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Editorial desta quinta-feira: "Doação e estrutura"

Editorial desta quinta-feira: "Doação e estrutura"

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A falta de estrutura em Mato Grosso do Sul pode ser fator de prejuízo ao atendimento a estes pacientes que precisam de transplante.

Conscientizar a população para a importância da doação de órgãos é trabalho constante e de suma importância. O ato salva vidas e dá esperança a pacientes que estão, há anos, agonizando na fila de espera dos hospitais do País. Em Mato Grosso do Sul, uma campanha foi lançada ontem, com este objetivo, porém, não há estrutura no Estado para que se faça o transplante da maioria dos órgãos. Até agora, segundo informações da secretaria estadual, este ano, apenas dois transplantes de rim foram realizados. Isso porque não há estrutura suficiente para que procedimentos semelhantes sejam feitos.

A campanha “Sou doador e minha Família já sabe” tem como objetivo fazer com que os doadores informem seus parentes da vontade de doar órgãos. Em caso de morte e consentimento dos familiares, a Central de Transplantes da secretaria é acionada e analisa quais pacientes podem ser compatíveis. O setor está conectado a sistema nacional, o que possibilita mandar o órgão para outros estados. Aliás, é somente assim que muitos pacientes podem ser beneficiados com as doações em Mato Grosso do Sul. Isso porque a estrutura existente não possibilita que sejam feitos transplantes de coração, córnea ou músculo esquelético. O transplante de rim já havia sido suspenso em 2013, depois que sete dos 45 pacientes transplantados morreram. Em 2014, sete meses depois da paralisação dos trabalhos, a Santa Casa foi autorizada a retomar as cirurgias, porém, a equipe precisava passar por treinamento em Brasília e  São Paulo. Nesse período, apenas dois procedimentos foram feitos, sob alegação de que o setor estava em reforma.

Não há números regionais sobre a fila de espera por órgão. O que se tem é o total nacional, com 40 mil pessoas aguardando por um transplante.  Desde 1999, segundo a secretaria de Saúde, foram 14 corações, 2,1 mil córneas, 603 rins e 63 músculos esqueléticos transplantados, a maioria, enviado para hospitais de outras regiões do País.

A falta de estrutura em Mato Grosso do Sul pode ser fator de prejuízo ao atendimento a estes pacientes que precisam de transplante. Por não ter como fazer o procedimento de vários órgãos, a lista é ampliada para outros Estados. O argumento é válido, pois a distância entre  a doação e o transplante pode ser a diferença do sucesso ou fracasso da cirurgia. 

O tempo que se leva entre captação e o aproveitamento estende-se e isso pode acarretar dano no órgão: um coração ou um pulmão duram de 4 a 6 horas; fígado, entre 12 e 24 horas e o rim, até 48 horas. Por isso, é preciso investir sempre mais na capacitação das equipes e na estrutura regionais, para que se busque a excelência do atendimento à saúde. A melhora no atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) pode auxiliar em dois fatores: na predisposição geral para a doação de órgãos e melhoria na fila dos transplantes. É uma luta contra o tempo, necessária e que precisa ser discutida. Uma parcela significativa dos pacientes candidatos a transplantes acaba morrendo na fila, pois a rede de captação ainda não conseguiu ter eficácia e alcance suficiente. É também imporante que as pessoas entendam a importância da doação. Cada pessoa pode salvar até 10 vidas com o gesto humanitário. Porém, é preciso mais que boa vontade para que isso seja possível. 

ARTIGOS

Melhor idade: um convite para grandes aventuras

03/12/2024 07h45

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As pessoas necessitam de um período para reavaliar as escolhas, explorar novos interesses e adquirir experiências inovadoras. O termo sabático, oriundo do hebraico shabat, está relacionado à tradição judaica de descansar a terra a cada seis anos de cultivo ininterrupto. Na terceira idade, um momento de pausa pode ser especial. Não é uma decisão fácil ou imediata, mas sim fruto de um processo de autoconhecimento e de estar disposto a sair da zona de conforto (ou de desconforto), enfrentando medos e desafios. Para que o projeto se torne exitoso, há três palavras fundamentais: antecedência, organização e planejamento.

Compartilho aqui a experiência que tive com meu marido, Paulo, de nosso período de pausa, após eu pedir afastamento do cargo de gestão que exercia há mais de 10 anos. Apesar de gostar imensamente do que fazia, não desvinculava o cansaço e o estresse que sentia a esse trabalho. Essa constatação me fez refletir e ver que era hora de “passar o bastão”, não sem antes praticar o desapego. O que fazer? O mundo tinha aberto as portas e o céu seria o limite!

Quantas possibilidades! Depois de várias “tempestades de ideias”, decidimos viajar por aproximadamente seis meses para a Europa em 2018, guiados por interesses comuns em história, cultura e arte do Velho Mundo.

Iniciamos a jornada pela Inglaterra e tivemos a oportunidade de conhecer e de interagir com pessoas de várias partes do mundo. Todo o roteiro foi em função do desejo de conhecermos as grandes obras de arte, como as contidas no British Museum, na capital inglesa, no Museu do Prado, em Madri, e no Louvre, de Paris, além de patrimônios históricos e culturais da humanidade, em lugares como Portugal e Alemanha. As vivências espirituais foram outro ponto alto do passeio, em espaços como a Sacré-Coeur, de Paris, o Self Realization Fellowship, de Dublin, e o templo de Neasden, em Londres.

