Quando Mato Grosso do Sul vira notícia no combate às drogas, no País, é porque polícias de outros Estados apreenderam entorpecentes que passaram por nosso território
Passados nove meses do início da administração de Reinaldo Azambuja, mesmo em um cenário de crise econômica e dificuldade para arrecadar, o governo do Estado obteve êxito em algumas iniciativas, como, por exemplo, na área da saúde, com a caravana que teve início em março e já atendeu mais de 6 mil pessoas até agora, ajudando a zerar filas de espera por cirurgias em cidades do interior.
Neste cenário desafiador causado pela dificuldade financeira e escassez de dinheiro público, o governo também conseguiu cumprir sua obrigação de pagar salários em dia e de confirmar o 13º salário dos servidores no prazo legal, coisa que, por exemplo, a Prefeitura de Campo Grande não conseguirá fazer, conforme tem anunciado.
Há, entretanto, um setor do governo de Reinaldo Azambuja que pouco se fala e que é muito cobrado pela população: o da segurança pública. Há um ano, durante sua campanha para governador, o tema “segurança” tinha destaque no plano de governo e nos programas de televisão e rádio do então candidato. Agora, as ações de policiamento e combate à criminalidade do governador, já no exercício do mandato, são muito tímidas e pouco visíveis.
Um exemplo da timidez das ações da segurança pública estadual é o titular da pasta, o discreto secretário Silvio César Maluf. Ele pouco aparece, assim como toda a estrutura da secretaria de Justiça e Segurança Pública que comanda, a qual congrega a Agência Estadual do Sistema Penitencário, a Polícia Militar, a Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros.
Desde a posse de Azambuja, a única medida de impacto anunciada pelo governador para reforçar o combate à criminalidade foi o aluguel de viaturas para as polícias Militar e Civil e para o Corpo de Bombeiros. Mesmo após o processo licitatório concluído, a entrega desses novos carros, que substituirão os sucateados, está atrasada. O ato de alugar veículos e não comprá-los, porém, ainda é controverso, pois os equipamentos não seriam considerados patrimônio do Estado.
No combate ao tráfico de drogas, não há algum protagonismo das polícias estaduais nem tampouco da Polícia Federal. Apenas a Polícia Rodoviária Federal tem atuado de maneira mais contundente no combate aos entorpecentes.
Quando Mato Grosso do Sul vira notícia sobre tráfico de drogas no Brasil é porque carregamentos que saíram do Paraguai e da Bolívia e passaram pelo Estado foram interceptados por polícias de outras unidades da federação, como, por exemplo, São Paulo, Paraná e Goiás.
A apreensão aleatória desses carregamentos nos Estados vizinhos escancara a dura realidade local no enfrentamento às drogas: a de que o tráfico não é combatido, pois a grande maioria dos entorpecentes que abastecem as grandes cidades do Brasil e de outros países passa tranquilamente por Mato Grosso do Sul.