A educação, aliás, é a saída a médio e longo prazo, mas, enquanto isso, é importante que as fiscalizações nas estradas sejam recorrentes e incisivas.
Este ano, o número de mortes registradas nas rodovias federais em Mato Grosso do Sul caiu em relação ao mesmo período do ano passado. Porém, os casos que ainda acontecem impressionam pela irresponsabilidade gritante dos condutores. A maioria dos acidentes é consequência da alta velocidade e da imprudência dos motoristas. No último fim de semana, dez pessoas perderam a vida em colisões nas estradas e pelo menos dois casos chamaram atenção, por envolver maior quantidade de pessoas e crianças.
De janeiro até setembro, foram 116 mortes, 36,9% a menos do em igual período de 2014, quando foram registrados 184 óbitos. Os dados fechados pela Polícia Rodoviária Federal ainda não incluem os casos ocorridos em outubro, em que foram 10 mortes até agora. A BR-163 ainda concentra o maior número dos casos - 40 - seguida da BR-267 (23) e da BR-262 (18). Nas rodovias estaduais, também houve queda de mortes este ano, de 108 para 65.
Um dos casos ocorrido nas rodovias federais foi na BR-262, entre Ribas do Rio Pardo e Água Clara. De acordo com registro da ocorrência, o condutor foi tentar ultrapassagem e bateu frontalmente com veículo que vinha na pista contrária. Dos cinco ocupantes, quatro morreram, sendo duas crianças de 12 e 8 anos. Apenas a mãe deles sobreviveu. Na investigação preliminar, apurou-se que o motorista que invadiu a pista teria bebido e há relatos de testemunhas de que ele ainda havia comprado mais bebida depois de ter saído de festa.
Levantamento feito no período de onze meses, entre 2013 e 2014, mostra as colisões frontais representam 3% das colisões em rodoviais federais em todo o País, mas que foram responsáveis por 34% das mortes. A letalidade é consequência da impossibilidade de reflexo rápido de quem é pego de supresa pelo motorista que tenta fazer a ultrapassagem. Nas estradas - principamente nas de pavimentação de qualidade -, é comum o condutor abusar da confiança e da velocidade e forçar passagem, mesmo em condições mínimas de segurança. O excesso de velocidade está entre os principais motivos dos acidentes.
Esperar pela conscientização dos motoristas não vai surtindo efeito necessário. O uso do cinto de segurança tornou-se hábito pois foi imposto, sob pena de multa e pontos na carteira e, mesmo assim, é comum ver condutores sem o equipamento nas ruas da cidade. O ponto positivo é que muitas crianças incorporaram a ação e obrigam os pais a seguirem o exemplo. A educação, aliás, é a saída a médio e longo prazo, mas, enquanto isso, é importante que as fiscalizações nas estradas sejam recorrentes e incisivas. É comum no período de férias e feriado prolongado as operações especiais, envolvendo todo o efetivo das polícias rodoviárias. O empenho poderia se estender por todo o ano, mas, para isso, segundo as polícias, seria necessário aumentar o efetivo. Enquanto o problema das corporações não for sanado, infelizmente, isso permite que as estradas estejam descobertas em boa parte do tempo, tanto para a imprudência dos condutores quanto para a criminalidade, principalmente em Mato Grosso do Sul, estado de passagem do tráfico de drogas e armas e contrabando de combustíveis.