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Exame de proficiência: uma ponte para o futuro da medicina brasileira

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O Brasil vive hoje um dilema decisivo para o futuro da medicina e da saúde pública: o País precisa de mais médicos ou de melhores médicos? Essa pergunta surge na esteira da expansão acelerada de cursos de Medicina nas últimas décadas, muitos deles sem observar critérios técnicos e sem a estrutura mínima para garantir uma formação de qualidade.

Diante desse cenário, o Projeto de Lei (PL) nº 2.294/2024 – que propõe a criação do Exame Nacional de Proficiência em Medicina – configura medida necessária, urgente e transformadora. Essa proposta, já aprovada por unanimidade na Comissão de Educação do Senado e atualmente em análise na Comissão de Assuntos Sociais, estabelece que somente médicos aprovados nessa prova poderão obter registro nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs). 

A avaliação, a ser aplicada duas vezes ao ano, sob coordenação do Conselho Federal de Medicina (CFM), verificará se o recém-formado tem conhecimentos, habilidades e atitudes mínimas exigidas para o exercício da profissão. Assim, ela funcionará como uma forma de proteção da população, em especial das parcelas socialmente mais vulneráveis que dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS). 

De forma complementar, o PL nº 2.294/2024 contribui com uma reflexão sobre o sistema formador de médicos no País, o qual precisa ser urgentemente repensado, pelo bem das futuras gerações. Os números falam por si: entre 2010 e 2024, foram criados 210 cursos de Medicina, elevando o total para cerca de 390 escolas no País – 70% delas privadas. Contudo, esse avanço não necessariamente é sinônimo de qualidade. 

O estudo Radiografia das Escolas Médicas, conduzido pelo CFM, revela um quadro preocupante dentro desse universo: em 78% dos municípios que abrigam esses cursos faltam leitos para práticas clínicas; em 57%, não há hospitais de ensino; e em 45%, o número de equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) é insuficiente para receber estudantes. Em síntese, não há um cenário favorável à boa formação dos futuros médicos. 

Infelizmente, as consequências dessa realidade não ficam limitadas ao ambiente universitário, que deve ser avaliado pelo Ministério da Educação e suas organizações parceiras. Na verdade, ela ganha proporções preocupantes quando os egressos desses cursos deficitários, já diplomados, assumem posições na linha de frente de atendimento. Com isso, crescem os riscos de diagnósticos imprecisos, prescrições inadequadas, excessos em pedidos de exames, tratamentos ineficazes e aumento dos custos assistenciais. 

O valor dessa fatura recai, sobretudo, sobre os ombros do paciente e seus familiares, vulneráveis aos riscos inerentes desse processo e menos amparados por uma medicina segura, resolutiva e ética. Para evitar danos, é preciso agir com base no que já está previsto na Lei nº 3.268/1957, que atribui ao CFM a missão de atuar em defesa de uma assistência em saúde de qualidade, da proteção da sociedade e do exercício ético, eficaz e seguro da profissão. 

O Exame Nacional de Proficiência em Medicina, conforme proposta em tramitação, se torna um meio para alcançar todos esses objetivos, sendo uma barreira protetora para os cidadãos. Diversos países – como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha e Austrália – adotam exames nacionais obrigatórios para permitir aos recém-formados o direito de exercício da medicina em seus territórios. 

Os candidatos que não atingem os critérios passam por programas de reciclagem até que estejam aptos a exercer a profissão com segurança. Percebe-se que não há punição, mas um fluxo que preserva a vida dos indivíduos e ainda oferece a possibilidade de aperfeiçoamento profissional aos que dele necessitam. Trata-se de um modelo de sucesso que o Estado brasileiro pode e deve seguir pela sua responsabilidade com a preservação da integridade, da saúde e da vida dos cidadãos.

O CFM e a Frente Parlamentar Mista da Medicina estão empenhadas em entregar à nação o Exame Nacional de Proficiência em Medicina, contrariando interesses econômicos e políticos que enxergam na abertura de escolas médicas um negócio lucrativo e uma máquina de gerar votos e visibilidade junto aos eleitores.

Superar esses obstáculos não será fácil, mas é possível com o apoio da população e dos médicos na sensibilização de senadores e deputados em favor dessa causa. 

É preciso construir uma ponte para um futuro em que a nação poderá contar com uma medicina valorizada, praticada com qualidade, ética, segurança e compromisso com a vida humana em toda sua dimensão. É necessário fugir das armadilhas de questões que nos levam a optar entre quantidade e qualidade porque estes conceitos não são excludentes. 

Nesse sentido, o Exame Nacional de Proficiência em Medicina é o caminho para garantir ambos: mais médicos, sim, porém, verdadeiramente capacitados, habilitados e preparados para honrar sua missão, ajudando no resgate da confiança da sociedade no sistema de saúde e promove um ciclo virtuoso de qualificação da assistência médica no País.

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Editorial

A transparência que regula o mercado

A oferta e a demanda continuam sendo os motores da precificação, mas precisam atuar dentro de parâmetros minimamente justos e transparentes

17/06/2025 07h15

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Em uma democracia, a imprensa, os órgãos de fiscalização e o mercado livre formam um ecossistema de autorregulação que pode – e deve – funcionar de maneira saudável e equilibrada. Cada um tem o seu papel. A imprensa denuncia e traz à tona informações de interesse público e os órgãos de controle fiscalizam e aplicam a lei, enquanto o mercado, impulsionado pela concorrência e pela pressão social, ajusta-se para melhor atender o consumidor.

