Campo Grande vinha pulsando progresso e, de repente, se transformou em cidade sem ânimo, sem objetivo, sem perspectiva, carente de atitudes. A população assiste com perplexidade ao imbróglio do cassa mandato de prefeito, assume o vice, e volta o prefeito cassado e defenestram o vice trazendo insegurança nas atividades diárias. As pessoas estão descrentes, sem saber qual será o futuro da querida morena. Só há uma certeza: o atraso será de no mínimo cinco anos, com exagerado otimismo.
O estado de calamidade e de desconfiança não é “privilégio” de Campo Grande. O Brasil está num descrédito sem precedentes em face de má gestão de governo incompetente e populista achando que dinheiro público lhe pertence e lhe é permitido utilizá-lo a seu bel-prazer. Quando a bomba arrebenta e o rombo aparece, sobra para o contribuinte, justamente quem já anda desnorteado com tantos tributos e não viu sequer a cor do dinheiro desviado. Para enganar os incautos, o governo federal finge dar com uma das mãos e retira muito mais com a outra, basta analisar o ridículo corte de despesas proposto na área do Executivo e o desejo de envolver governadores e prefeitos na tentativa de induzir parlamentares dos seus Estados a aprovar a volta da CPMF.
Só resta rezar para Congresso Nacional não aprovar, o que é temerário, pois se o governo resolver jogar pesado oferecendo os costumeiros mimos tão apreciados por significativa parcela de parlamentares (lídimos representantes do povo) haverá, em breve, um “novo-velho imposto” em cascata, diga-se, travestido de provisoriedade, mas não o será tendo em vista que no Brasil o provisório torna-se definitivo.
Muitos se arrependeram de ter votado em candidatos que os decepcionam. Neste caso, o sentimento de arrependimento é sentimento inócuo: não repara desatinos; o interessante seria uma análise criteriosa antes de outorgar mandato a quem não tem competência nem moral para exercê-lo.
O signatário deste artigo não tem viés político. Mas não há como desconhecer os trabalhos de André Puccinelli e Nelson Trad Filho por Campo Grande. O signatário é amigo e vê em Pedro Pedrossiam um político com visão além do seu tempo. Se fossem retirados os conjuntos habitacionais, Universidade Federal, Parque dos Poderes, Campo Grande encolheria.
Parece não existir Plano Diretor a conduzir o progresso ordenado desta cidade, a começar pelo transporte público. É inadmissível a estatística de tão alto índice de mortes nas ruas e avenidas. Fala-se em imprudência de motorista, de motociclista, de ciclista e de pedestre. E onde fica a negligência do poder público? Não havendo sinalização necessária e adequada, cabe à administração municipal a culpa pela sua imprevidência porque é de sua competência o ordenamento do trânsito, incluindo o transporte público. O que se faz?
Dentro em breve, esta cidade terá um milhão de habitantes. Baseando-se em estudo criterioso, o administrador municipal deve arregaçar as mangas e desapropriar áreas para construir estações de VLT, Metrô, ou outros, nas cercanias de shoppings, em frente ao aeroporto internacional, nas rodoviárias e onde houver grande movimentação de pessoas devendo pagar o preço justo pela desapropriação visando ao interesse público.
As pessoas não podem vir pulando de prédio em prédio, feito macaco, até chegar ao seu destino. As estações embelezariam a cidade. Acorda. Aja com rapidez para não testemunhar o estrangulamento de uma das mais lindas e pujantes cidades do país, que está um lixo, literalmente. Campo Grande está à espera de remédio (trabalho sério e constante) para curar sua doença (inércia pública) e voltar a progredir.