Permanece a certeza que abandonar o empreendimento depois de quase R$ 200 milhões investidos seria uma falha inaceitável.
Não há dúvidas que obra parada é sinônimo de desperdício de dinheiro. Nos últimos anos, o Aquário do Pantanal, construído nos altos da Avenida Afonso Pena, tem sido o símbolo mais emblemático dessa “sina” decorrente de equívocos no planejamento e execução das obras, ainda mais frequentes no poder público.
Diante da crise econômica e dos impasses judiciais envolvendo o grandioso empreendimento, houve temor que a construção fosse esquecida e que os milhões já gastos acabassem sendo perdidos. O governador Reinaldo Azambuja chegou a mencionar a prioridade de aplicar verbas na saúde em vez de direcionar tantos recursos para o atrativo turístico.
Agora, parece que, enfim, começa um direcionamento para que os rumos mudem e os sul-mato-grossenses possam contar com os diversos benefícios que resultam desse investimento.
As tratativas entre o governo do Estado e o Grupo Cataratas, que já tinha sido escolhido para administrar o Aquário, estão praticamente finalizadas. Assim, o grupo irá se responsabilizar pelo restante dos recursos para concluir a obra. Resolvem-se dois impasses: a falta de dinheiro do governo, que enfrenta queda na arrecadação, e o problema jurídico decorrente da impossibilidade de conceder novos aditivos ao contrato formalizado com a Egelte, pois o limite de 25% permitido pela lei já foi alcançado.
Pelos cálculos, faltam R$ 40 milhões para concluir o empreendimento. A gestão estadual ainda dispõe de quase R$ 17 milhões na conta do fundo de compensação ambiental, que tinha sido deixado pelo ex-governador André Puccinelli ao encerrar o mandato.
Nesse total, infelizmente, já tiveram de ser somados valores extras da lentidão e da desorganização. No último anúncio de retomada da obra pela Egelte, que na prática jamais ocorreu, alguns serviços teriam de ser refeitos. Conforme já mostrado pelo Correio, o cenário no Aquário é de deterioração: vidros quebrados, infiltrações, mofo, ferrugem, instalação elétrica comprometida, serviços inacabados. Por isso, a necessidade urgente de buscar solução para que as perdas não sejam mais significativas e, principalmente, para que a população possa desfrutar do investimento.
Há impacto econômico significativo, com geração de oportunidades no ramo de hotelaria, restaurantes e até mesmo para a área de pesquisa.
Campo Grande amarga posições negativas no índice de geração de empregos, divulgado mensalmente pelo Ministério do Trabalho. Somente em junho, foram 337 vagas a menos. Esse resultado deve-se à retração de investimentos nos últimos anos da cidade, seja com a paralisação de obras ou até mesmo com a letargia da gestão passada para atrair novas indústrias. O Aquário surge, também, como expectativa de fomentar oportunidades de que a cidade tanto necessita.
Para voltar a crescer, a Capital precisa se reiventar economicamente e buscar atrativos que ajudarão a incrementar a receita, possibilitando ampliação de investimentos em setores essenciais, como educação e saúde. Discutem-se erros e acertos na obra do Aquário. O tempo mostrará quais os benefícios para a cidade.
Permanece a certeza, porém, que abandonar o empreendimento depois de quase R$ 200 milhões investidos seria uma falha inaceitável e inconsequente. Retoma-se a expectativa e espera-se avançar para concretizar os propósitos.