O desrespeito às leis é notório e está ligado ao fato de que muitos não acreditam que serão penalizados pelas infrações no trânsito
Desde o dia 18, a campanha da Semana Nacional do Trânsito está nas ruas em todo o País. Em Campo Grande, foram organizadas palestras, shows, serviço de revisão básica para motos e outros eventos para chamar atenção do público para o tema deste ano: “Seja você a mudança no trânsito”. Neste fim de semana, em Iguatemi e Ponta Porã, houve duas mortes relacionadas ao uso de álcool e excesso de velocidade, justamente as duas principais causas de óbitos relacionados ao trânsito. São apenas dois casos que demonstram que a falta de conscientização do brasileiro ainda é maior do que qualquer receio sobre as consequências da condução imprudente.
O desrespeito às leis é notório e está ligado ao fato de que muitos não acreditam que serão penalizados pelas infrações no trânsito. Em dezembro de 2012, com a entrada em vigor da nova Lei Seca (1175), houve pequena mudança na conduta de vários motoristas, que deixavam o carro em casa ou adotavam a carona amiga nas noites em que haveria o consumo de álcool. Isso decorreu mais das penalidades impostas do que da conscientização dos condutores. O motorista flagrado depois de consumir álcool paga multa de R$ 955,00, tem o carro apreendido e prisão. Há casos em que, dependendo do entendimento da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual, o responsável por acidente com morte pode ser denunciado por homicídio doloso, ou seja, com intenção de matar, já que assumiu o risco de provocar colisão ao ingerir bebida.
Porém, sem ver rigor nas fiscalizações na rua, o receio esvaiu-se com a mesma rapidez com que a imprudência cresceu. Mesmo em casos de prisão, a morosidade judicial permite que muitos responsáveis por acidentes com morte respondam em liberdade ou, ainda, acabem com pena branda.
Em Campo Grande, de janeiro até agora, foram 57 mortes em acidentes, a maioria envolvendo jovens com idade de 18 a 25 anos. As colisões acontecem principalmente em avenidas largas, infelizmente, verdadeiras pistas de corrida nos fins de semana. No ano passado, em todo o Estado, foram 12,2 mil acidentes. Na Capital, não se veem regularmente blitze perto dos bares na região central da cidade ou mesmo nas conveniências espalhadas pelos bairros. É raro um fim de semana em que não haja notícias sobre acidentes decorrentes da alta velocidade e/ou excesso do uso de álcool.
Apelar somente para a consciência dos condutores é um começo, porém, até agora, não mostrou a esperada eficácia. Quando se atinge o bolso ou se prevê punição maior é que a maioria muda os hábitos. Foi assim com a obrigatoriedade do uso de cinto de segurança, instituído a partir de 1997. A falta dele é infração grave e cinco pontos na CNH. Passados 18 anos, há novas gerações que incorporaram a prática. Ainda falta muito a avançar em relação ao comportamento geral do motorista brasileiro. Embora a legislação tenha se tornado mais rigorosa, a fiscalização ainda é deficiente e isso traduz-se nos números de colisões e mortes ainda registrados.