Setores ultraconservadores da sociedade local e nacional – inclusive parte significativa da mídia – insistem na tese de que o modelo utilizado pelo governo brasileiro nos últimos doze anos, tendo à frente o Partido dos Trabalhadores (PT), como principal aliado o PMDB, e coligado a pelo menos outros cinco partidos políticos, seria de esquerda, anticapitalista e de cunho marxista-leninista.
Evidente que essa definição necessita de urgente correção. Poder-se-ia até admitir que, em seus primórdios (bons tempos!), o PT fosse identificado como partido de esquerda e de ‘inspiração comunista’, mas diante da realidade política atual, do ajuste fiscal de cunho neoliberal prestes a ‘sair do forno’ e da forte guinada latino-americana (e mundial) – vide o avanço de Donald Trump nos EUA! – à direita, ele deve ser definido nos dias de hoje apenas como um partido de matiz moderada à esquerda (com todos os senões possíveis e imagináveis!).
Apesar disso, não se pode imputar apenas ao PT – e por extensão ao governo Dilma Rousseff – a responsabilidade por todas as mazelas econômicas e sociais que o País enfrenta hoje, especialmente do ano passado para cá (Operação Lava Jato, pedaladas fiscais, etc.) Afinal de contas, não se trata desde o início de um governo de coalizão em que pelo menos a metade dos ministérios está sob a tutela de partidos aliados (PMDB, PSD, PCdoB, etc.)? É claro que sim!
Não se pode olvidar, porém, dos avanços sociais obtidos nos últimos 12 anos sob a tutela do PT e de seus aliados de primeira hora em programas tipo “Minha Casa, Minha Vida”, “Mais Médicos”, “Reforma Agrária”, etc. Por meio deles, milhões de brasileiros ascenderam na escala social e se tornaram classe média! Mas isso também parece que não foi suficiente. É claro que todo esse processo ainda não foi devidamente concluído e seus ganhos incorporados de fato à sociedade brasileira.
Também ninguém poderia imaginar que uma combinação explosiva “Copa Mundial de Futebol (e os escândalos da FIFA!) + Eleições Presidenciais” no Brasil – acrescente-se a isso, a fatídica derrota de 7 x 1 para a Alemanha (por que não vencemos?), pudesse levar de roldão grande parte das conquistas sociais obtidas pelo Partido dos Trabalhadores e de seus aliados nos últimos anos e colocar as contas do País no vermelho. E a Rússia que se cuide para a Copa de 2018.
Mas, afinal de contas, após a confecção de um ministério híbrido e um ajuste econômico feito nos moldes neoliberais, o que esperar do governo Dilma, do PT, do PMDB e de seus aliados eventuais nos próximos tempos?
Se, como disse o filósofo político Norberto Bobbio, “a direita privilegia a hierarquia, enquanto que a esquerda a igualdade entre as pessoas; se a direita normalmente chega à política através de critérios quantitativos economicistas e a esquerda por meio de critérios humanistas e libertários, para depois chegar à economia”. Parece não haver dúvida: Estamos diante de uma forte guinada pra direita. Vamos nos preparar, portanto, para novo embate!