Muitos dos comerciantes que migraram para os bairros abriram mão de ponto bem localizado na região central porque não tinham como arcar com o aluguel diante da queda nas vendas.
A migração do comércio da região central de Campo Grande para os bairros é, entre vários motivos, resultado do crescimento e da urbanização da cidade. A Capital saiu do eixo central e expandiu-se; esses bairros ficaram distantes e os empresários enxergaram no que seria considerado um problema para os moradores, uma oportunidade de trabalho. Infelizmente, também, faz parte da crise econômica, que reduziu ganhos e obrigou a mudança para evitar o fechamento da atividade.
A economia brasileira, atualmente, passa por uma das maiores crises da história e que ainda não terminou. A retração, já admitida pelo governo federal, deve alcançar patamares ainda maiores em 2016. A divulgação do Orçamento da Uniãodo ano que vem com deficit de R$ 30,5 bilhões - 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) - é demonstrativo disso.
O crescimento previsto, segundo perspectiva da administração petista é de 0,2% e, a inflação, de 5,4%. Para tentar levantar as finanças, a presidente da República Dilma Rousseff não descarta a criação de tributo, válido por dois anos, que pode gerar receita anual de R$ 70 bilhões, ou seja, R$ 140 bilhões até o término da vigência. O bolo seria repartido entre Estados e municípios, uma forma de cooptar apoio das administrações e garantir aprovação da medida, quando for apresentada. Mais uma vez, é o cidadão quem vai pagar pela inoperância na gestão
Diante deste cenário, o brasileiro precisa adaptar-se. Muitos dos comerciantes que migraram para os bairros abriram mão de ponto bem localizado na região central porque não tinham como arcar com o aluguel diante da queda nas vendas. Só o deslocamento não é garantia da continuidade da atividade.
O empresário tem que identificar quem será o seu público alvo, pesquisando a realidade do bairro, a faixa de renda e a intenção de compra.
São informações valiosas que podem fazer a diferença entre o sucesso do empreendimento ou fechamento definitivo.
Porém, no momento atual, é preciso entender que, mesmo adotando cuidados e traçando estratégias, é preciso levar em conta a perda de ganhos mais significativos, já que o consumidor está colocando pé no freio nos gastos e tentando sair da inadimplência. Há ainda o crescente índice de desemprego, que é realidade há meses no País.
Em Campo Grande, a população teve demonstrativo real do que os índices demostram: quilométrica fila na praça Ary Coelho, com mais de quatro mil pessoas em busca de vaga de trabalho. Na edição de hoje do Correio do Estado, outro dado preocupante: a oferta de trabalho teve recuo de 26%, segundo dados do Sistema Nacional do Emprego (Sine); foram 6,6 mil oportunidades a menos no Estado.
O pior é que o demitido não está conseguindo nova colocação, permanecendo na informalidade ou sem qualquer remuneração, numa bola de neve que só aumenta. A retração é realidade que deve tornar-se mais assustadora nos próximos meses.