Artigos e Opinião

OPINIÃO

Luiz Carlos Amorim: "Dia do Operário da Palavra"

Escritor, editor e revisor – Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA

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O escritor é um trabalhdor solitário, na construção de sua obra. É? Escrever é, realmente, um trabalho solitário, pois a nossa obra tem de ser construída por nós, sem a interferência de ninguém. Mas a literatura nos dá oportunidade de conhecer almas afins, aquelas que também escrevem e aquelas que leem o que escrevemos, que gostam de ler, que tem o bom hábito da leitura. 

Então não acho que sejamos tão solitários, pois nossos pares são muitos e os leitores também, embora desejássemos que fossem em muito maior número. Conhecemos outros escritores em lançamentos, reuniões, encontros e nossos leitores através de contatos por redes de relacionamento, correio eletrônico, telefone. Ao comprar um livro ou ler uma crônica em um jornal, um poema em uma revista ou na internet, nossos leitores chegam até a gente, o que acontecia muito menos antes do advento da grande rede. Então viva a comunicação, mais um motivo para comemorar o Dia do Escritor, no dia 25 de julho.

Pela aproximação do escritor com o leitor, que é mais fácil nos tempos atuais, com todas as tecnologias disponíveis, podemos comemorar o nosso dia, neste 25 de julho. Já pela valorização da obra, pela remuneração do trabalho, a coisa é mais complicada. O escritor iniciante – e o não iniciante também – que consegue uma editora para publicar o seu livro, o que não é muito comum, recebe parcos dez por cento pelo seu livro, depois de pronto. Isso mesmo, dez por cento. E se não for um autor popular, já consagrado, ainda recebe os dez por cento em livros. Pior, hoje em dia praticamente não existe mais essa coisa de a editora publicar o livro e pagar dez por cento ao autor. Agora as editoras publicam o livro do autor novo se ele pagar a edição. É claro que há o autor de best-sellers, consagrado, que vive de escrever, mas esse vende muito e não ganha só os dez por cento.

Se o escritor bancar o custo da publicação do seu livro, ele mesmo terá de colocá-lo debaixo do braço e sair para vender, de porta em porta. Não haverá uma distribuição eficiente, para que o livro conste das livrarias, para que tenha uma divulgação abrangente e o leitor tenha a curiosidade despertada para a obra que veio a lume. Então a edição do autor é bastante sofrida, pois o autor paga a edição do seu livro e ainda tem que vendê-lo, ele próprio, para conseguir ter de volta um pouco do que gastou.

Mas escrever é um dom. Então vale a pena dar asas à imaginação, recriar o mundo com a nossa fantasia e criatividade, com emoção e sensibilidade, para que outras pessoas, os leitores, possam vê-lo, recriá-lo através de nossos olhos. Se somos escritores de fato – ou não – é o leitor quem vai dizer.

Meus parabéns a todos os escritores, de qualquer lugar do mundo, operários da palavra e heróis das letras. Hoje é seu dia. Hoje é o nosso dia. Que continuemos produzindo e levando boa literatura aos nossos leitores, mas acima de tudo, que possamos incentivar o hábito de ler em todos os cidadãos deste nosso imenso mundão de Deus. 

ARTIGOS

O poder e as narrativas

04/01/2025 07h45

Arquivo

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Anos atrás escrevi um pequeno livro intitulado “Uma Breve Teoria do Poder”. Hoje está na quarta edição, veiculado pela Editora Resistência Cultural, que se notabilizou pela primorosa apresentação gráfica de suas edições. As edições anteriores foram prefaciadas por dois saudosos amigos: Ney Prado, confrade e ex-presidente da Academia Internacional de Direito e Economia, e Antonio Paim, confrade da Academia Brasileira de Filosofia. A atual tem como prefaciador o ex-presidente da República e confrade da Academia Brasileira de Direito Constitucional, Michel Temer.

Chamo-a de “Breve Teoria” por dedicar-me mais à figura do detentor do poder, muito embora mencione as diversas correntes filosóficas que analisaram a ânsia de governar, através da história.

Chamar um estudo de breve é comum. Já é mais complicado chamar uma teoria de breve. As teorias ou são teorias ou não são. Nenhuma teoria é breve ou longa, mas apenas teoria. Ocorre que, como me dediquei fundamentalmente à figura do detentor do poder, e não a todos os aspectos do poder, decidi, contra a lógica, chamá-la de “Breve Teoria”.

Desenvolvi no opúsculo a “Teoria da Sobrevivência”. Quem almeja o poder, luta, por todos os meios, para consegui-lo e, como a história demonstra, quase sempre sem ética e sem escrúpulos. Não sem razão, Lord Acton dizia, no século 19, que “o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente”.

Ocorre que, no momento que o poder é alcançado, quem o detém luta para mantê-lo por meio da construção de narrativas, cada vez tornando-se menos ético e mais engenhoso, até ser afastado. As narrativas são sempre de mais fácil construção nas ditaduras, mas são comuns nas democracias e tendem a crescer quando elas começam a morrer.