Ao término de nossa viagem, voltamos com uma bagagem extraordinária de vivências e de conhecimentos que gostaríamos de passar para outras pessoas. Descobri o prazer de escrever e publiquei dois livros sobre a experiência, e Paulo entrou para o ramo do turismo. Valeu a pena? Muito!

Essa decisão precisa ter uma razão e um propósito, um plano de ação muito bem estruturado, com definição do tempo da pausa, do destino, dos custos e da preparação para o retorno, garantindo que essa experiência se reverta em crescimento pessoal ou profissional. Desperte sua criatividade e explore potencialidades que talvez nunca tenha imaginado, permitindo-se um período de pausa transformador!

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ARTIGOS

Recomendações de Herman Benjamin para os juízes

03/12/2024 07h30

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Sempre tive uma vontade grande de conhecer pessoalmente o ministro presidente do STJ, Herman Benjamin, paraibano de Catolé do Rocha, e conversar com ele para beber seus vastos conhecimentos jurídicos, filosóficos, teológicos e humanitários tão importantes para sedimentar as suas sentenças e engalanar a cátedra onde sustenta com absoluta competência. Esse sempre foi um dos meus acalentados sonhos.

O ministro está tão próximo da minha cidade Ponta Porã e não pude concretizar essa aspiração em razão da fragilidade da minha saúde. Mas as oportunidades se renovam e quem sabe um pouco mais à frente poderei concretizar esse desiderato precioso. Mas é certo também, em outra vertente, que as suas decisões inseridas nos anais dos tribunais por onde peregrinou e ainda peregrina são sábias e pedagógicas e de valor inigualável. Não são conversas vazias e destituídas de fundamentos esse indicativo lançado pelo articulista. 

São provas robustas e insofismáveis emanadas daqueles que verdadeiramente amam o Direito e ainda consagram a sua vida inteira a serviço da Justiça como instrumento fomentador da paz social. Sim, porque o Direito, embora seja uma ciência abstrata, ele atrai, seduz e nunca chega a satisfazer a inteligência do seu estudioso diante da sua grandeza e do alcance dos seus propósitos.

Desde que nascemos, com o registro de nascimento, até quando morremos, com o atestado de óbito, tudo o que fazemos ou realizamos no curso da nossa peregrinação terrena está regulamentado por normas, regulamentos, portarias, decretos e leis que formam o nosso ordenamento jurídico. Base fundamental para referendar a justa distribuição da Justiça sempre que esse reclamo bater às portas dos juízos, instâncias ou tribunais.

Nessa linha de pensamento e de coexistência pacífica entre o Estado e a sociedade civil organizada surge o Judiciário como instrumento valioso para assentar a paz social, sobretudo quando foi esse o propósito do Estado para chamar para si a responsabilidade de distribuir a Justiça. Como o Estado se trata de um ente abstrato, ele mostra a sua face na pessoa física do juiz como responsável pela aplicação da Justiça. Não pode existir nada mais sublime do que isso. 

Consolidar a paz social com a aplicação da norma jurídica capaz de serenar os ânimos dos que buscam na Justiça o último guardião para a defesa dos seus direitos. E isso se torna mais evidente quando se constata a lisura dos nossos juízes, suas condutas morais, culturais, sociais, éticas e jurídicas no contexto da sociedade em que convive, como expressão maior para conquistar a respeitabilidade dos seus jurisdicionados.

Na primeira entrevista que concedeu, e que está estampada nas páginas amarelas da edição da Veja de setembro/24, disse a cada jovem magistrado com quem se encontra que a ambição da riqueza material ou quem sonha com um emprego glamouroso não deve ser juiz, estará na profissão errada. E sentenciou dizendo que o juiz no exercício da sua função judicante nunca será rico, e quem quer ser rico, não deve fazer concurso para juiz. 

Foi o desabafo diante de tantos tormentos que sacudiram os tribunais estaduais com os afastamentos de desembargadores de seu ofícios judicantes. Mas esse desejo enlouquecido que embrutece o ser humano não reside apenas nos limites do Judiciário. Outras tantas instituições sofrem com esse pesadelo. Nem o papa Francisco com o seu colégio de cardeais rebelde, e de outros tantos padres que se utilizam da sotaina para destruir sonhos justos e santos, vive momentos do seu pontificado sem tormentos. 

Em razão desses ditames, a nossa Carta Constitucional, para evitar essa vontade condenável, reservou aos integrantes do Judiciário as garantias constitucionais da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos como instrumentos robustos para enfrentar os poderosos e vencer os desafios que todos os dias surgem na sua rotina de trabalho.

Parabéns ao nosso Estado, que recebe as mais altas autoridades do Judiciário brasileiro pelo colóquio. Parabéns a nossa sempre linda Campo Grande, terra de José Antônio Pereira, plantador de uma cidade de gente honesta, trabalhadora e que respeita a ordem, a lei e as autoridades constituídas. 

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