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Editorial deste sábado/domingo: "Consequências nocivas"

Editorial deste sábado/domingo: "Consequências nocivas"

Redação

22/07/2017 - 03h00
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O governo e, claro, a população, está sofrendo as consequências de uma visão irreal traçada para o orçamento deste ano.

Historicamente, os governos recorrem ao aumento de impostos na tentativa de se chegar ao equilíbrio fiscal.

Os resultados dessa estratégia são polêmicos, mas, com certeza, economistas concordam que sempre recaem sobre o consumidor final, ou seja, a população em geral.

Não será diferente desta vez, com o decreto do presidente da República, Michel Temer, que praticamente dobrou as alíquotas de PIS/Cofins sobre os combustíveis. Enquanto o governo federal estima receita adicional de R$ 10,4 bilhões, pode  se esperar que isso representará mais uma sangria no já desfalcado orçamento do brasileiro.

O decreto foi publicado ontem no Diário Oficial da União e estima-se aumento de R$ 0,41 por litro da gasolina e R$ 0,21 por litro do diesel ao consumidor final.

Em Campo Grande, há casos de postos que estavam em promoção, mas resolveram encerrar a temporada de descontos, voltar ao patamar médio e acrescentar o reajuste: nesse caso, o aumento chegou a R$ 0,90. É exemplo da avidez com que as consequências da tributação vão chegar à ponta final.

O setor empresarial criticou a medida e, em uníssono, disse ser contra o aumento de tributos, defende corte de gastos e a realização das reformas da Previdência e tributária.

E pior: as federações representativas já avisaram que os empresários não terão alternativa a não ser repassar estes custos para o consumidor. Aumentar tributo dos combustíveis é apenas a ponta do iceberg. O efeito cascata, a partir daí, é a majoração no transporte de mercadorias, nos produtos da indústria, comércio e serviços. 

Ontem, na Argentina, Michel Temer minimizou, afirmando que a reação negativa é natural e “aos poucos todos compreenderão, a Fiesp inclusive”, referindo-se à Federação das Indústrias de São Paulo, um dos seus maiores apoiadores.

Há nessa jogada do governo um risco político muito grande. A Fiesp, por exemplo, voltou a colocar o patinho amarelo nas ruas, uma lembrança emblemática, associada aos protestos contra Dilma Rousseff e a elevação tributária.

A combalida popularidade de Temer também sofrerá um baque irreversível. Já havia um crescente desagrado com a administração, agora, acrescido dos escândalos políticos e do aumento da tributação, esse bolo de intolerância ganha apoio dos que até então estavam alinhados com Temer.

O governo e, claro, a população, está sofrendo as consequências de uma visão irreal traçada para o orçamento deste ano e, agora, com dificuldades em fechar as contas em 2017. O mercado financeiro já prevê um rombo de R$ 145 bilhões, acima da meta de deficit de R$ 139 bilhões.

Não à toa, o decreto presidencial também determinou o corte de R$ 5,9 bilhões em gastos. Na última vez que enxugou orçamento, em R$ 42 bilhões, afetou serviços públicos, como a emissão de passaportes, sistema que começa a ser restabelecido com aporte de crédito.

Com o novo corte, mesmo mais comedido, com certeza haverá efeitos nocivos. Optou-se em fazer remendo que pode não ter o resultado esperado. Pior, pode desencadear aumento da recessão. Se havia esperança de melhoras em 2018, a expectativa tem tudo para ser enterrada em definitivo.

ARTIGOS

O poder e as narrativas

04/01/2025 07h45

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Anos atrás escrevi um pequeno livro intitulado “Uma Breve Teoria do Poder”. Hoje está na quarta edição, veiculado pela Editora Resistência Cultural, que se notabilizou pela primorosa apresentação gráfica de suas edições. As edições anteriores foram prefaciadas por dois saudosos amigos: Ney Prado, confrade e ex-presidente da Academia Internacional de Direito e Economia, e Antonio Paim, confrade da Academia Brasileira de Filosofia. A atual tem como prefaciador o ex-presidente da República e confrade da Academia Brasileira de Direito Constitucional, Michel Temer.

Chamo-a de “Breve Teoria” por dedicar-me mais à figura do detentor do poder, muito embora mencione as diversas correntes filosóficas que analisaram a ânsia de governar, através da história.

Chamar um estudo de breve é comum. Já é mais complicado chamar uma teoria de breve. As teorias ou são teorias ou não são. Nenhuma teoria é breve ou longa, mas apenas teoria. Ocorre que, como me dediquei fundamentalmente à figura do detentor do poder, e não a todos os aspectos do poder, decidi, contra a lógica, chamá-la de “Breve Teoria”.

Desenvolvi no opúsculo a “Teoria da Sobrevivência”. Quem almeja o poder, luta, por todos os meios, para consegui-lo e, como a história demonstra, quase sempre sem ética e sem escrúpulos. Não sem razão, Lord Acton dizia, no século 19, que “o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente”.

Ocorre que, no momento que o poder é alcançado, quem o detém luta para mantê-lo por meio da construção de narrativas, cada vez tornando-se menos ético e mais engenhoso, até ser afastado. As narrativas são sempre de mais fácil construção nas ditaduras, mas são comuns nas democracias e tendem a crescer quando elas começam a morrer.

