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Inovar no Brasil é navegar em um mar indomável

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Assim como o mar, podemos traçar um paralelo e dizer que hoje no Brasil não é fácil navegar nessas águas indomáveis da inovação e do empreendedorismo. 

Isso porque os modelos e as ferramentas que foram criadas ao longo das últimas quatro décadas vêm se mostrando menos eficientes no apoio ao desenvolvimento dos projetos de inovação e às startups. O mundo mudou nos últimos 40 anos, e os fatores críticos de sucesso também se alteraram. Por isso, é imprescindível que os empresários, ao longo da jornada, tenham no radar recomendações essenciais para ter sucesso em seus projetos e prosperar, independentemente da área de atuação.

Mas por onde começar? O primeiro passo é saber onde buscar boas oportunidades de inovação. Se for um projeto que será iniciado do zero, como inovação aberta ou uma startup, é importante focalizar em áreas pouco exploradas, como agronegócio, qualidade de vida, ESG ou sustentabilidade. São frentes em que se tem grandes oportunidades para desenvolvimento.

Agora, se for uma inovação incremental, ou seja, dentro de um negócio já existente, é preciso olhar detalhadamente os processos da empresa, principalmente os que se relacionam com clientes e fornecedores. Considerar tempo, custo envolvido, quantidade de pessoas, nível de satisfação e volume, que como indicadores podem ajudar a encontrar boas oportunidades.

O boom das informações digitais e o big data também pode ser um campo fértil para empreender, uma vez que informações sobre o comportamento da sociedade costumam ser de muito interesse para órgãos de controle público, agências de pesquisa e agentes financeiros. Mas vale lembrar a necessidade de olhar as oportunidades que estão relacionadas ao projeto que traçou.

Por exemplo, os aplicativos de mobilidade: além de alocar o trajeto e conseguir transporte, eles colecionam a estatística dos trajetos, criando mapas inteligentes de mobilidade urbana e mostrando hábitos da sociedade – e isso também vale dinheiro!

O próximo passo é fazer algumas perguntas. Essa inovação interessa ao cliente? E o mercado comprador vê valor na oferta e está maduro para essa escolha, em vez de outras opções? Pois o custo e a curva de tempo podem inviabilizar um projeto. Então, priorizar esse eixo é obrigatório, se houver clientes e foi um nicho escalável, a chance de sucesso aumenta muito.

A partir do lançamento de uma versão da solução, todos os esforços têm que se voltar para o crescimento da curva de clientes. Nessa etapa do projeto, a prioridade é conquistar um rápido desenvolvimento sustentável, ou seja, ganhar clientela. Um projeto que não achou seu modelo de crescimento de clientes, ou seja, escalando, normalmente não encontrará investidores. Você pode subordinar tudo a essa prioridade – depois que colocou o carro na pista, não para tampouco desacelera.

Outro ponto de atenção aos empreendedores é que, exceções à parte, o mercado de investimento não está mais receptivo a fazer aporte para queima de caixa em prol do crescimento. Principalmente em oceano vermelho, aqueles em que já têm vários participantes tentando se posicionar e crescer. Então, para essa etapa do projeto de inovação, não é interessante sobrecarregar o custo.

Vale planejar uma estratégia de custo variável, por exemplo pessoas em tempo parcial ou a compra de mão de obra pontual nas necessidades devem ser consideradas como forma de melhorar o payback (é um indicador financeiro que mede o tempo necessário para que o valor investido em um projeto seja recuperado). Pois o mercado não compra passivo.

Para ajudar nessas etapas e em outros problemas dentro desse cenário de inovação, existem as aceleradoras. Mas os programas de investimento dos aparelhos de aceleração estão cada vez mais restringindo a aplicação do capital para pagamento de salários e desenvolvimento de softwares. O racional por trás dessa questão é que, na fase de aceleração, o pequeno time que se propõe a tocar o projeto é geralmente composto por fundadores, com perfil empreendedor e alocação parcial no início do projeto ou atuando em horários alternativos com suas outras atividades.

Portanto, se o projeto não conseguir reunir um pequeno núcleo que compartilhe do propósito da startup e que prove sua disposição em investir, não vai encontrar eco no mercado. A mesma lógica se dá com o software. Se eu não consigo empolgar um desenvolvedor com um projeto para a construção da versão 1.0 nas suas horas de folga em troca de participação societária, porque alguém mais deveria investir?

Esses são alguns dos muitos pontos que passam a inovação e seus projetos e que devem estar no radar de todo bom empreendedor, esteja ele começando ou em pleno crescimento. Buscar conhecimento e orientação é sempre o melhor caminho para o sucesso na inovação!

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Poderá existir anistia aos atentados de 8 de janeiro?

29/11/2024 07h45

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O almirante ateniense Trasíbulo (440 a.C.) derrotou os 30 tiranos trazendo um exército inicial de 60 homens de Tebas e, depois da vitória, fez os atenienses que estavam divididos se reconciliarem.

A ele é atribuído o nascimento ou significado da palavra anistia (amnesia), dada aos atenienses ao editar lei concedendo o perdão àqueles que cometeram delitos, em nome do fortalecimento da paz.

A concessão de perdão ao longo da história sempre nos revela a existência de tensões sociais sobre as quais o perdão incidirá, resolvendo-as ou evitando-as.

No Brasil, são causas extintivas da punibilidade segundo a ordem penal: a) a morte do agente; b) a anistia, a graça e o indulto; c) a abolição do crime; d) a prescrição, a decadência ou a preempção; e) a renúncia ou o perdão, entre outros.

