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Fábio Kagi: "Democracia no acesso aos alimentos"

Gerente adjunto de Inovação e Sustentabilidade da Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF)

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É gerente adjunto de Inovação e Sustentabilidade da Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF)
Sempre que eu questiono “por que o homem planta?”, a resposta que recebo, na grande maioria das vezes, é que é para ganhar dinheiro. Naturalmente, essa é uma resposta correta, mas essa não é a origem da agricultura, que nasceu ainda nos tempos do homem das cavernas.

Quando o homem começou a plantar passou a ter mais próximo de si um dos três itens básicos para sua sobrevivência: o alimento. Assim, os avanços da agricultura sempre estiveram intimamente ligados à sobrevivência de nossa espécie. Não há como negar que precisamos produzir comida, além de fibras e energia, pois sempre haverá a necessidade de produzir mais do que o consumo global, até porque sempre haverá algum desperdício.

Precisamos de muita comida para alimentar as 7 bilhões de pessoas do mundo atual. E será necessário aumentar em 50% a produção de energia e em 70% a produção de alimentos para atender às demandas futuras de quase 10 bilhões de pessoas.  Pensando na evolução da demografia em um sentido mais amplo, os ancestrais humanos habitam o planeta há mais de 5 milhões de anos e a população teve um crescimento lento e estável até chegar a 1 bilhão de pessoas, por volta do ano 1800, marcado pelo capitalismo e pelo início da explosão das populações urbanas. Antes da moeda, cada família precisava produzir seu alimento porque as relações comerciais eram de escambo. Com o dinheiro, as pessoas podiam estar nas cidades, trabalhando em outras atividades, e comprar seus alimentos. E, assim, diante dos atrativos urbanos, as populações nas cidades não param de crescer frente ao campo, e temos cada vez menos gente produzindo para alimentar mais pessoas.

O homem, com sua ciência, certamente será capaz de aumentar a produção de alimentos. Mas, se já sobra comida, por que há fome no mundo? Porque o problema está no acesso aos alimentos. O problema nunca foi a falta de comida, e sim a falta de dinheiro – ou alguém duvida de que comida chegaria aos povos hoje famintos, se eles tivessem o capital necessário para comprá-la?

Se a demanda pelos alimentos é constante, são os ciclos de oferta que determinam os preços. Em qualquer quebra global da produção, os preços sobem. Certamente quem tem renda consegue comprar os alimentos necessários, mas e quem não tem? Cada aumento de preço dos alimentos cria uma desigualdade social cada vez maior. Em face do aumento da população e das justas pressões pelo não desmatamento, há outra solução que não seja aumentar a produtividade das áreas com o uso de insumos?

Deixo aqui uma reflexão: será mesmo que a produção de alimentos social e ambientalmente justa é aquela que preconiza a volta ao passado nas técnicas de cultivo? Aquela que vende seus produtos pelo dobro do preço porque produz menos e precisa de mais mão de obra? Será que a sociedade quer voltar aos patamares de preço do século XIV, em que, por exemplo, o açúcar era tão raro e dispendioso que era conhecido como “ouro branco”, chegando seu quilo a custar US$ 100?

Uma vez li uma frase cujo autor desconheço: Quem tem o prato cheio de comida pode ter vários problemas, mas aquele com o prato vazio tem um só.

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Multiverso feminino: o dom de ser todas em uma

08/03/2025 07h47

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A mulher carrega dentro de si muitos mundos, coexistentes em sua mente. Neles, estão contidos múltiplos papéis, desempenhados simultaneamente, de acordo com a fase que ela está vivendo. Além dos papéis inerentes ao universo feminino – filha, esposa, mãe, profissional, amiga, líder, guerreira e, muitas vezes, todos ao mesmo tempo –, existem universos paralelos que a transportam para diferentes dimensões.

Nesses universos, ela precisa manejar desafios, ser intuitiva em suas escolhas e, às vezes, visitar o mundo da fauna, tornando-se uma ursa ou elefanta para divertir seus filhos. Outras vezes, precisa ser super-heroína: estica-se como a Mulher Elástico para alcançar metas, usa braceletes do poder como a Mulher Maravilha para se desviar das adversidades e veste diariamente a capa da Supergirl para proteger aqueles que ama.