A característica maior da narrativa é transformar uma mentira em uma verdade e torná-la para o povo um fato inconteste, ora valorizando fatos irrelevantes, ora, com criatividade, forjando fatos como, aliás, Hitler conseguiu com a juventude alemã com a célebre frase: “O amanhã pertence a nós”.

Nas democracias, a luta pelo poder é mais controlada, pois as oposições desfazem narrativas e os Poderes Judiciários neutros permitem que correções de rumo ocorram. Mesmo assim, as campanhas para conquistar o poder são destinadas não a debater ideias, mas literalmente destruir os adversários. Quando Levitsky e Ziblatti escreveram “Como as Democracias Morrem”, embora com um viés nitidamente a favor do partido democrata, desventraram que as mais estáveis democracias do mundo também correm risco.

O certo é que, através da história, os que lutam pelo poder e os que querem mantê-lo, à luz da teoria da sobrevivência, necessitam de narrativas, e não da verdade dos fatos, manipulando-as à sua maneira e semelhança, com interpretações “pro domo sua” das leis, reescrevendo-as e impondo-as, quanto mais força tem sobre os órgãos públicos, mesmo nas democracias, e reduzindo a única arma válida em uma democracia, que é a palavra, a sua expressão menor, quando não a suprimindo.

É que, infelizmente, há uma escassez monumental de estadistas no mundo e um espantoso excesso de políticos cujo único objetivo é ter o poder e, quando atingem seu objetivo, terminam servindo-se mais do que servindo ao povo, pois servir ao povo é apenas um efeito colateral, e não obrigatoriamente necessário.

Os ciclos históricos demonstram, todavia, que, quando, pela teoria da sobrevivência, os limites do razoável são superados, as reações fazem-se notar, não havendo “sobrevivência permanente no poder”. As verdades, no tempo, aparecem, e, perante a história, as narrativas desaparecem e surge “a realidade nua dos fatos”.

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ARTIGOS

Caminhos da vida

04/01/2025 07h15

Arquivo

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Novo ano. Novos caminhos. Novos sonhos. Novas esperanças. Com certeza serão muitas as pessoas olhando pela porta desse novo ano com uma maneira nova de olhar. Estarão mais cautelosas ao planejar e ao decidir em seus negócios e em seus projetos.

Esperemos que as lições do ano que findou sirvam de ponto de referência para os novos projetos, até mesmo para os caminhos dos sentimentos do coração e das forças da fé. Pois tudo o que acontecer será para o crescimento dos relacionamentos e das partilhas dos bens e da comunhão de vidas.

Esses sentimentos e essas atitudes serão sempre motivos no crescimento pessoal e comunitário das obras e das opções pela vida e pela fé. A palavra deus será a luz para quem se encontra na busca e será alimento seguro para quem se puser a caminho da felicidade. Mostra que, enquanto houver sonhos, haverá esperança. 

Assim acontecerá ao chegar até nós a palavra do escritor sagrado. Assim será a maneira de Deus se revelar ao mundo. Os seres humanos têm sua maneira. Deus também tem seus momentos e suas maneiras. Não haverá comparação. Haverá isso sempre, maneiras próprias e muito pessoais quando fala aos seres humanos.

Assim ele se revela em uma de suas cartas (Ef. 4, 30-45): “Não entristeçam o Espírito Santo de Deus. Toda a amargura, toda a irritação sejam desterradas do meio de vocês. Afeiçoem-se do bem e do amor. Sempre que houver razões de queixa de uns pelos outros, perdoem-se, assim como Deus sempre perdoa. Vivam na concórdia e na harmonia”.

E o autor sagrado continua dizendo: “Evitem o mal. Amem o bem. Principalmente eliminem entre vocês toda a discórdia e todas as ofensas. Edifiquem a misericórdia e o perdão. Progridam na caridade a exemplo de Jesus Cristo que em tudo nos amou e sempre se entregou como oferta sagrada e perfeita”.

O exemplo permanece e permanecerá sempre vivo e edificante. Nada guardou para si. Tudo sacrificou por amor e pelo resgate de tantos prisioneiros da maldade desse mundo. Em tudo deixou sua marca de doador do bem e da graça. E tudo na gratuidade.

As portas do novo ano estão se abrindo em nossa frente. A esperança de dias melhores, não apenas diferentes, deverá alimentar a esperança, o bem, marcar o pensar e o agir de cada ser humano. E que em tudo possa se orgulhar de ter o rumo correto em seu viver e em seu agir iluminado pela fé em Deus.

Entramos no caminho do otimismo. Nele, não haverá espaço para os pessimistas. Não haverá também para os medrosos, os inseguros e para os descrentes. Não haverá lugar ainda aos vingativos e para quem guarda mágoas ou invejas. Para esses, permanecerá um vazio do tamanho de sua fragilidade em acreditar.

É preciso acreditar no Deus misericórdia, no Deus bondade e no Deus generosidade. É preciso acreditar no Deus que acredita em todos. Mesmo os que não creem nele. Ele os ama e neles confia pelo simples motivo de ter um coração bom e uma alma generosa.

Ano novo. Alma renovada. Espírito novo. Sentimentos renovados. Em tudo manter a pureza no ser, o correto no agir. E Deus nos abençoe.

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