Artigos e Opinião

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Harduin Reichel: "Desenvolvimento de Cidades do Futuro"

Doutor em desenvolvimento local

Redação

22/03/2017 - 02h00
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“Planejamento de longo prazo não lida com decisões futuras, mas com o futuro de decisões presentes.” (Peter Drucker)

A motivação de escrever este artigo reside na grande preocupação da pergunta: para qual rumo vai Campo Grande? Quais são as características da capital que queremos? As prefeituras planejam a “longo prazo”? Está se obedecendo a este planejamento estratégico ou simplesmente administrando os “tapa- buracos” ou as crises do dia a dia? 

A cada troca de prefeito existe a descontinuidade administrativa, ou seja, inicia-se sem recursos financeiros, sem atender, portanto, às necessidades da população. Queremos uma cidade administrada por técnicos burocráticos onde a única preocupação é o atendimento às leis, mas, ZERO de empreendedorismo? Aspiramos a uma comunidade onde quem estabelece as condições do planejamento urbano é a especulação imobiliária? A saúde, a educação, a cultura, o esporte, o trânsito e tantos outros setores foram modernizados a fim de construir uma localidade do futuro? 

Em análise da conjuntura econômica, vivemos inúmeras crises: o planejamento urbano está na UTI por pressões articuladas; a situação financeira do município,  idem; o trânsito, em poucos anos, estará imobilizado. Existe um conselho municipal que objetiva dar intelectualidade, criatividade e modernidade ao governo?

Vivemos um período de “guerra do poder” politico/econômico, onde todos querem “abocanhar” sua fatia e dominar a situação do gestor público, ora ajudando ora destruindo a imagem deste até que novas eleições surjam. E, assim, caminha a humanidade... 

O prefeito bem quisto para o senso comum é aquele que possui habilidades de fazer acordos com o poder econômico local, com sindicatos, com ministério publico e com todos os tipos de “pressões”: do empreguismo, dos fornecedores, dos parentes, dos amigos e, assim, o tempo se esvai. 

Imaginem, vocês, a “cabeça” do bom prefeito que, ao assumir, embora amando a sua cidade, precisa se preocupar com a miserabilidade do ser humano e, destarte, perdendo seu tempo em detrimento da administração pública!   

Considerando que Campo Grande tem 116 anos de gestão municipal e a grande preocupação, lá pelos idos de 1921, na gestão do intendente Arlindo Andrade, era construir um local com amplas vias arborizadas, concluímos que já havia um cuidado com o belo, a modernidade, o futuro. Será que também era refém do poder político/econômico ou achava-se comprometido com o glorioso futuro da nossa capital? Hodiernamente, quem o está?

Porém, tudo isso é um reflexo da ambição econômica. Muitos querem aproveitar-se do município, sugando-o. Uma sociedade com este tipo de cultura, que é eminentemente marcada pelas imagens da constante transformação politica, ora avançando ora retrocedendo, provavelmente viverá a fugacidade, a artificialidade, a inautenticidade tornando-se fragmentada e vulnerável no seu desenvolvimento.

Sendo este um lugar onde se escreve uma história do repertório coletivo em cujo espaço e tempo a convivência nem sempre é harmoniosa, porquanto formada por múltiplos, variados e heterogêneos conjuntos de atores sociais que a todo o momento estão se revoltando e não mais aceitando a velha politica, urge pensar com mais amor nossa cidade, deixando os egos à parte. 

ARTIGOS

O poder e as narrativas

04/01/2025 07h45

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Anos atrás escrevi um pequeno livro intitulado “Uma Breve Teoria do Poder”. Hoje está na quarta edição, veiculado pela Editora Resistência Cultural, que se notabilizou pela primorosa apresentação gráfica de suas edições. As edições anteriores foram prefaciadas por dois saudosos amigos: Ney Prado, confrade e ex-presidente da Academia Internacional de Direito e Economia, e Antonio Paim, confrade da Academia Brasileira de Filosofia. A atual tem como prefaciador o ex-presidente da República e confrade da Academia Brasileira de Direito Constitucional, Michel Temer.

Chamo-a de “Breve Teoria” por dedicar-me mais à figura do detentor do poder, muito embora mencione as diversas correntes filosóficas que analisaram a ânsia de governar, através da história.

Chamar um estudo de breve é comum. Já é mais complicado chamar uma teoria de breve. As teorias ou são teorias ou não são. Nenhuma teoria é breve ou longa, mas apenas teoria. Ocorre que, como me dediquei fundamentalmente à figura do detentor do poder, e não a todos os aspectos do poder, decidi, contra a lógica, chamá-la de “Breve Teoria”.

Desenvolvi no opúsculo a “Teoria da Sobrevivência”. Quem almeja o poder, luta, por todos os meios, para consegui-lo e, como a história demonstra, quase sempre sem ética e sem escrúpulos. Não sem razão, Lord Acton dizia, no século 19, que “o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente”.

Ocorre que, no momento que o poder é alcançado, quem o detém luta para mantê-lo por meio da construção de narrativas, cada vez tornando-se menos ético e mais engenhoso, até ser afastado. As narrativas são sempre de mais fácil construção nas ditaduras, mas são comuns nas democracias e tendem a crescer quando elas começam a morrer.

