Tensões políticas que ultrapassam o limite da boa convivência e tensões econômicas que prejudicam a subsistência da população produzem efeito direto na saúde pública.
Para simplificar o cotidiano, e também para facilitar a pesquisa científica, o ser humano dividiu o entendimento sobre o universo, que sempre funcionou harmoniosamente, em diversas áreas do conhecimento. Não podemos negar que divisão do conhecimento em várias áreas, todas elas com outras divisões, criou os meios necessários para que o homem experimentasse, nos últimos dois séculos, um avanço ultraveloz no aprimoramento das técnicas e, consequentemente, na qualidade de vida.
Este avanço tecnológico e de conhecimento ocorreu em todas as áreas: humanas, exatas e biológicas, nos aspectos físicos e químicos. Ao mesmo tempo, todas estas áreas citadas sempre foram uma só, que nada mais é que a vida das pessoas e em sua existência no mundo. Esta divisão, talvez, pode nos ajudar a entender algumas dificuldades que vivemos nos tempos atuais.
Esta forma dividida de se ver o mundo também pode ser encarada na perspectiva de uma crise. Desde 2013 que o Brasil vive uma crise política, que cresceu e tornou-se uma crise econômica, que, consequentemente, por sua expansão, produziu outras crises nas áreas de infraestrutura e saúde.
Quando há tensões políticas que ultrapassam o limite da boa convivência e graves tensões econômicas que prejudicam a subsistência da população, é praticamente certo que as consequências serão sofridas em alguns setores, sobretudo os mais vulneráveis. Em meio ao aumento das dificuldades para a população sobreviver, o setor da saúde pública viveu um aumento de demanda – e uma redução da oferta.
A constatação da necessidade de atendimento médico por parte dos cidadãos foi o que deu origem ao programa Mais Médicos, criado em 2013, em resposta aos protestos que, por sua vez, eram consequências de uma crise. Por ter sido criado a toque de caixa, sem muito debate, o Mais Médicos cumpriu o propósito de atender à população, mas trouxe muitas imperfeições em sua operacionalização, a começar pela grande transferência de recursos do governo ao controverso regime governamental de Cuba, por meio de convênio com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
Foram estas divergências, que poderiam ter sido sanadas durante a idealização do Mais Médicos em 2013, que culminaram na radical exclusão do programa, iniciada no fim do ano passado. Desde então, uma expressiva camada da população brasileira, sobretudo as pessoas que residem em pequenas cidades ou áreas longínquas dos grandes centros, ficaram sem atendimento.
Nesta edição, apresentaremos um programa ambicioso – que começará a ser experimentado em Campo Grande – para substituir o Mais Médicos. É uma ideia que, se tiver o êxito que se espera, poderá contribuir para oferecer um serviço de saúde na área de atenção básica mais efetivo em médio e longo prazo. Que este plano tenha sucesso!