam eles dos ambientalistas, sejam dos que têm ímpeto devastador.
Todo rompimento é doloroso. Pergunte a quem já tratou uma ferida. Mas é o tipo de tratamento que tem consequências definitivas para o corpo humano. Quando o que causa um mal é bem tratado, é grande a chance de cura do que não faz bem ao corpo. A mesma analogia também pode ser aplicada, perfeitamente, ao setor público e à vida privada.
Algumas mudanças de paradigma geram críticas – muitas, inclusive. No caso do governo brasileiro, uma das mais importantes e abrangentes alterações deste tipo está ocorrendo na agropecuária, e está diretamente relacionada ao aumento da produtividade e à proteção do meio ambiente.
A ministra Tereza Cristina, sul-mato-grossense titular da pasta da Agricultura e Pecuária (Mapa), tem sido alvo de críticas de ambientalistas mais radicais e dos que incorporam o discurso reproduzido por eles sem o devido contexto e informações claras sobre os atos praticados. Os leitores de diário oficial têm sido implacáveis com o ministério que ela comanda. A cada publicação em que um defensivo agrícola é liberado, chovem incontáveis críticas, e boa parte das reclamações tem como origem pessoas que – ainda que de boa-fé – não procuraram se informar muito.
Nesta edição, o leitor poderá comprovar o papel de desconstruir mitos que a ministra defendeu ontem, em evento em Campo Grande. O primeiro deles é de que ela tem escancarado o País para muitos agrotóxicos. Trata-se de um mito, porque vários destes defensivos estavam com os pedidos em tramitação há anos no ministério. O que tem ocorrido são tomadas de decisões. Algo que um governante deve fazer.
Defensivos que estão nos padrões exigidos pela legislação brasileira estão sendo liberados e outros, que não estão de acordo com o que determina a lei, estão sendo proibidos. Tereza Cristina admitiu ontem, inclusive, que alguns dos agrotóxicos comercializados no Brasil terão sua autorização revista.
Também é preciso ressaltarmos que a ministra da Agricultura tem seus posicionamentos políticos e sua visão de mundo. O que não dá para negar é que ela tem uma boa experiência administrativa, e que não “mataria” o negócio do qual faz parte (pois é produtora rural). Se boa parte da produção do agronegócio brasileiro é voltada à exportação, é importante acreditar que a ministra não contrariaria as exigências sanitárias dos países compradores apenas para agradar os laboratórios. Sem cumprir estas exigências – nas quais o uso de defensivos agrícolas está incluído –, não se exporta e, consequentemente, os produtores perdem.
Quando se trata de agricultura e meio ambiente, é preciso bom senso. Não se deve incorporar cegamente o discurso de alguns ambientalistas. No entanto, não se deve exagerar do outro lado, relativizando os danos que algumas práticas podem causar ao mercado e ao meio ambiente.