É preocupante verificar que o gasto por aluno em Campo Grande seja considerado aquém do ideal até para a secretaria pública responsável pelo Ensino Fundamental
O investimento em Educação é tarefa que envolve várias frentes de ações, como por exemplo, formação e remuneração de professores, melhorias e construção de infraestrutura, gestão escolar e discussão da grade curricular. O Brasil está em uma política de expansão que conseguiu resultados expressivos nos últimos oito anos, mas ainda longe da meta oficial traçada - 10% do equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB) no setor até 2024 -. A continuidade do crescimento é ameaçada pela crise econômica e o programa do governo Federal de ajuste das contas públicas, que compromete repasse de verbas a estados e municípios. É preocupante verificar que o gasto por aluno em Campo Grande seja considerado aquém do ideal até para a secretaria pública responsável pelo Ensino Fundamental na capital.
Ao longo da última década, União, Estados e municípios gastam, em média, por estudante da rede pública, R$ 6,2 mil, segundo dados atualizados. Em 2003, eram R$ 2,2 mil. Avanço considerável, mas que corre o risco de empacar com a retração da economia. Campo Grande está na média, mas, se for comparado a outras cidades do Estado, o cenário destoa. De acordo com o que consta no Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (Siope), do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), Campo Grande está na 44ª posição no ranking em Mato Grosso do Sul de gasto por aluno, ou seja, valores investidos na Educação, que engloba estrutura, salário de professores e gestão. Em 2014, capital do Estado investiu R$ 6,2 mil por ano do erário, ficando atrás de Anaurilândia (R$ 10,3 mil), Taquarussu e Jateí (R$ 9,8 mil), os três primeiros colocados, respectivamente. Mesmo respeitando a proporção de habitantes e o valor por estudante, a posição da capital do Estado, que fica abaixo da metade dos 79 municípios, chega a ser constrangedora.
A secretaria estima que seriam necessários mais R$ 152,7 milhões de recursos para melhorar no ranking estadual, aporte que foi pleiteado ao FNDE, e que seriam investidos em 2016.
Curiosamente, os melhores colocados no levantamento são municípios que utilizam mais recursos próprios do que federais. A dependência de verba via ministério pode ser entrave na pretensão da prefeitura de Campo Grande de melhorar os índices, levando-se em conta o quanto ainda será feito de ajustes econômicos para estancar a sangria da retração.
A polícia de investimento no setor precisa ser revista, com urgência. A Unesco fez estudo que demonstra que aporte efetivo e de qualidade traz retornos práticos, com elevação do PIB de um país em até 23% num período de 40 anos. “Investir em Educação” não pode continuar sendo uma falácia de período eleitoral. Educação aprimora o indivíduo no convívio social, capacita para mercado de trabalho e pode ser incorporado à inovação de bens e tecnologia, transformando metas de futuro de longo para médio ou curto prazo.
O valor agregado é muito maior do que ações de politicagem que costumam tornar-se prioridade dos candidatos eleitos. É investimento a longo prazo, com retorno demorado, mas, definitivamente, um bom negócio para a população.