A deterioração do mercado de trabalho é só uma das várias facetas da atual crise econômica. O preocupante é que os números não param de cair mesmo com as medidas tomadas pelo governo
Há três meses do fim do ano, a economia brasileira sobrevive a duras penas aos tropeços da política de gestão petista. O cenário pessimista se concretiza a cada mês, com a divulgação de índices, como o do Produto Interno Bruto (PIB), que foi reavaliado pelo governo federal, com estimativa de queda de 2,44% em 2015. Anteriormente, o percentual era de redução de 1,8%.
Agora, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, colocaram pá de cal em qualquer perspectiva de retomada econômica para 2015. Em todo o País, foram 986 mil postos de trabalho fechados nos últimos doze meses até agosto. O resultado foi o pior para o mês desde 1995, quando foram encerrados 117 mil empregos formais.
Em Mato Grosso do Sul, a realidade não poderia ser diferente. Em agosto, foram 1.487 postos de trabalho fechados, o terceiro mês consecutivo de deficit. Este ano começou com saldo positivo de empregos (1.270). A partir daí, os índices foram positivos até junho, quando o número de demissões superou o de contratações. Dos oito setores avaliados pelo Caged, seis fecharam com saldo negativo: indústria de transformação, comércio, serviços, construção civil, extrativismo mineral e administração pública. Em Campo Grande, agosto apresentou situação crítica, acumulando deficit de 2.119 empregos em doze meses, 738 vagas encerradas somente em agosto.
Até meados de 2015, o governo federal não admitia que o Brasil estava vivendo crise sem precedentes, apenas alegando que havia dificulades pontuais e de fácil resolução a médio prazo. Com o passar dos meses, não havia mais como mascarar o que os dados econômicos deixavam claro. Mais que isso, o brasileiro sentia no bolso esta diferença. O poder de compra caiu drasticamente; o efeito cascata foi inevitável: vários setores da economia sofreram baque, com redução nos valores negociados e, em consequência, emparelhamento ou aumento do custeio em relação aos ganhos. Para tentar equilibrar a balança, a alternativa foi o corte de gastos e, nisso, as demissões dos funcionários entraram no topo da lista. Sem dinheiro à disposição, empregados e desempregados colocaram o pé no freio no consumo e a inadimplência aumentou. O círculo vicioso instalado está difícil de ser alterado a curto prazo. O governo federal fez o mea culpa e admitiu que a estimativa menor de crescimento para 2015 e 2016 já afetaram as perspectivas de arrecadação. Pelo que foi anunciado pelos ministérios de Fazenda e Planejamento, serão R$ 5,5 bilhões a menos nos cofres no ano que vem.
A deterioração do mercado de trabalho é só uma das várias facetas da atual crise econômica. O preocupante é que os números não param de cair mesmo com as medidas tomadas pelo governo federal. O que se pressupõe é que o remédio foi dado tardiamente e que o paciente em agonia não vai conseguir resistir. A preocupação atual da presidente Dilma Rousseff é manter-se no cargo e, para isso, articula cargos e ministérios com aliados. Só não pode esquecer da economia, pois a permanência dela depende muito mais desse fator.