Um exemplo prático desse ciclo virtuoso ocorreu na semana passada, quando o Correio do Estado publicou uma reportagem detalhada, baseada em dados de faturamento e impacto econômico, mostrando que, apesar da redução no preço dos combustíveis anunciada pela Petrobras, os postos e as distribuidoras não a haviam repassado integralmente ao consumidor final.

De fato, o repasse da queda nos preços só começou a ocorrer – curiosamente ou coincidentemente – depois da publicação da reportagem. Até então, o consumidor permanecia pagando um valor que não refletia a nova realidade dos custos de aquisição dos combustíveis. Uma situação que, à primeira vista, representava uma distorção de mercado, com claro prejuízo ao cidadão.

Além de informar, o Correio do Estado também cumpriu outro papel fundamental, ao cobrar publicamente uma ação efetiva dos órgãos de fiscalização, como o Procon, para que se verificasse o que, de fato, estava acontecendo. Afinal, em um mercado considerado livre, a liberdade de preços não significa liberdade para abusos.

É justamente esse tipo de pressão, vinda da sociedade e estimulada pela imprensa, que provoca ajustes no mercado. A oferta e a demanda continuam sendo os motores da precificação, mas precisam atuar dentro de parâmetros minimamente justos e transparentes. A omissão de informações, a formação de preços descolada da realidade de custos e a falta de fiscalização são inimigas da concorrência saudável.

Acreditamos que o dever da imprensa em uma democracia, entre tantos outros, é esse: mostrar informações relevantes para a sociedade, para que ela saiba o que está acontecendo diante de seus olhos e que, muitas vezes, ela não se dá conta. O cidadão precisa estar bem informado para exercer seu direito de escolha e de cobrança. Um consumidor bem informado é um consumidor mais consciente, e um mercado que sabe que está sendo observado tende a ser mais equilibrado.

Que fique como lição: em uma democracia, transparência e fiscalização não são favores, são deveres de todos – e a imprensa tem o compromisso de garantir que eles sejam cumpridos. Não se trata de criar confrontos desnecessários, mas de reforçar o senso de responsabilidade de todos os agentes envolvidos. Afinal, quando a informação circula com clareza, a sociedade toda sai ganhando.

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A importância da autoestima no sucesso pessoal e profissional

Mirian Pereira: Psicóloga e escritora, pós-graduada em Neurociência e Comportamento

13/06/2025 07h30

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Em mais de 25 anos acompanhando pessoas em seus processos de transformação, vi uma verdade se repetir inúmeras vezes: ninguém chega longe se não acreditar que merece estar lá. Autoestima não é apenas gostar de si. É um pilar silencioso que sustenta decisões, atitudes e conquistas, tanto na vida pessoal quanto na trajetória profissional. Quem não reconhece o seu próprio valor quase sempre se sabota antes mesmo de começar.

Autoestima é o sentimento de valor que você tem sobre si mesmo. Não se trata de se achar melhor que os outros, mas de ter consciência do seu valor, dos seus limites e das suas potências. É ela que te ajuda a dizer sim para oportunidades e não para relações que ferem. É ela que te faz levantar depois de uma queda. Sem autoestima, a autoconfiança enfraquece e, com isso, a vida desacelera. Em “A dor só passa quando você passa por ela”, escrevo: “Você pode ir além da dor”. Mas isso só acontece quando você acredita que é digno de um futuro melhor.

No trabalho, a autoestima é a sua aliada silenciosa. Você já reparou como pessoas seguras de si se posicionam com mais clareza?Elas se expressam com firmeza, tomam decisões, pedem aumentos, lideram – 
não porque são perfeitas, mas porque confiam em quem são.

Por outro lado, quem tem a autoestima abalada vive se sabotando, evita visibilidade, aceita sobrecargas, duvida de suas conquistas.E isso compromete não só o desempenho, mas o bem-estar emocional no ambiente de trabalho.

Já na vida pessoal, a autoestima define o que você aceita. Relacionamentos afetivos, amizades, criação dos filhos, tudo é atravessado pela forma como você se vê. Uma pessoa com autoestima fortalecida se respeita e impõe limites, não se anula para agradar, se permite recomeçar e, o mais importante, se escolhe todos os dias, mesmo quando é difícil.

Construir autoestima é possível, ninguém nasce pronto. A autoestima é uma construção diária, feita de autocuidado, autorrespeito e autocompaixão.É o que você fala para si mesmo, é como você se acolhe 
nos dias difíceis e é a forma como você se olha no espelho, mesmo quando está cansado ou inseguro.

“A cura começa com uma escolha”, como escrevi no meu livro.E essa escolha pode ser me priorizar, me fortalecer, me permitir. Conclusão: o sucesso pessoal ou profissional não é sobre fazer mais. É sobre ser mais verdadeiro consigo mesmo.E isso começa dentro.Com autoestima, você caminha com mais leveza, clareza e coragem.

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