Fica a lição para que no próximo ano não tenhamos que acompanhar novamente a tentativa de correr atrás do prejuízo quando nada mais pode ser feito
Com as chuvas constantes dos últimos dias, o descaso com a infraestrutura tornou-se ainda mais evidente. São projetos mal elaborados, falta de limpeza ou obras interrompidas que acabaram se transformando em transtornos para os moradores. O desmoronamento de parte da margem do Rio Anhanduí era tragédia anunciada e os danos ainda podem ser maiores. Na terça-feira, tubulações de drenagem e esgoto romperam-se em decorrência da força da água - problema que poderia ser evitado caso a administração municipal iniciasse as obras que estão com R$ 68 milhões já garantidos. A prefeitura, porém, permanece na eterna letargia e a erosão só avança, atingindo cada vez mais a pista.
A precariedade chegou a tal ponto que caminhão-guincho vem sendo usado para segurar o cano de esgoto até que os reparos definitivos possam ser feitos. Agora, resta esperar e torcer para que os estragos não sejam maiores. Nem precisa ser grande especialista para saber que obras não podem ser executadas durante o período das chuvas. Mesmo assim, o poder público parece só lembrar dos problemas depois que a desgraça já aconteceu. Centenas de buracos espalhados pelas ruas de Campo Grande tornaram-se símbolos do descaso e as competentes equipes da Secretaria de Obras decidiram iniciar os reparos justamente no período de chuvas, ao custo de R$ 2 milhões mensais. O resultado não poderia ser outro: dinheiro público desperdiçado.
Ontem mesmo, com a precipitação praticamente constante, equipes estavam tapando buracos na Avenida Capital. Moradores relatam que o material usado é levado pela água pouco depois e o problema reaparece. Cenas semelhantes são vistas todos os dias nas ruas de Campo Grande. O mais coerente, no momento, seria suspender os trabalhos nos dias de chuva para evitar que dinheiro seja jogado fora, algo que o secretário municipal de Obras, Amilton Cândido de Oliveira, garantiu que será feito.
Também entra na conta dos estragos da chuva, que poderiam ser evitados, os alagamentos que ocorreram na Avenida Rachid Neder, principalmente na rotatória com a Euler de Azevedo. Um dos motivos seria rompimento da barragem e de uma piscina de contenção de água da chuva, obras que foram alvo de questionamentos por possíveis falhas estruturais e de projetos.
Mato Grosso do Sul, infelizmente, vivencia período de dificuldades, em que ao menos 25 municípios são castigados pelas chuvas. Há danos estruturais, como pontes destruídas e estradas intransitáveis, casas alagadas e as perdas serão ainda maiores com o início da colheita de soja, prejudicado pelo excesso de água e pelos problemas de escoamento. Não basta, porém, tentar colocar a culpa apenas em São Pedro. Há, certamente, prejuízos que poderiam ter sido minimizados caso o poder público trabalhasse com mais planejamento e eficiência. Infelizmente, estradas, ruas e avenidas que estavam sem manutenção ficaram muito piores. Fica a lição para que no próximo ano não tenhamos que acompanhar novamente a tentativa de correr atrás do prejuízo quando nada mais pode ser feito.