A característica maior da narrativa é transformar uma mentira em uma verdade e torná-la para o povo um fato inconteste, ora valorizando fatos irrelevantes, ora, com criatividade, forjando fatos como, aliás, Hitler conseguiu com a juventude alemã com a célebre frase: “O amanhã pertence a nós”.

Nas democracias, a luta pelo poder é mais controlada, pois as oposições desfazem narrativas e os Poderes Judiciários neutros permitem que correções de rumo ocorram. Mesmo assim, as campanhas para conquistar o poder são destinadas não a debater ideias, mas literalmente destruir os adversários. Quando Levitsky e Ziblatti escreveram “Como as Democracias Morrem”, embora com um viés nitidamente a favor do partido democrata, desventraram que as mais estáveis democracias do mundo também correm risco.

O certo é que, através da história, os que lutam pelo poder e os que querem mantê-lo, à luz da teoria da sobrevivência, necessitam de narrativas, e não da verdade dos fatos, manipulando-as à sua maneira e semelhança, com interpretações “pro domo sua” das leis, reescrevendo-as e impondo-as, quanto mais força tem sobre os órgãos públicos, mesmo nas democracias, e reduzindo a única arma válida em uma democracia, que é a palavra, a sua expressão menor, quando não a suprimindo.

É que, infelizmente, há uma escassez monumental de estadistas no mundo e um espantoso excesso de políticos cujo único objetivo é ter o poder e, quando atingem seu objetivo, terminam servindo-se mais do que servindo ao povo, pois servir ao povo é apenas um efeito colateral, e não obrigatoriamente necessário.

Os ciclos históricos demonstram, todavia, que, quando, pela teoria da sobrevivência, os limites do razoável são superados, as reações fazem-se notar, não havendo “sobrevivência permanente no poder”. As verdades, no tempo, aparecem, e, perante a história, as narrativas desaparecem e surge “a realidade nua dos fatos”.

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ARTIGOS

Caminhos da vida

04/01/2025 07h15

Arquivo

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Novo ano. Novos caminhos. Novos sonhos. Novas esperanças. Com certeza serão muitas as pessoas olhando pela porta desse novo ano com uma maneira nova de olhar. Estarão mais cautelosas ao planejar e ao decidir em seus negócios e em seus projetos.

Esperemos que as lições do ano que findou sirvam de ponto de referência para os novos projetos, até mesmo para os caminhos dos sentimentos do coração e das forças da fé. Pois tudo o que acontecer será para o crescimento dos relacionamentos e das partilhas dos bens e da comunhão de vidas.

Esses sentimentos e essas atitudes serão sempre motivos no crescimento pessoal e comunitário das obras e das opções pela vida e pela fé. A palavra deus será a luz para quem se encontra na busca e será alimento seguro para quem se puser a caminho da felicidade. Mostra que, enquanto houver sonhos, haverá esperança. 

Assim acontecerá ao chegar até nós a palavra do escritor sagrado. Assim será a maneira de Deus se revelar ao mundo. Os seres humanos têm sua maneira. Deus também tem seus momentos e suas maneiras. Não haverá comparação. Haverá isso sempre, maneiras próprias e muito pessoais quando fala aos seres humanos.

Assim ele se revela em uma de suas cartas (Ef. 4, 30-45): “Não entristeçam o Espírito Santo de Deus. Toda a amargura, toda a irritação sejam desterradas do meio de vocês. Afeiçoem-se do bem e do amor. Sempre que houver razões de queixa de uns pelos outros, perdoem-se, assim como Deus sempre perdoa. Vivam na concórdia e na harmonia”.

E o autor sagrado continua dizendo: “Evitem o mal. Amem o bem. Principalmente eliminem entre vocês toda a discórdia e todas as ofensas. Edifiquem a misericórdia e o perdão. Progridam na caridade a exemplo de Jesus Cristo que em tudo nos amou e sempre se entregou como oferta sagrada e perfeita”.

O exemplo permanece e permanecerá sempre vivo e edificante. Nada guardou para si. Tudo sacrificou por amor e pelo resgate de tantos prisioneiros da maldade desse mundo. Em tudo deixou sua marca de doador do bem e da graça. E tudo na gratuidade.

As portas do novo ano estão se abrindo em nossa frente. A esperança de dias melhores, não apenas diferentes, deverá alimentar a esperança, o bem, marcar o pensar e o agir de cada ser humano. E que em tudo possa se orgulhar de ter o rumo correto em seu viver e em seu agir iluminado pela fé em Deus.

Entramos no caminho do otimismo. Nele, não haverá espaço para os pessimistas. Não haverá também para os medrosos, os inseguros e para os descrentes. Não haverá lugar ainda aos vingativos e para quem guarda mágoas ou invejas. Para esses, permanecerá um vazio do tamanho de sua fragilidade em acreditar.

É preciso acreditar no Deus misericórdia, no Deus bondade e no Deus generosidade. É preciso acreditar no Deus que acredita em todos. Mesmo os que não creem nele. Ele os ama e neles confia pelo simples motivo de ter um coração bom e uma alma generosa.

Ano novo. Alma renovada. Espírito novo. Sentimentos renovados. Em tudo manter a pureza no ser, o correto no agir. E Deus nos abençoe.

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