Fazer mudanças para aumentar a eficiência do sistema esbarra na resistência dos que se beneficiam com o modelo atual.
Nesta crise econômica, em que as despesas do setor público crescem num ritmo muito mais veloz que o das receitas, um dos grandes desafios dos governantes é resolver os problemas na área da saúde.
O setor é certamente o mais demandado pela população e, também, o que tem maior apelo durante o período eleitoral. Ainda é, certamente, ao lado da educação, o que dita o rumo das políticas públicas.
Reportagem publicada na edição de hoje do Correio do Estado, ao mostrar o problema da sobra de leitos e uma longa fila de espera por cirurgias, aponta o caminho para melhorar o serviço público de saúde no médio prazo.
A busca pela solução parte da pergunta que fica após a leitura da reportagem: como é possível ter cinco mil pessoas esperando por cirurgias eletivas e sobrar leitos nos hospitais que atendem casos de média complexidade? Chegar a esta indagação é simples, respondê-la também: é preciso melhorar a gestão.
O grande desafio da atual administração, porém, está justamente na tentativa de transformar a gestão do setor de saúde. Fazer mudanças para aumentar a eficiência do sistema esbarra na resistência dos que se beneficiam com o modelo atual. Atos recentes praticados por diretorias de hospitais e trabalhadores da área são exemplos desta barreira.
Como fazer com que os três grandes hospitais de Campo Grande atinjam o índice de 91% de atendimentos executados previsto em contrato com o município. Atualmente, Santa Casa, Regional e Universitário não cumprem esta meta. A baixa produtividade de seus colaboradores contribui para que sobre leitos de média complexidade, enquanto há falta de leitos de alta complexidade.
Será preciso muita coragem para transformar a saúde pública de Campo Grande. Medidas que podem ser inicialmente impopulares, como fechamento de alguns postos de atendimento e mudança na política salarial dos funcionários da saúde, serão benéficas no médio prazo.
O que a população que lota todos os dias unidades de pronto atendimento, postos de saúde e hospitais de Campo Grande quer é atendimento. Quando se tem uma situação de urgência ou emergência em saúde, a última coisa que o paciente deseja saber é como o sistema se organiza.
O que ele necessita mesmo é ter o seu problema resolvido, por meio de uma consulta e posterior tratamento, com medicamentos e eventuais intervenções cirúrgicas. Infelizmente não é este o tratamento dedicado aos pacientes, simplesmente porque o sistema público de saúde é uma engrenagem emperrada, que só terá vida longa caso seja consertada e não constantemente lubrificada com verbas públicas para se manter funcionando do jeito que está, sem qualquer eficiência.
Mudar as formas de se distribuir dinheiro e cobrar eficiência por parte dos trabalhadores e gestores da saúde são os primeiros passos para consertar esta engrenagem e atender aos anseios da população.