A característica maior da narrativa é transformar uma mentira em uma verdade e torná-la para o povo um fato inconteste, ora valorizando fatos irrelevantes, ora, com criatividade, forjando fatos como, aliás, Hitler conseguiu com a juventude alemã com a célebre frase: “O amanhã pertence a nós”.

Nas democracias, a luta pelo poder é mais controlada, pois as oposições desfazem narrativas e os Poderes Judiciários neutros permitem que correções de rumo ocorram. Mesmo assim, as campanhas para conquistar o poder são destinadas não a debater ideias, mas literalmente destruir os adversários. Quando Levitsky e Ziblatti escreveram “Como as Democracias Morrem”, embora com um viés nitidamente a favor do partido democrata, desventraram que as mais estáveis democracias do mundo também correm risco.

O certo é que, através da história, os que lutam pelo poder e os que querem mantê-lo, à luz da teoria da sobrevivência, necessitam de narrativas, e não da verdade dos fatos, manipulando-as à sua maneira e semelhança, com interpretações “pro domo sua” das leis, reescrevendo-as e impondo-as, quanto mais força tem sobre os órgãos públicos, mesmo nas democracias, e reduzindo a única arma válida em uma democracia, que é a palavra, a sua expressão menor, quando não a suprimindo.

É que, infelizmente, há uma escassez monumental de estadistas no mundo e um espantoso excesso de políticos cujo único objetivo é ter o poder e, quando atingem seu objetivo, terminam servindo-se mais do que servindo ao povo, pois servir ao povo é apenas um efeito colateral, e não obrigatoriamente necessário.

Os ciclos históricos demonstram, todavia, que, quando, pela teoria da sobrevivência, os limites do razoável são superados, as reações fazem-se notar, não havendo “sobrevivência permanente no poder”. As verdades, no tempo, aparecem, e, perante a história, as narrativas desaparecem e surge “a realidade nua dos fatos”.

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ARTIGOS

Caminhos da vida

04/01/2025 07h15

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Novo ano. Novos caminhos. Novos sonhos. Novas esperanças. Com certeza serão muitas as pessoas olhando pela porta desse novo ano com uma maneira nova de olhar. Estarão mais cautelosas ao planejar e ao decidir em seus negócios e em seus projetos.

Esperemos que as lições do ano que findou sirvam de ponto de referência para os novos projetos, até mesmo para os caminhos dos sentimentos do coração e das forças da fé. Pois tudo o que acontecer será para o crescimento dos relacionamentos e das partilhas dos bens e da comunhão de vidas.

Esses sentimentos e essas atitudes serão sempre motivos no crescimento pessoal e comunitário das obras e das opções pela vida e pela fé. A palavra deus será a luz para quem se encontra na busca e será alimento seguro para quem se puser a caminho da felicidade. Mostra que, enquanto houver sonhos, haverá esperança. 

Assim acontecerá ao chegar até nós a palavra do escritor sagrado. Assim será a maneira de Deus se revelar ao mundo. Os seres humanos têm sua maneira. Deus também tem seus momentos e suas maneiras. Não haverá comparação. Haverá isso sempre, maneiras próprias e muito pessoais quando fala aos seres humanos.

Assim ele se revela em uma de suas cartas (Ef. 4, 30-45): “Não entristeçam o Espírito Santo de Deus. Toda a amargura, toda a irritação sejam desterradas do meio de vocês. Afeiçoem-se do bem e do amor. Sempre que houver razões de queixa de uns pelos outros, perdoem-se, assim como Deus sempre perdoa. Vivam na concórdia e na harmonia”.

E o autor sagrado continua dizendo: “Evitem o mal. Amem o bem. Principalmente eliminem entre vocês toda a discórdia e todas as ofensas. Edifiquem a misericórdia e o perdão. Progridam na caridade a exemplo de Jesus Cristo que em tudo nos amou e sempre se entregou como oferta sagrada e perfeita”.

O exemplo permanece e permanecerá sempre vivo e edificante. Nada guardou para si. Tudo sacrificou por amor e pelo resgate de tantos prisioneiros da maldade desse mundo. Em tudo deixou sua marca de doador do bem e da graça. E tudo na gratuidade.

As portas do novo ano estão se abrindo em nossa frente. A esperança de dias melhores, não apenas diferentes, deverá alimentar a esperança, o bem, marcar o pensar e o agir de cada ser humano. E que em tudo possa se orgulhar de ter o rumo correto em seu viver e em seu agir iluminado pela fé em Deus.

Entramos no caminho do otimismo. Nele, não haverá espaço para os pessimistas. Não haverá também para os medrosos, os inseguros e para os descrentes. Não haverá lugar ainda aos vingativos e para quem guarda mágoas ou invejas. Para esses, permanecerá um vazio do tamanho de sua fragilidade em acreditar.

É preciso acreditar no Deus misericórdia, no Deus bondade e no Deus generosidade. É preciso acreditar no Deus que acredita em todos. Mesmo os que não creem nele. Ele os ama e neles confia pelo simples motivo de ter um coração bom e uma alma generosa.

Ano novo. Alma renovada. Espírito novo. Sentimentos renovados. Em tudo manter a pureza no ser, o correto no agir. E Deus nos abençoe.

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