Fala-se que haveria uma disposição do Congresso Nacional de anistiar diversos fatos punidos recentemente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), alguns deles, supõe-se, teriam, na visão do mesmo STF, atentado contra a ordem constitucional ou o Estado Democrático.

Caso de fato o Congresso decida praticar a anistia nesse último caso, certamente haverá reação de alguns partidos políticos que baterão às portas do STF indicando a proibição de anistia para aqueles que atentaram contra o regime democrático.

Novo contencioso se criará, porquanto há os que veem nos atentados de 8 de janeiro um movimento ordenado, um tipo de vandalismo, visando sobretudo a destruição do patrimônio público nacional, mas não propriamente um golpe de estado ou contra as instituições. Já há outros que enxergam no ocorrido um verdadeiro golpe em sentido mais amplo da palavra.

Quem está com a razão? E mais: qual a solução que melhor atende ao interesse social? A anistia ou a punição dos infratores à ordem jurídica?

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Reforma do Imposto de Renda e o pacote fiscal: impactos para o contribuinte e as contas públicas

29/11/2024 07h30

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A proposta de reforma do Imposto de Renda (IR), peça central do pacote fiscal do governo, chega em um cenário de incertezas econômicas. No dia do anúncio, o dólar atingiu R$ 5,91, o maior valor nominal da história, evidenciando as preocupações do mercado com o equilíbrio fiscal. A reforma busca isentar quem ganha até R$ 5.000 por mês e introduzir alíquotas progressivas para rendas acima de R$ 50.000, marcando uma tentativa de ajustar a tributação à realidade socioeconômica e reforçar a credibilidade do governo junto ao mercado.

Impactos e benefícios: a ampliação da faixa de isenção beneficia diretamente cerca de 26 milhões de brasileiros, reduzindo a carga tributária para outros milhões. Atualmente, quem ganha até R$ 2.824 está isento, e a proposta dobra essa faixa. Para rendas entre R$ 5.000 e R$ 7.500, um abatimento parcial foi proposto para minimizar o impacto.

Apesar do alívio, a renúncia fiscal projetada é significativa, variando entre R$ 35 bilhões e R$ 45 bilhões anuais, conforme estimativas da Receita Federal e de entidades como a Unafisco. O desafio está em garantir que os mecanismos compensatórios sejam suficientes para evitar desequilíbrios no orçamento público.

Compensação tributária: o governo propõe uma taxação progressiva para quem ganha acima de R$ 50.000 mensais, com alíquotas que variam entre 5% e 10%. As rendas isentas, como dividendos, serão incluídas no cálculo, aumentando a base de contribuição. Embora apenas 100 mil pessoas sejam impactadas por essas alíquotas mais altas, essa estratégia visa compensar a perda de arrecadação gerada pela isenção. Contudo, há riscos: a concentração da compensação em um grupo pequeno pode limitar os ganhos fiscais, enquanto a complexidade do sistema aumenta a necessidade de fiscalização eficiente.

Conexão com o pacote fiscal: a reforma do IR é uma das ações do pacote fiscal que pretende reduzir R$ 70 bilhões em despesas até 2026. Medidas como contenção de salários no funcionalismo e ajustes previdenciários complementam a estratégia para sinalizar compromisso com a sustentabilidade fiscal. Entretanto, o contraste entre uma isenção tributária de grande impacto e o discurso de austeridade pode gerar tensões. A eficácia dessas mudanças depende do crescimento econômico e da eficiência na execução administrativa.

Desafios operacionais: a transição para o novo sistema requer atenção para evitar distorções. Rendas ligeiramente acima de R$ 5.000 podem enfrentar aumentos abruptos de carga tributária caso o abatimento não seja suficiente, desestimulando avanços econômicos em faixas limítrofes. Além disso, incluir rendas atualmente isentas, como dividendos, demanda estratégias claras para evitar evasão fiscal e resistências de setores econômicos.

Considerações finais: a reforma do IR, inserida em um pacote fiscal estratégico, combina esforços para corrigir distorções tributárias e assegurar a sustentabilidade das contas públicas. No entanto, sua implementação carrega incertezas e desafios significativos. A renúncia de R$ 35 bilhões a R$ 45 bilhões anuais e a dependência de um pequeno grupo de contribuintes para compensar essa perda tornam a proposta especialmente sensível à eficácia da administração tributária e à capacidade de fiscalização.

Além disso, ajustes precisos serão necessários para evitar impactos desproporcionais em faixas de renda próximas à nova isenção, o que exige o aperfeiçoamento dos mecanismos de abatimento. A inclusão de rendas anteriormente isentas no cálculo das alíquotas progressivas para os mais ricos, embora bem fundamentada, pode ampliar a complexidade do sistema e gerar resistências, destacando a necessidade de clareza nas regulamentações e de um acompanhamento contínuo.

A conexão com o pacote fiscal mais amplo também ressalta a importância de articular essas mudanças com outras medidas de contenção de gastos e estímulo econômico. O sucesso da reforma dependerá da harmonia entre a arrecadação prevista, os cortes propostos e o desempenho da economia. Falhas de execução ou desvios no planejamento podem comprometer tanto o impacto fiscal quanto os objetivos de justiça tributária.

Portanto, a reforma deve ser tratada como parte de um processo contínuo, que exigirá monitoramento constante e ajustes com base nos resultados. O próximo cenário econômico será crucial para determinar se as medidas anunciadas conseguirão alinhar sustentabilidade fiscal, redistribuição de renda e competitividade econômica de forma eficiente.

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