Uma administração que não consegue nem formar o secretariado, está isolada politicamente e sem apoio na Câmara de Vereadores dificilmente conseguirá ter algum resultado positivo
A falácia, infelizmente, é atributo constantemente associado a políticos. E não é para menos. A população brasileira acompanha, dia a dia, as consequências do que foi prometido e do que foi colocado em prática pelo governo federal. A tentativa de engodo continua, mas é difícil camuflar a realidade, quando os efeitos são tão evidentes no bolso do consumidor e na economia. Em Campo Grande, o engodo começou em 2013, depois da posse do prefeito Alcides Bernal, e permanece, com resultados nocivos ao desenvolvimento da cidade.
Não há dúvida de que o Brasil passa por dificuldade econômica sem precedentes, e isso determinou mudança na gestão financeira nas administrações públicas em todo o País. Mesmo tardiamente, o governo federal tenta evitar o colapso total, fazendo cortes até nos programas sociais, projetos que sempre foram bandeira da gestão petista e poderosas armas para arrebanhar votos. É de se estranhar, então, que a Prefeitura de Campo Grande possa arcar com parte da construção de 300 apartamentos no Bairro Cabreúva e na Vila Planalto. Seriam prédios com até quatro pavimentos, sem contar o térreo, para áreas comerciais. O projeto-piloto estaria associado a ações financiadas com US$ 56 milhões pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e mais US$ 56 milhões de contrapartida municipal. A mesma fonte do projeto de requalificação, o Reviva Centro, o qual prevê melhorias na Rua 14 de Julho, que, segundo Bernal, começaria em março de 2016. Até a construção de complexo multifuncional na antiga rodoviária está sendo cogitada, o que obrigaria a demolir a antiga estrutura e, ainda, arcar com indenização dos comerciantes que ainda estão em atividade no local. São conjecturas lançadas ao vento pelo prefeito, como se pudesse mascarar a realidade com promessas sem fundamento.
É fácil descobrir como as pretensas obras estão embasadas em falácia. O Reviva Centro foi criado em 2008. Daquele período até agora, nada foi feito, salvo reuniões e, pasmem, pelo menos dois “lançamentos” do projeto, que não saiu do papel e não deve sair tão cedo. Para que o BID libere a verba, a prefeitura precisa sair da lista negra de devedores, o Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal (Cadin). Se não tem como pagar o 13º salário dos servidores e continua a parcelar salários, fica difícil acreditar que poderá quitar o débito inscrito no Cadin, relacionado ao INSS. A administração contesta e recorreu à Justiça, mas, por enquanto, permanece inadimplente e sem condições de contrair dívidas.
Uma administração que não consegue nem formar o secretariado, está isolada politicamente e sem apoio na Câmara de Vereadores dificilmente conseguirá ter algum resultado positivo. O que se tem, até agora, é compulsiva falácia, que só traz prejuízo à cidade.
O cenário de hoje é consequência das últimas eleições, com a posse de Bernal e, depois, de Gilmar Olarte, que não obteve êxito algum em mudar o caos. Projetar revitalizações e apartamentos construídos em bolhas de ar não terá resultados positivos para a população, ou politicamente, para o gestor. De promessas, o eleitor está cansado.