Dentro desse sistema em constante expansão, ela assume múltiplas funções: administradora do lar, babá, educadora, diarista, nutricionista, cabeleireira e organizadora de eventos. E, apesar dos desafios, ela os enfrenta com graça e beleza, compreendendo que cada papel desempenhado é uma oportunidade de crescimento, evolução e descoberta de novas facetas de si mesma.

No entanto, viver nesse multiverso não é “recarregável”. Não há uma pilha interna que possa ser trocada nem um plugue para ser conectado à tomada e restaurar suas forças em minutos. Ela precisa aceitar suas limitações, reconhecer que o cansaço faz parte da jornada e entender que não há vergonha em não dar conta de tudo.

O segredo está em fazer pausas para se reconectar. É essencial aprender a dizer não, impor limites e priorizar o autocuidado e o descanso. Acima de tudo, deve-se enxergar essa multiplicidade não como uma sobrecarga, mas como a expressão única do seu dom de ser todas em uma.

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Caminhos da Vida

08/03/2025 07h30

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A história da humanidade vai se construindo através de fatos e acontecimentos, frutos da convivência dos seres humanos. Tudo tem seu valor e sua influencia, principalmente por meio de obras materiais e culturais. Felizes serão sempre aqueles e aquelas que souberem dispor de seus talentos e de seus dons em favor dessa humanidade.

O estágio que nos acolhe no presente momento lembra um período muito especial nessa história, o período da Quaresma. O carnaval já passou. Suas glórias e agitações já passaram. Talvez permaneçam emoções e sentimentos alegres e sonhos para o arquivo pessoal, mostrando que sempre haverá o que comemorar.

Agora é Quaresma. Um período disponível para a meditação, para o silêncio interior, para as obras de caridade. Tempo em que o coração se faz mais sensível ao sofrimento e as mãos mais abertas para apaziguar a consciência e acionar a generosidade.

Quaresma é tempo sagrado como os demais tempos. Esse, porém, marcado especialmente como tempo de reflexão e oração. Para hoje, sugerimos um texto do Evangelho escrito por Lucas (Lc.1-4). Passagem essa que nos mostra o Mestre dos mestres ser molestado por satanás, que lhe oferece as mais tentadoras recompensa e os mais deliciosos prazeres.

O mundo sempre gira nesse cosmos como um caminho da felicidade. Tudo o que tenha para oferecer, o faz sempre com segundas intenções. Mesmo que o ser humano não veja maldade, será necessário estar em alerta, pois o lobo mau tem suas artimanhas enganadoras.

Por mais que trabalhemos o equilíbrio emocional, por mais que controlemos nossa mente e nossa organização espiritual, sempre haverá brecha pela qual, pela fragilidade humana, nos deixaremos seduzir por algo tentador. 

Somos portadores, por onde andarmos, de boas intenções, de espírito convicto e de sensibilidade perfeitamente respeitável. Sabemos que somos assim. Por mais que nos esforçarmos, sempre haveremos de olhar no caminho percorrido, e no caminho a percorrer, obstáculos do tamanho que se apresentarem.

Mesmo sabendo que existam tantos inimigos, quem esteja decidido a assumir uma responsabilidade, não temerá tentações de qualquer sorte que se apresente, o importante será sempre apostar a vida em algum valor. Ninguém será tão forte que possa impedir ser feliz. Diante do tentador, o Mestre foi forte e decidido.

Quando lhe ofereceu uma vida de prazer, respondeu: “Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”. Quando lhe ofereceu poder, respondeu: “Somente a Deus adoraras e a ele prestaras culto”. Quando lheu oferece riquezas, também soube sabiamente responder, embora o inimigo continuasse com suas tentações.

Enquanto estivermos nesse mundo, estaremos caminhando em caminhos nem sempre tão agradáveis e tão seguros. São muitos os desvios. São muitas as placas indicando curvas perigosas e pedindo que ande mais devagar. E os caminhos que levam a Deus? Também são caminhos. Caminhos que devem ser percorridos com muito amor e grande responsabilidade e prudência.

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